Vale a pena ensinar com a leitura silenciosa – mesmo à distância

Vale a pena ensinar com a leitura silenciosa – mesmo à distância

Ensinar a ler é um processo que passa por frequentes mudanças. Nós, professores ao ensinarmos leitura, podemos ser tão apaixonados e inconstantes quanto um bando de adolescentes murmurando sobre artistas ou redes sociais, como a cantora Billie Eilish ou o TikTok.

Passamos por períodos em que ou usamos livros ou os evitamos; ou abraçamos a fonética ou a evitamos. O “pêndulo educacional” balança para a frente e para trás. Surge um novo programa ou uma nova abordagem de leitura que rapidamente começa a aparecer por toda parte. E aí nos perguntamos: o que aconteceu com os outros programas ou propostas de ensino-aprendizagem de leitura?

Popular mesmo é a leitura “round robin” (em voz alta)

No entanto, uma coisa que parece nunca mudar é a onipresença da “leitura round robin – quando pedimos a uma criança que leia o texto para seu grupo ou para toda a classe, enquanto as outras, supostamente, acompanham. Esse uso do termo “round robin” é relativamente novo (a primeira menção que encontrei é do final dos anos 1950), mas a prática é muito mais antiga – o polímata e pesquisador estadunidense Ben Franklin já se queixava disso no século XVIII.

A prática persiste porque é um esquema viável para conduzir uma aula. Mesmo professores pouco qualificados podem manter as crianças concentradas em suas tarefas e podem ter certeza de que o conteúdo foi ministrado, mesmo que não tenha sido aprendido.

Infelizmente, essa prática não funciona porque destrói propostas mais eficazes de prática de leitura oral e elimina o ensino de leitura silenciosa. Nesse sentido, ela funciona como uma planta parasita no ensino de leitura, que invade e suga todos os recursos vitais de que outras espécies precisam para prosperar.

Incentive as crianças a ler de diferentes formas

Já escrevi diversas vezes sobre o valor da leitura em dupla acompanhada pelo professor, da leitura repetida e assim por diante. Em vez de fazer com que cada aluno leia em voz alta, o que é uma grande perda de tempo, ou focar na leitura em coral (em que as crianças podem participar aparentando dizer as palavras sem necessariamente lê-las), faz mais sentido fazer parceria com as crianças, fazendo com que elas se revezem na leitura umas com as outras e o professor circule entre os grupos.

As crianças podem facilmente praticar a leitura oral 10 ou 20 vezes mais do que jamais poderiam na leitura individual em voz alta. Também é muito mais interessante pedir a uma criança que releia algo lido com dificuldade, nessas circunstâncias ou situações didáticas de parceria/duplas.

Minha maior preocupação agora, com tantas pessoas ensinando à distância, é o uso do round robin (leitura individual em voz alta) como forma de orientar a compreensão da leitura. Conforme mencionei, os professores tendem a valorizar esse tipo de controle da atividade de leitura.

Dessa forma, fazer com que os alunos se revezem na leitura de uma parte do texto em voz alta pode preencher a sessão de Zoom facilmente e manter as crianças concentradas, sem realmente ajudá-las a aprender. Essa prática pode consumir tanto o ensino de leitura quanto de outros conteúdos ou áreas de conhecimento.

Leitura silenciosa, leitura guiada e outros formatos

É evidente que os leitores iniciantes precisam ler em voz alta, para que o round robin seja uma experiência agradável. Mas certamente a partir do 3º ano, as crianças devem ser orientadas a ler silenciosamente com o propósito de compreenderem o que lêem.

Muitos professores me dizem que não fazem isso porque as crianças podem não entender o texto quando fazem a leitura silenciosa. Isso é como não ensinar alguém a andar de bicicleta porque ela continua caindo. A razão pela qual você ensina algo é porque os alunos ainda não sabem fazer.

As típicas aulas de leitura, guiada ou dirigida, em que o professor prepara os alunos com, por exemplo, pré-visualização do texto, introdução de novos vocabulários e levantamento de conhecimentos prévios, devem acontecer com os alunos lendo o texto em etapas ou partes. Após cada parte lida, deve fazer uma roda de conversa sobre a leitura feita. Essa é uma maneira sensata de agir pedagogicamente.

A proposta é que essas partes sejam lidas silenciosamente ao invés de em voz alta. Inicialmente, mantenha os trechos bem curtos e, com o tempo, vá os expandindo à medida que os alunos demonstrem capacidade para avançar. Parte do seu trabalho é “esticá-los”, ampliar o tamanho dos textos. Isso aumenta a velocidade média de leitura e permitirá que você monitore o quão bem um aluno pode ler diferentes comprimentos de texto.

A orientação dos professores é indispensável

Se os alunos não conseguirem entender uma seção, peça que a leiam (ou que releiam uma frase ou parágrafo específico). O objetivo é usar essa conversa para identificar onde é a raiz da falta de compreensão e, em seguida, ajudar o aluno a descobri-la por meio da própria leitura (sem dar a resposta).

Eu sou um grande fã de respostas múltiplas durante as discussões em classe e em grupo. Isso significa que o professor faz a pergunta e todos respondem simultaneamente. Normalmente faço isso escrevendo … posso facilmente ver quem está inseguro (quando eles olham para os outros) e posso circular entre eles para ver quem entendeu e quem não.

Não consegui descobrir como fazer isso com sucesso nas várias plataformas de ensino à distância. Não sei se há uma maneira de as crianças digitarem uma resposta que apenas o professor veja, o que seria o ideal. Se alguém souber como fazer isso, deixe um comentário, pois tenho certeza de que não sou o único a lutar com essa ideia.

Leia mais

Jogos para estimular a consciência fonológica das crianças durante a alfabetização
Autismo: o que é e como usa jogos pedagógicos para estimular o aprendizado das crianças do espectro?
Educação online e o aprendizado em tempos de pandemia no novo #EvidênciaEscribo
Táticas fáceis para estimular a leitura guiada em aulas síncronas

De qualquer maneira, queremos ensinar os alunos a ler silenciosamente e com elevada compreensão. A prática frequente da fluência em leitura oral contribui para esse objetivo, mas não substitui o envolvimento dos alunos em práticas de leitura silenciosa com a orientação do professor. O aluno deve melhorar com o tempo.

“Melhor”, neste caso, significa: ser capaz de ler com sucesso textos cada vez mais complexos; capaz de manter uma leitura bem-sucedida por longos períodos de tempo ou por um número maior de palavras ou páginas; capaz de compreender bem com menos apoio do professor, com maior independência intelectual.

Isso só acontecerá se você envolver os alunos em oportunidades de leitura silenciosa responsáveis, apoiadas e ampliadas – mesmo que isso tenha que ser feito à distância.


Texto original publicado aqui.

Táticas fáceis para estimular a leitura guiada em aulas síncronas

Táticas fáceis para estimular a leitura guiada em aulas síncronas

Nas últimas duas semanas, recebi várias perguntas sobre aprendizado à distância e ensino remoto. Aqui está um exemplo de questão, enviada por um professor: “Pode ser que eu não dê aulas presenciais aos meus alunos durante todo este ano. Qualquer ajuda que você puder fornecer será muito bem vinda.”

Para responder a essa pergunta, vamos imaginar que você foi designado para ajudar a melhorar o aprendizado em leitura em uma escola local. Você começa fazendo observações em sala de aula para ver se consegue descobrir o que poderia ser melhorado e fazer a diferença.

Há muitas coisas que você pode procurar, pesquisar. Eu vou focar no básico: quantas informações e atividades de leitura as crianças estão recebendo? Elas estão aprendendo e desenvolvendo todas as habilidades essenciais? Elas estão lendo e interagindo com o professor e com outras crianças sobre o que estão lendo? Em muitas salas de aula, todas as crianças são atendidas ao mesmo tempo pelo(a) professor(a), com poucas chances de receber respostas personalizadas e que atendam às suas necessidades individuais. Ou ocorre o contrário: divididas em grupos pequenos, passam muito tempo sozinhas.

Todo o tempo de aula pode ser eficaz se as crianças participam muito e se o professor acompanha, media e responde às suas necessidades; infelizmente, isso não acontece frequentemente. O tempo do pequeno grupo também pode ser eficaz, mas geralmente isso não ocorre em função do que está acontecendo com o resto das crianças na sala de aula. Veja o que as evidências dizem sobre tarefas de classe e outras atividades de aprendizagem individual. Eles podem manter as crianças ocupadas, mas isso não se quer dizer que elas estão aprendendo.

As crianças ficam mais “inibidas” nas aulas online?

Recentemente, eu estava conversando com uma professora do ensino médio que me contou sobre suas experiências de ensino a distância no primeiro semestre de 2020. “Eu conhecia meus alunos muito bem antes do distanciamento social. Fiquei surpresa com a forma como eles participaram das aulas online. Os alunos que eu sabia que podiam dar ótimas respostas, nos momentos de troca, estavam muito silenciosos e participaram bem menos. Em vez de dar respostas robustas que ajudariam as outras crianças, eles estavam dando respostas de uma ou duas palavras.”

Analisei artigos e pesquisas para ver se achava informações sobre essa suposta inibição do aluno – mas não tive sucesso. Dessa forma, comecei a perguntar a outros professores sobre isso para ver como foram suas experiências durante o distanciamento social. Vários me disseram que também notaram esse problema. Seus alunos estavam mais quietos, menos participativos, aparentemente mais reticentes.

Esse tipo de inibição ou timidez que esses professores descreveram é um problema real. Estudos mostram a importância da discussão e de outros tipos de interação professor-aluno e aluno-aluno na aprendizagem (por exemplo, Matumara, Garnier, & Spybrook, 2013; Ponitz, Rimm-Kaufman, Grimm, & Kirby, 2009; Barnes & Puccioni, 2017). Se um professor faz uma pergunta e os alunos ficam se entreolhando ou olham para cima sem responder, provavelmente aprenderão bem menos.

Crie enquetes para despertar o interesse pela leitura guiada

Aqui está o meu conselho: aprenda a usar o recurso de votação de sua plataforma de ensino e crie enquetes. A enquete pode ser um pouco complicada, mas permite que cada aluno se posicione individualmente. Isso é mais seguro em termos de respostas dos alunos do que um professor normalmente pode obter durante uma aula em um pequeno grupo, e o professor pode monitorar/acompanhar essas respostas. “Tiago, vejo que você ainda não respondeu.”

Para a enquete, pense em perguntas mais variadas do que você faria normalmente. Professores costumam dar aos alunos um propósito para a leitura: “Neste texto, procure descobrir por que Tiago não queria ir para o acampamento.” Mas o professor normalmente não acompanha essa informação com uma pergunta. Talvez, em vez de ir direto para a leitura, seja mais interessante fazer uma enquete com as crianças com uma pergunta de múltipla escolha.

Qual destes é o nosso propósito ao ler esta parte da história?

  1. Descobrir onde Tiago vai passar as férias;
  2. Descobrir se Tiago vai para o acampamento;
  3. Descobrir por que Tiago não quer ir para o acampamento;
  4. Descobrir por que Tiago quer ir para o acampamento.

Eu faria isso para manter o foco das crianças no jogo. Essa abordagem já não é necessária quando estamos todos presencialmente ou sentados ao redor de uma mesa. Mas, à distância, precisamos ser bastante vigilantes quanto à participação das crianças. Essas atividades em sala ensinam aos alunos mas incentivam pouco que eles se envolvam na aula. Em aulas online, é importante envolver a criança ao mesmo tempo em que informa, e eu acredito que a enquete pode ajudar nisso.

Leia mais

Educação Online? Ensino híbrido? Como adotar a modalidade mais indicada durante a pandemia?
Educação online já é uma realidade
3 dicas para cativar as crianças durante as aulas online
Assista às sessões síncronas da primeira turma do curso de aprendizado online
Entenda as diferenças entre o aprendizado online e o ensino remoto de emergência
10 dicas para professoras que desejam fazer atividades à distância com alunos

Peça para as crianças fazerem uma leitura guiada em silêncio

Outra possibilidade seria não dizer às crianças o propósito, mas reformular a pergunta da seguinte forma: “Qual destas seria a melhor coisa para se procurar quando lermos a próxima seção?” Essa proposta é menos sobre verificação e mais sobre como fazer com que as crianças se engajem bastante na realização da atividade, porém pode funcionar de ambas as formas.

Para esse tipo de leitura guiada, peça aos alunos que leiam o texto silenciosamente, exceto as crianças mais novas que talvez ainda não saibam fazer isso. Quando os alunos conseguirem ler com mais desenvoltura, entre o 1º e 2º Ano do Ensino Fundamental, eles já devem pelo menos ser capazes de fazer a leitura sussurrada ou murmurada, mesmo que não totalmente em silêncio, no começo e certamente não precisam pronunciar todas as palavras em voz alta.

As evidências revelam que os professores dependem demais da leitura feita em voz alta, aluno por aluno, quando utilizam textos em grupo. O ensino à distância tende a reforçar ainda mais esse tipo de estratégia. Resista a isso, pois as crianças precisam aprender a ler silenciosamente para compreender, mesmo que isso signifique ler algo mais de uma vez para entender.

Para essa leitura silenciosa, divida o texto a ser lido em pequenas partes. Se você estiver enviando livros para casa, sugiro aumentar o número de “paradas” que você normalmente faria em uma atividade de leitura em grupo. Se você comumente pede às crianças que leiam toda a seleção por conta própria, peça que leiam apenas 3-4 dessa proposta antes da discussão. Se costuma entregar algumas páginas, então proponha uma ou duas pois, quanto mais curtas as leituras, menor o tempo que as crianças levarão para ler tudo. No ensino à distância, é preciso manter o grupo mais unido do que o normal.

Quando os livros não são enviados para casa, os alunos devem ler o texto projetado no quadro ou tela. Isso certamente limita a duração das leituras, mas os professores podem facilmente acompanhar esses intervalos de leitura silenciosa com discussão.

A chave do sucesso da leitura guiada: diversificar!

Embora eu recomende a pesquisa de opinião, não se limite às respostas coletadas. A enquete é útil; no entanto, não substitui uma discussão real. Essa estratégia pode ser utilizada para identificar as crianças que não estão prestando atenção, pode ser um ponto de partida para uma discussão real ou uma ferramenta de diagnóstico para descobrir quem não está compreendendo o assunto. Faça a devolutiva da enquete da seguinte forma: “Há algumas divergências aqui. Alguns de vocês disseram sim e alguns disseram não. Leiam o texto novamente e vejam como encontrar evidências para apoiar suas ideias. ” Ou “Alguns de vocês perderam este item. Vamos voltar a esse parágrafo e ver se podemos descobrir … Alguém quer mudar sua resposta? ”

Faça enquetes com os alunos não apenas sobre os tipos de perguntas que você tradicionalmente faz – como aquelas que você faz seguindo o padrão expresso no livro didático.

Examine o texto com antecedência e observe as situações que você acha que podem confundir as crianças: uma frase complicada, uma informação dada de forma sutil, um ponto-chave facilmente esquecido, uma conclusão necessária, uma definição que pode ser alcançada por meio do contexto, figuras de linguagem ou uma expressão idiomática, uma estrutura de texto informativa e reveladora. Só então você faz perguntas que revelarão se os alunos compreenderam ou se eles precisam de alguma orientação específica.

A quantidade e a qualidade da interação afetam o quanto os alunos aprendem. Se você está trabalhando em uma situação que não encoraja a interação, ajuste seu ensino e aproveite as vantagens da tecnologia para tentar impulsioná-las. A enquete é uma daquelas estratégias que podem tornar eficaz uma aula de leitura guiada ministrada à distância.

Texto original disponível aqui.

Educação online já é uma realidade

Educação online já é uma realidade

Com o cenário de pandemia, a rotina escolar das crianças foi adaptada para um novo momento. Por esse motivo, a Escribo vai compartilhar algumas perspectivas para os próximos passos da educação e o papel da tecnologia durante e no cenário de pós-pandemia.

O pesquisador educacional Dr. Americo Amorim apresentou exemplos de onde a educação online já dá muito certo. Veja no vídeo a seguir.

Um dos vários benefícios da educação online é que, mesmo com o distanciamento social, podemos continuar ensinando às crianças. Neste vídeo, abordamos a importância de seguir com esse estímulo ao aprendizado delas.

Na educação facilitada pelas plataformas digitais, expor as crianças a muitas horas de conteúdo pode trazer prejuízos ao aprendizado e à saúde delas. As evidências científicas já descrevem o tempo de atenção das crianças e as melhores formas de aproveitá-lo.

A educação online bem feita é planejada e aproveita o potencial tanto dos momentos presenciais quanto online. É importante diferenciar essa modalidade do ensino remoto de emergência, que surge quando há a necessidade das escolas e professores(as) trazerem respostas improvisadas, soluções rápidas e em circunstâncias pouco favoráveis, como por exemplo as estratégias adotadas durante a pandemia do Covid-19.

Um dos aspectos afetados pela pandemia foi o desenvolvimento da oralidade das crianças. As professoras precisam prestar muita atenção ao vocabulário e à consciência fonológica dos pequenos. A desigualdade de aprendizagem está sendo aprofundada durante a pandemia e pode comprometer a alfabetização.

Com a volta às aulas presenciais, as escolas precisarão trabalhar com grupos pequenos de crianças com necessidades de aprendizado semelhantes. Veja por que a personalização do ensino será tão necessária neste momento.

Uma adaptação para as escolas, com a volta das crianças às salas de aula, será a presença de uma educação híbrida. Neste formato, as aulas serão parte presenciais e parte online, aproveitando o potencial das duas modalidades.

As evidências científicas, junto às experiências recentes nas escolas, comprovam que a tecnologia será cada vez mais necessária para a educação. Descubra os possíveis caminhos da tecnologia na educação no cenário de pós-pandemia.

Caso tenham dúvidas, podem enviar um e-mail para [email protected], entrar em contato pelo Fale Conosco ou enviar uma mensagem para o WhatsApp institucional da Escribo, no (81) 98102-4774. Bons estudos!

3 dicas para cativar as crianças durante as aulas online

3 dicas para cativar as crianças durante as aulas online

Manter o interesse das crianças nas aulas online e garantir o aprendizado pode ser um grande obstáculo para escolas e famílias durante o período de distanciamento social. Descubra nas 3 dicas a seguir por que é indispensável equilibrar o uso de plataformas digitais, atividades fora das telinhas e o tempo livre criativo dos pequenos. 

1. Diversificar é a chave

Quando as escolas estão funcionando presencialmente, as crianças não passam várias horas seguidas realizando atividades pedagógicas. As pequenas, quando chegam na escola, participam do conhecido “bom dia”, que são as rodas de conversa com os colegas para começar o dia. Depois, uma atividade de aprendizagem. Ao longo do dia as crianças têm pausas para lanchar, brincar no parquinho e socializar.

Essas pausas são essenciais por dois motivos. Primeiro, é importante lembrar que a criança não consegue manter a concentração numa mesma atividade por muito tempo. Várias pesquisas demonstraram que quando a escola oferece pausas entre as atividades, a criança aprende de forma mais efetiva [1].

O segundo motivo para as pausas existirem é que tanto os momentos de ensino e aprendizado como os intervalos lúdicos são importantes. Isto ocorre pois as crianças também aprendem brincando e interagindo com outras crianças [2]. Na brincadeira elas também podem exercitar a criatividade, o que fortalece o aprendizado [3].

Leia mais

Entenda as diferenças entre o aprendizado online e o ensino remoto de emergência
10 dicas para professoras que desejam fazer atividades à distância com alunos
Coronavírus: jogo pedagógico digital ensina crianças a se protegerem da infecção

2. As aulas devem ir além do formato expositivo

Os(as) bons professores(as) planejam suas aulas considerando a capacidade das crianças de manter a atenção, os tipos de atividades e a importância do brincar. 

Várias pesquisas demonstraram que as aulas expositivas tradicionais são menos eficazes do que metodologias ativas, que colocam a criança no centro do aprendizado. Usando metodologias ativas podemos reduzir o tempo de “aula” para 1/3 e mantemos o mesmo nível de aprendizado [4]. 

É por conta destas evidências científicas que as melhores escolas do mundo estão abandonando as aulas expositivas. O professor, ao invés de “explicar o conteúdo”, oferece para as crianças acesso aos melhores conteúdos e atividades para que elas estudem, pesquisem, desenvolvam e aprendam. Os professores passam a ser os guias e mentores da criança no processo de aprendizado.

3. Múltiplos tipos de estímulos

Uma das formas de fortalecer o engajamento e a motivação das crianças é utilizando diferentes tipos de estímulos [1]. Diferentes estímulos de curta duração em conjunto, darão um resultado muito superior ao de uma longa aula tradicional. É por isto que as melhores escolas mesclam videoaulas pré-gravadas, atividades do livro, jogos digitais da Escribo e encontros ao vivo entre estudantes professor(a).

Família, cuidado com o uso excessivo de telas

Como os pequenos são muito ativos e cheios de energia, as telas são usadas como grandes aliados na hora de distraí-los. Mas vários estudos indicam que o uso prolongado de telas não é saudável para a criança.

Segundo a Academia Americana de Pediatria (2016), crianças de até um ano e meio não devem ter acesso a telas. Depois dos dois anos, podem começar a acessar programas educativos como o Escribo Play por períodos curtos. O ideal é que crianças de três a cinco anos não usem televisões ou tablets ao longo de várias horas. Não é recomendado o uso durante as refeições nem antes da criança dormir.

No contexto da pandemia do Covid-19, o isolamento social traz grandes desafios. Nem sempre é possível conciliar com perfeição as questões domésticas, o trabalho à distância e a educação das crianças. Por isso, muitas escolas vêm seguindo as melhores práticas pedagógicas, que incluem intercalar encontros ao vivo com atividades assíncronas que podem ser feitas em qualquer horário.

Esta abordagem, alinhada com as melhores práticas da educação online servem para potencializar o aprendizado da criança, fortalecendo o interesse a motivação. Outras abordagens, que conectam as crianças por várias horas na frente de tela não são efetivas em termos de aprendizagem e podem causar prejuízos a saúde física e mental das crianças.

Para conhecer como funcionam as boas escolas online, sugerimos assistir este vídeo curtinho que resume o que é a educação online efetiva.

Referências

[1] Hardiman, M. M. (2012). The brain-targeted teaching model for 21st-century schools. Corwin Press.

[2] VYGOTSKY, Lev Semenovich. Mind in society: The development of higher psychological processes. Harvard university press, 1980.

[3] Gajda, A., Karwowski, M., & Beghetto, R. A. (2017). Creativity and academic achievement: A meta-analysis. Journal of Educational Psychology, 109(2), 269.

[4] Baepler, P., Walker, J. D., & Driessen, M. (2014). It’s not about seat time: Blending, flipping, and efficiency in active learning classrooms. Computers & Education, 78, 227-236.

Educação online: curso oferece metodologias inovadoras para Educação Infantil e Ensino Fundamental

Educação online: curso oferece metodologias inovadoras para Educação Infantil e Ensino Fundamental

Com o cenário atual de distanciamento social, muitas professoras e gestoras encararam o desafio de mudar o foco para além da sala de aula. É necessário oferecer às crianças uma educação online de alta qualidade. Para ajudar as profissionais neste momento, lançamos o curso Aprendizagem online: metodologias inovadoras para Educação Infantil e Ensino Fundamental.

Com ele, professoras, coordenadoras e a equipe de apoio técnico terão os conhecimentos e as ferramentas necessárias para implementar a educação online em suas escolas. Assim, as crianças poderão seguir estudando de casa, sem comprometer o aprendizado. O curso vai apresentar conceitos essenciais para você compreender os processos de ensino e aprendizagem mediados por tecnologias digitais. Para mais informações, acesse o site oficial do curso.

As educadoras também irão realizar atividades práticas relacionadas com a atividade de educação online, para que dominem essa modalidade educacional. O curso é indicado tanto a profissionais de escolas públicas como de escolas privadas.

Também podem participar do curso estudantes de pedagogia, licenciaturas, e profissionais que trabalhem na educação. A matrícula pode ser feita neste link.

Módulos

  1. Conhecendo o curso e o que é a educação online

Conheça os termos e as principais teorias para que você possa começar a entrar no mundo da educação online de alta qualidade.

  1. Como funcionam as melhores escolas online?

Entenda o que cada profissional faz nestas escolas: direção, coordenação e professoras. Entenda como é a rotinas dos estudantes e das famílias.

  1. Conduzindo uma sessão síncrona com a turma

Do planejamento à execução, conheça estratégias importantes para conduzir os estudantes em atividades online, em tempo real, usando videoconferência.

  1. Desenvolvendo uma sessão assíncrona

Aprenda a definir os objetivos de aprendizagem, escolher os melhores conteúdos, monitorar e avaliar o engajamento e o aprendizado das crianças.

  1. Fornecendo feedback para o estudante e a família

A comunicação frequente com a criança e com a família é indispensável na educação online. Aprenda a planejar e conduzir esses momentos. 

Para dúvidas ou mais informações, entre em contato por e-mail no [email protected], ligue ou mande uma mensagem no nosso WhatsApp ou deixe um recado no Fale Conosco. Um grande abraço, e boas aulas!

Jogos que estimulam a consciência fonológica de crianças da educação infantil melhoram o aprendizado de leitura e escrita

Jogos que estimulam a consciência fonológica de crianças da educação infantil melhoram o aprendizado de leitura e escrita

Highlights

  • Consciência fonológica inclui habilidades como separar sílabas e identificar rimas e palavras que iniciam com o mesmo som;
  • Experimento feito com 749 crianças apontou ganhos significativos no desenvolvimento da leitura (+68%) e escrita (+48%);
  • Mais de 100 escolas, em Pernambuco, Ceará e São Paulo, já adotaram esses jogos.

Um experimento realizado com alunos de educação infantil mostrou que o uso de jogos digitais de consciência fonológica aumentou a aprendizagem em leitura e a habilidade de escrita das crianças. O conceito de consciência fonológica abarca uma série de habilidades, como separar sílabas, juntar sons para formar novas palavras e reconhecer rimas e vocábulos iniciados pelos mesmos sons. Os resultados da pesquisa estão em um artigo publicado no periódico científico Educational Researcher. Os dados do estudo integram a tese de doutorado em educação do brasileiro Americo Amorim, defendida em 2018 na Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

Partindo da literatura internacional, que aponta que o baixo aprendizado em leitura e escrita está associado à falta de estimulação adequada das crianças na faixa etária pré-escolar, Amorim desenvolveu um programa de estimulação da consciência fonológica por meio de 20 atividades lúdicas gamificadas, que foram realizadas por meio de tablets de baixo custo. Elas foram aplicadas, com a ajuda de professores e psicólogos, durante três meses do segundo semestre de 2017, em 17 escolas particulares de cinco cidades pernambucanas – Recife, Olinda, Paulista, Camaragibe e Jaboatão dos Guararapes.

Um total de 749 alunos, de 62 turmas, com idade média de 4 anos e meio, participou do experimento. As crianças foram divididas, por sorteio, em dois grupos — o que realizou as atividades propostas e o que não as fez (grupo de controle). Ambos os grupos passaram por avaliações antes e depois desse período, e os resultados foram comparados. Os alunos que realizaram o programa tiveram resultados superiores em 68% (leitura) e 48% (escrita) em relação a aqueles que não participaram. Os jogos também geram relatórios que permitem que professores e gestores acompanhem o aprendizado dos alunos.

“Uma das principais contribuições da pesquisa é mostrar a importância de fazer esse tipo de estimulação lúdica já na educação infantil, o que contribui para a alfabetização na idade correta no ensino fundamental”, observa Amorim.

Leia mais

3 dicas para cativar as crianças durante as aulas online
Entenda as diferenças entre o aprendizado online e o ensino remoto de emergência
Timothy Shanahan: já sou um(a) ótimo(a) professor(a), por que deveria seguir evidências científicas?
EvidênciasEscribo: descubra os contrastes entre os ensinos público e privado no Brasil

O trabalho envolveu também pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS) e contou com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe) e da Escribo Inovação para a Aprendizagem, empresa fundada por Amorim em 2015, que desenvolve e comercializa jogos pedagógicos.

Em 2018, a pesquisa foi repetida em escolas públicas, e os resultados, de acordo com Amorim, foram ainda melhores. “Crianças que recebem menos estímulos em casa e na escola acabam se beneficiando ainda mais. As turmas que utilizaram os jogos avançaram o dobro em leitura e o triplo em escrita. Isso nos motivou a continuar aperfeiçoando os jogos para atender cada vez mais as necessidades desses alunos”.

Atualmente, mais de 100 escolas localizadas nos estados de Pernambuco, Ceará e São Paulo utilizam os programas, a maior parte delas da rede pública. Nos próximos meses, vamos divulgar novas evidências surgidas nessa mesma pesquisa. Enquanto isso, toque no sininho ao lado para receber as notificações do nosso blog Ciência do Aprendizado e ler conteúdos inéditos em primeira mão. Até mais.