Aprender a escrever à mão ainda é essencial para o desenvolvimento, diz pesquisa

Na era digital, todos sabemos que é de bom senso ter a destreza no teclado e a alfabetização digital já é prioridade na maioria das escolas. Mas, por mais avançada que seja a tecnologia, desenvolver habilidades de digitação na primeira infância não substitui a alfabetização escrita.

É o que diz a neurocientista cognitiva Karin James, que realizou uma pesquisa com crianças que ainda não sabiam escrever, mas sabiam identificar letras. Cada uma ficava responsável por reproduzir letras de alguma forma, umas no computador, usando o teclado, e outras escrevendo num papel. Após a pesquisa, elas passaram por uma análise de ressonância magnética para mapear as áreas do cérebro em atividade.

O resultado mostrou que as crianças que escreviam no papel ativavam mais áreas do cérebro, desenvolvendo padrões cerebrais parecidos com o de crianças já alfabetizadas. Isso ocorre porque o exercício da repetição das letras, o olhar e reproduzir, demanda muito mais esforço da mente das crianças, o que torna-as mais engajadas à aprender. Apenas apertar os botões do teclado pode prejudicar esse desenvolvimento cerebral.

Além disso, o exercício de reproduzir a letra no papel faz com que a fluidez das ideias seja atenuada, ajudando a criança a pensar, o que foi provado em outro estudo da Dra. James: dessa vez, ela colocou um grupo de crianças para de fato escrever letras enquanto outro grupo apenas as observava.

Depois da ressonância, ela percebeu que apenas o grupo que praticou a escrita desenvolveu atividade cerebral, pois o real esforço em colocar “a mão na massa” fazia as áreas motoras do cérebro se engajarem, liberando os benefícios do aprendizado da escrita à mão.

A qualidade da leitura também é estimulada quando a criança escreve à mão. De acordo com os dados da primeira ressonância, escrever prepara um sistema no cérebro, que permite facilitar a leitura a partir do processo da própria escrita. E tem mais: trabalhar as habilidades motoras sofisticadas é benéfico para outras áreas do desenvolvimento cognitivo, pois as crianças estimulam mais a memória e fazem ativações neurais produtivas,  o que gera boas ideias, por exemplo, na hora de escrever uma história ou redação.

Em suma, nada parece substituir a alfabetização da escrita à mão até o dado momento. Muito do desenvolvimento cerebral da criança é perdido quando as atividades relacionadas à escrita cursiva são negligenciadas.

Uma possibilidade para as escolas mais modernas é atrelar tablets que simulem o aprendizado escrito do papel de forma paralela no ensino da criança, agregando as qualidades da tecnologia à necessidade cerebral da escrita cursiva. Outra dica da pesquisadora é não apressar o uso dos computadores antes das crianças estarem completamente alfabetizadas.

Pesquisas como essa colocam em cheque decisões como a da Finlândia, que a partir de 2016 não estará mais ensinando caligrafia para os seus alunos.

Você concorda com a pesquisa?

Conheça os 7 componentes do ecossistema de aprendizado na era digital

Um ecossistema é, por definição, formado pela interação de organismos vivos em comunidades. Quando visitamos uma sala de aula na era digital, é possível traçar um paralelo com a ideia de ecossistema, pois vemos alunos usando ativamente diversas ferramentas de tecnologia com o objetivo de adquirir mais informações. Nesse ecossistema, vemos estudantes e professores como os organismos vivos que interagem entre si e com o ambiente da sala de aula de forma orgânica, visando construir um aprendizado baseado em experiências.

Quais são os componentes desse ecossistema de aprendizado na era digital? Quais são as instalações necessárias para formar um ambiente de aprendizado sustentável, que perdura através do tempo e das adversidades? O doutor em tecnologia educacional Tim Clark listou algumas das medidas essenciais em um ecossistema de aprendizado sustentável na era digital, a fim de estimular professores e diretores à otimizarem seus espaços pedagógicos:

1. Senso de comunidade

Professores nutrem intencionalmente um senso de comunidade nos ecossistemas de aprendizagem na era digital. Essa nova geração de educadores conhece os interesses, pontos fortes e desafios de seus estudantes, e está ansiosa para aprender junto com eles. Em vez de se colocarem como os experts e guardiões de todo o conhecimento, os professores do ecossistema de aprendizado na era digital possuem uma metodologia horizontal, que lhes oferece a oportunidade de aprender e desenvolver habilidades ao explorar com seus alunos os conteúdos digitais. Nesse ecossistema, uma das tarefas do professor é arraigar a cidadanida digital às salas de aula, pois muitos estudantes trazem de casa, já desenvolvidas, suas próprias normas e formas práticas de coexistir com a tecnologia, que nem sempre são ideais – logo, os professores precisam encorajar e estimular o uso saudável da tecnologia e destacar quais devem ser as principais fontes de pesquisa, agindo como mediadores neste mundo de conteúdos sem fim.

2. Perguntar é essencial

Professores devem desenvolver aulas e unidades de estudo com uma postura essencialmente aberta para receber perguntas. Na era digital, essa estratégia é necessária no ecossistema de aprendizagem pois provoca um interesse mais profundo dos alunos pelos conteúdos, maior reflexão das ideias expostas em aula, e principalmente encoraja os alunos à desenvolverem, sozinhos, soluções para futuros problemas. A medida que as aulas são moldadas buscando a interação dos alunos através de perguntas, mais é promovida e estimulada a cultura da inovação e da pesquisa empírica na sala de aula.

3. Conteúdo digital instigante e cativante

Não basta o conteúdo ser digital, ele precisa ter qualidade. Senão será apenas mais um livro dentro de um tablet, o que ajuda a diminuir o peso nas mochilas, mas em nada inova ou instiga. Estudantes do ecossistema de aprendizado digital precisam acessar conteúdos ricos em recursos multimídia, como jogos interativos e animações. Professores podem modelar suas estrategias conduzindo, por exemplo, pesquisas inteligentes para encontrar aquela informação necessária na questão. Tal informação pode ser revisada e autenticada por eles mesmos, estimulando desde cedo pesquisas bem feitas, nos portais ideais, de forma que futuramente eles já estejam aptos à lidar com a vasta infinidade de literatura digital disponível na web. O conteúdo digital de qualidade também permite que o conhecimento seja upado e compartilhado com outras salas de aula, promovendo novas atividades e experiências pedagógicas.

4. Avaliar para Aprender

Uma vez que o conteúdo digital é algo novo, o modo de avaliação não pode ser velho. O professor deve direcionar sua avaliação para práticas que estimulem o surgimento de ideias e habilidades inéditas para resolução daqueles problemas, utilizando discussões participativas, conteúdos produzidos pelos próprios alunos a partir daquela tecnologia educacional e apresentações multimídia, garantindo sucesso nas avaliações.

5. Múltiplas ferramentas tecnológicas

Sejam os tablets e celulares que os próprios estudantes trazem de casa ou os computadores e plataformas oferecidos pela escola, cada tecnologia desenvolverá novos propósitos para o ecossistema de aprendizagem na era digital. Cada uma será o meio de construir conexões entre professores, estudantes e conteúdos. Quanto mais opções de ferramentas, mais opções de tarefas para realizar com elas surgirão. Nesse contexto, haverão situações em que um smartphone ou um tablet serão a mais apropriada plataforma, seja para tirar uma foto, responder uma questão ou acessar conteúdo, mas em outros momentos o uso de um laptop ou computadores desktop deve ser mais indicado. O importante é que não faltem opções: quadros interativos multimídia, equipamento de vídeo, aulas com material em 3D. Aprender quando e como usar a ferramenta certa para determinada atividade é essencial para favorecer o ecossistema de aprendizado na era digital.

6. Design que contemple a diferença e a acessibilidade

Os professores da nova geração precisam atentar para um fato ignorado por muitos anos na educação: cada estudante é único. Logo, no ecossistema de aprendizado na era digital não há nenhum modelo “certo” e excepcional que contemple todos os alunos no processo pedagógico. Cada aluno tem diferentes pontos fortes e desafios, então suas experiências de aprendizagem devem ser adaptadas com base em suas diferenças pessoais. Personalizar o aprendizado deve incluir suportes para estudantes com dificuldades acadêmicas como TDAH ou deficiências físicas,  favorecendo a inclusão. Ferramentas de acessibilidade bem pensadas também são capazes de engajar todos os alunos, por reduzir fatores que poderiam diminuir ou limitar o sucesso, impedindo que a participação seja igualitária.

7. Ambiente divertido e boa infraestrutura para aprender mais

A sala de aula ideal contempla o ambiente digital mas inclui, igualmente, uma variedade de espaços e ferramentas à disposição da necessidade que cada atividade gera. Uma área com uma cesta de livros e alguns pufes coloridos, espaços para discussão e trabalho colaborativo, mobília vibrante e de fácil mobilidade (para ser facilmente arranjada de outra forma) são algumas ideias de como tornar o ambiente acolhedor e funcional, possibilitando múltiplas situações de aprendizado.

Apesar de descritos separadamente, Tim afirma que cada componente do ecossistema de aprendizado na era digital são partes integradas, que com o suporte ideal criam vida à medida que professor e alunos desenvolvem um senso de propriedade e orgulho pelo sistema sustentado por eles mesmos, e orgulho pelo sucesso alcançado.

O que você achou desses componentes? É possível transformar sua sala de aula em um ecossistema de aprendizado na era digital também?

Hackademia apresenta o 1° Simpósio Online Sobre Novas Tecnologias Educacionais

Buscando difundir as novas formas de ensino que estão mudando o jeito de aprender, a Hackademia realizará, de 16 a 22 de Março, o 1° Simpósio Online Sobre Tecnologias Educacionais. As inscrições podem ser feitas pelo Facebook ou no próprio site. O evento conta com mais de 40 palestras ministradas por especialistas, acadêmicos, start-ups e escolas do Brasil e do Exterior, que elucidarão pais e educadores sobre como a educação pode transformar vidas e quais as ferramentas podem contribuir para um estudo melhor.

Confira a lista de representantes das grandes universidades e escolas brasileiras que estarão presentes no evento contando suas experiências em educação digital:

Émerson B. Pereira

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Foto: LinkedIn

 

É diretor de Tecnologia Educacional do Colégio Bandeirantes. Formado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), planeja e acompanha a implementação das atividades que envolvam o uso de tecnologia educacional e de meios e conteúdos digitais.

Stavros Xanthopoylos

Foto: LinkedIn

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Diretor Executivo do FGV Online. Possui título de Doutor em Administração de Empresas pela FGV-EADSP, leciona e coordena cursos em nível de pós-graduação em Educação a Distância há mais de 10 anos pela FGV.

Rita Maria Lino Tarcia

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Foto: EADAmazon

 

A acadêmica é doutora e mestra em Linguística: Semiótica e Linguística Geral pela Universidade de São Paulo (FFLCH/USP) e licenciada em Pedagogia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). Atua como Coordenadora Pedagógica do Curso de Especialização em Saúde da Família, oferecido na modalidade a distância pela Universidade Aberta do SUS – UANSUS/UNIFESP.

José Ernesto Bologna

Foto: Youtube

Foto: Youtube

Bacharel, licenciado e pós-graduado em Psicologia e em Administração de Empresas pela PUC/São Paulo e pela Universidade Mackenzie/SP. Fundador e principal titular da “Ethos Desenvolvimento”.

Luiza Mendes

Foto: LinkedIn

Foto: LinkedIn

Pedagoga, especialista em Planejamento Educacional e Gestão Escolar. Foi diretora e coordenadora pedagógica na rede pública estadual do Ceará e professora também na rede privada. Atua como tutora de cursos na modalidade a distância em diferentes instituições, como o Instituto Singularidades.

Augusto de Franco

Foto: Escola de Redes

Foto: Escola de Redes

É escritor, palestrante e consultor. Além de escrever livros sobre desenvolvimento local, capital social, democracia e redes sociais, é o criador e um dos netweavers da Escola- de-Redes – uma rede de pessoas dedicadas à investigação sobre redes sociais e à criação e transferência de tecnologias de netweaving.

Vanessa Spirandeo

Foto: LinkedIn

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Vanessa já foi tradutora, professora e revisora. Hoje atua como coordenadora de interação e conteúdo da EF Englishtown Brasil.

Adelmo Schindler Jr.

Coordenador do curso de graduação em Ciências Contábeis na modalidade a distância da UNIFACS – Universidade Salvador.

Simone Telles M. Ramos

Foto: LinkedIn

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Professora de língua inglesa para alunos dos cursos de Gestão Empresarial, RH, Eventos e Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Fatec Ipiranga e doutoranda com bolsa CAPES em Linguística Aplicada ao ensino de inglês com novas tecnologias.

Fabrício Lazilha

Foto: LinkedIn

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Graduado em Tecnologia em Processamento de Dados pela Universidade Estadual de Maringá, Fabrício participou da construção do Núcleo de Educação a Distância da UNICESUMAR, passando pelo credenciamento, consolidação do modelo pedagógico de TI, recredenciamento e reconhecimento de cursos e polos de apoio presencial.

Eliane Schlemmer

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Foto: LinkedIn

 

Professora do Programa de Pós Graduação em Educação da UNISINOS, Eliane atua na área de Informática na Educação desde 1989, tendo experiência como docente e formadora de
professores para o uso de Tecnologias Digitais, além de ministrar diversos cursos em nível de extensão.

Gabriel Dualiby

Foto: Google+

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Monitor de Educação Profissional no Senac Vila Prudente (SP), Gabriel possui Pós Graduação em Tecnologias na Aprendizagem pelo Centro Universitário Senac

Adriana D. Gonzaga

Foto: Facebook

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Adriana é Doutora em Biotecnologia e Professora Adjunta da UFAM.

Renato Bulcão

Foto: Lattes/CNPq

Foto: Lattes/CNPq

Professor da UNIP (Universidade Paulista), desenvolve conteúdo para Educação à Distância para diversas instituições.

Paula Carolei

Foto: Blog Articulando Oline

Foto: Blog Articulando Oline

Trabalha com Tecnologia Educacional desde 1993 e possui Possui graduação em Ciências Biológicas e doutorado em Educação pela USP e mestrado em Educação pela UNICAMP. Atualmente é professora adjunta da Unifesp.

Jacqueline Lameza

Foto: Facebook

Foto: Facebook

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão de EaD pela Universidade Federal Fluminense – UFF – RJ. Atualmente é Coordenadora Geral EaD na UMC (Universidade de Mogi das Cruzes).

Skype permite interação de alunos com especialistas ao redor do mundo

Já imaginou poder levar seus alunos a uma aula de campo em qualquer lugar do planeta? O Skype está tornando isso mais próximo da realidade. Com o programa Skype in the Classroom, você pode conectar virtualmente a sua sala de aula com um especialista sobre determinado assunto, para que os alunos entendam os conteúdos melhor e de forma mais abrangente.

O programa é grátis e de fácil acesso e oferece aos professores a possibilidade de conectar os estudantes aos cenários mais inusitados ao redor do mundo. Em março de 2013, por exemplo, o explorador polar Mark Wood fez uma expedição pelo lado nepalês da cordilheira do Himalaia, para tentar chegar ao topo do Monte Everest. Durante a subida, ele se conectou com dez escolas de dez países diferentes via Skype, para que elas acompanhassem a aventura.

Segundo Mark, conectar-se com as escolas via Skype permitiu que ele compartilhasse não apenas a experiência da subida, mas os problemas que os nativos do Nepal enfrentam devido às mudanças climáticas. Ele convidou especialistas sobre clima para falar sobre as calotas polares em deslocamento e como aquilo afetava os moradores locais e consequentemente o resto do planeta.

Especialistas em diversas áreas ao redor do globo facilitam o aprendizado, criando novas experiências para os estudantes em sala de aula. A iniciativa é global e está com vários projetos disponíveis em inglês, espanhol, francês e português abertos para participação. É possível acessar mais projetos como esse e realizar o cadastro neste link.

Já usou a ferramenta? Conte para nós como foi!

A diferença entre usar tecnologia e integrar a tecnologia na educação

Já foi provado que a tecnologia em sala de aula é benéfica para alunos e professores dentro e fora da sala de aula. Mas muitos profissionais da educação ainda não conseguem atingir resultados com sucesso na integração da tecnologia às suas aulas. Mas por que? A coach em tecnologia educacional Aditi Rao defende que muitos professores falham neste processo pois estão apenas usando-a e não integrando-a de fato à sua rotina – e muitos nem chegam a perceber que estão subaproveitando o potencial da tecnologia em aula. Para ela, a grande diferença entre usar e integrar a tecnologia está no impacto que ambas atitudes podem causar na aprendizagem.

Visando ajudar os professores à entenderem melhor as diferenças na  forma de aplicar tecnologia em sala de aula (e como essas formas têm diferentes resultados no processo de aprendizagem), Aditi criou a seguinte tabela, delimitando e destacando as divergências entre “usar tecnologia” e “integrar a tecnologia”.

Créditos: Aditi Rao | Tradução: Escribo

Assim como Aditi Rao, Devita Villanueva, assistente técnica em tecnologia da American School of Dubai, acredita que tecnologia não deve ser pensada como uma metodologia separada, distinta da educação. A tecnologia e suas habilidades devem fazer parte do currículo escolar, inserida dentro da aprendizagem do aluno.

Em suma, as escolas devem unir a pedagogia e o método como um todo na aprendizagem: o aluno deve ter o conhecimento de como manejar a tecnologia, mas também deve manejá-la para ter conhecimento – e os professores somam à esse processo com conhecimento pedagógico, integrando-o também à tecnologia. Para isso acontecer, as escolas precisam tentar e dar chances às novas tecnologias, assumindo seus riscos e minimizando-os através de um planejamento bem feito e materiais de qualidade.

Devita defende que a boa educação é aquela que prepara para o futuro, e nosso futuro não pode fugir da tecnologia. Ela se baseia na frase do filósofo e pedagogo norte-americano John Dewey:

“Você não pode ensinar hoje da mesma forma que ensinou ontem se seu objetivo é preparar os alunos para o amanhã.”

Você concorda? Como a tecnologia é empregada na sua escola?