Com o cenário de pandemia, a rotina escolar das crianças foi adaptada para um novo momento. Por esse motivo, a Escribo vai compartilhar algumas perspectivas para os próximos passos da educação e o papel da tecnologia durante e no cenário de pós-pandemia.
O pesquisador educacional Dr. Americo Amorim apresentou exemplos de onde a educação online já dá muito certo. Veja no vídeo a seguir.
Um dos vários benefícios da educação online é que, mesmo com o distanciamento social, podemos continuar ensinando às crianças. Neste vídeo, abordamos a importância de seguir com esse estímulo ao aprendizado delas.
Na educação facilitada pelas plataformas digitais, expor as crianças a muitas horas de conteúdo pode trazer prejuízos ao aprendizado e à saúde delas. As evidências científicas já descrevem o tempo de atenção das crianças e as melhores formas de aproveitá-lo.
A educação online bem feita é planejada e aproveita o potencial tanto dos momentos presenciais quanto online. É importante diferenciar essa modalidade do ensino remoto de emergência, que surge quando há a necessidade das escolas e professores(as) trazerem respostas improvisadas, soluções rápidas e em circunstâncias pouco favoráveis, como por exemplo as estratégias adotadas durante a pandemia do Covid-19.
Um dos aspectos afetados pela pandemia foi o desenvolvimento da oralidade das crianças. As professoras precisam prestar muita atenção ao vocabulário e à consciência fonológica dos pequenos. A desigualdade de aprendizagem está sendo aprofundada durante a pandemia e pode comprometer a alfabetização.
Com a volta às aulas presenciais, as escolas precisarão trabalhar com grupos pequenos de crianças com necessidades de aprendizado semelhantes. Veja por que a personalização do ensino será tão necessária neste momento.
Uma adaptação para as escolas, com a volta das crianças às salas de aula, será a presença de uma educação híbrida. Neste formato, as aulas serão parte presenciais e parte online, aproveitando o potencial das duas modalidades.
As evidências científicas, junto às experiências recentes nas escolas, comprovam que a tecnologia será cada vez mais necessária para a educação. Descubra os possíveis caminhos da tecnologia na educação no cenário de pós-pandemia.
Caso tenham dúvidas, podem enviar um e-mail para [email protected], entrar em contato pelo Fale Conosco ou enviar uma mensagem para o WhatsApp institucional da Escribo, no (81) 98102-4774. Bons estudos!
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
Manter o interesse das crianças nas aulas online e garantir o aprendizado pode ser um grande obstáculo para escolas e famílias durante o período de distanciamento social. Descubra nas 3 dicas a seguir por que é indispensável equilibrar o uso de plataformas digitais, atividades fora das telinhas e o tempo livre criativo dos pequenos.
1. Diversificar é a chave
Quando as escolas estão funcionando presencialmente, as crianças não passam várias horas seguidas realizando atividades pedagógicas. As pequenas, quando chegam na escola, participam do conhecido “bom dia”, que são as rodas de conversa com os colegas para começar o dia. Depois, uma atividade de aprendizagem. Ao longo do dia as crianças têm pausas para lanchar, brincar no parquinho e socializar.
Essas pausas são essenciais por dois motivos. Primeiro, é importante lembrar que a criança não consegue manter a concentração numa mesma atividade por muito tempo. Várias pesquisas demonstraram que quando a escola oferece pausas entre as atividades, a criança aprende de forma mais efetiva [1].
O segundo motivo para as pausas existirem é que tanto os momentos de ensino e aprendizado como os intervalos lúdicos são importantes. Isto ocorre pois as crianças também aprendem brincando e interagindo com outras crianças [2]. Na brincadeira elas também podem exercitar a criatividade, o que fortalece o aprendizado [3].
Os(as) bons professores(as) planejam suas aulas considerando a capacidade das crianças de manter a atenção, os tipos de atividades e a importância do brincar.
Várias pesquisas demonstraram que as aulas expositivas tradicionais são menos eficazes do que metodologias ativas, que colocam a criança no centro do aprendizado. Usando metodologias ativas podemos reduzir o tempo de “aula” para 1/3 e mantemos o mesmo nível de aprendizado [4].
É por conta destas evidências científicas que as melhores escolas do mundo estão abandonando as aulas expositivas. O professor, ao invés de “explicar o conteúdo”, oferece para as crianças acesso aos melhores conteúdos e atividades para que elas estudem, pesquisem, desenvolvam e aprendam. Os professores passam a ser os guias e mentores da criança no processo de aprendizado.
3. Múltiplos tipos de estímulos
Uma das formas de fortalecer o engajamento e a motivação das crianças é utilizando diferentes tipos de estímulos [1]. Diferentes estímulos de curta duração em conjunto, darão um resultado muito superior ao de uma longa aula tradicional. É por isto que as melhores escolas mesclam videoaulas pré-gravadas, atividades do livro, jogos digitais da Escribo e encontros ao vivo entre estudantes professor(a).
Família, cuidado com o uso excessivo de telas
Como os pequenos são muito ativos e cheios de energia, as telas são usadas como grandes aliados na hora de distraí-los. Mas vários estudos indicam que o uso prolongado de telas não é saudável para a criança.
Segundo a Academia Americana de Pediatria (2016), crianças de até um ano e meio não devem ter acesso a telas. Depois dos dois anos, podem começar a acessar programas educativos como o Escribo Play por períodos curtos. O ideal é que crianças de três a cinco anos não usem televisões ou tablets ao longo de várias horas. Não é recomendado o uso durante as refeições nem antes da criança dormir.
No contexto da pandemia do Covid-19, o isolamento social traz grandes desafios. Nem sempre é possível conciliar com perfeição as questões domésticas, o trabalho à distância e a educação das crianças. Por isso, muitas escolas vêm seguindo as melhores práticas pedagógicas, que incluem intercalar encontros ao vivo com atividades assíncronas que podem ser feitas em qualquer horário.
Esta abordagem, alinhada com as melhores práticas da educação online servem para potencializar o aprendizado da criança, fortalecendo o interesse a motivação. Outras abordagens, que conectam as crianças por várias horas na frente de tela não são efetivas em termos de aprendizagem e podem causar prejuízos a saúde física e mental das crianças.
Para conhecer como funcionam as boas escolas online, sugerimos assistir este vídeo curtinho que resume o que é a educação online efetiva.
Referências
[1] Hardiman, M. M. (2012). The brain-targeted teaching model for 21st-century schools. Corwin Press.
[2] VYGOTSKY, Lev Semenovich. Mind in society: The development of higher psychological processes. Harvard university press, 1980.
[3] Gajda, A., Karwowski, M., & Beghetto, R. A. (2017). Creativity and academic achievement: A meta-analysis. Journal of Educational Psychology, 109(2), 269.
[4] Baepler, P., Walker, J. D., & Driessen, M. (2014). It’s not about seat time: Blending, flipping, and efficiency in active learning classrooms. Computers & Education, 78, 227-236.
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
Com o cenário atual de distanciamento social, muitas professoras e gestoras encararam o desafio de mudar o foco para além da sala de aula. É necessário oferecer às crianças uma educação online de alta qualidade. Para ajudar as profissionais neste momento, lançamos o curso Aprendizagem online: metodologias inovadoras para Educação Infantil e Ensino Fundamental.
Com ele, professoras, coordenadoras e a equipe de apoio técnico terão os conhecimentos e as ferramentas necessárias para implementar a educação online em suas escolas. Assim, as crianças poderão seguir estudando de casa, sem comprometer o aprendizado. O curso vai apresentar conceitos essenciais para você compreender os processos de ensino e aprendizagem mediados por tecnologias digitais. Para mais informações, acesse o site oficial do curso.
As educadoras também irão realizar atividades práticas relacionadas com a atividade de educação online, para que dominem essa modalidade educacional. O curso é indicado tanto a profissionais de escolas públicas como de escolas privadas.
Também podem participar do curso estudantes de pedagogia, licenciaturas, e profissionais que trabalhem na educação. A matrícula pode ser feita neste link.
Módulos
Conhecendo o curso e o que é a educação online
Conheça os termos e as principais teorias para que você possa começar a entrar no mundo da educação online de alta qualidade.
Como funcionam as melhores escolas online?
Entenda o que cada profissional faz nestas escolas: direção, coordenação e professoras. Entenda como é a rotinas dos estudantes e das famílias.
Conduzindo uma sessão síncrona com a turma
Do planejamento à execução, conheça estratégias importantes para conduzir os estudantes em atividades online, em tempo real, usando videoconferência.
Desenvolvendo uma sessão assíncrona
Aprenda a definir os objetivos de aprendizagem, escolher os melhores conteúdos, monitorar e avaliar o engajamento e o aprendizado das crianças.
Fornecendo feedback para o estudante e a família
A comunicação frequente com a criança e com a família é indispensável na educação online. Aprenda a planejar e conduzir esses momentos.
Para dúvidas ou mais informações, entre em contato por e-mail no [email protected], ligue ou mande uma mensagem no nosso WhatsApp ou deixe um recado no Fale Conosco. Um grande abraço, e boas aulas!
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
Olá professora, tudo bem? Criamos uma lista com algumas sugestões de como proceder, caso deseje organizar atividades à distância com as crianças, para que elas se divirtam e aprendam sem sair de casa. Aproveitem bastante com os pequenos!
Organização do contexto e ambiente
1. Identifique em sua casa alguns recursos que podem ajudar na construção de um cenário agradável e atrativo para as crianças. Bons exemplos são almofadas ou pufes, algum tecido colorido que possa funcionar como pano de fundo, brinquedos, literatura infantil, dentre outros.
2. Utilize sempre roupas claras, pois elas dão a você maior destaque e visibilidade na visão das crianças.
3. O espaço deve ser bem iluminado, de preferência com luz natural.
4. Se você possuir quintal, varanda, plantas, espaço ao ar livre em sua residência, utilize-o enquanto cenário.
5. Localize-se no centro do cenário e encontre uma posição confortável para você.
6. Coloque o celular em uma posição adequada, cujo foco esteja centrado em você.
Contato com a família
7. Inicialmente, é preciso planejar todo o processo para posterior contato com as famílias, ajudando-as a compreenderem a proposta que a escola vai experimentar, bem como a se prepararem para os momentos de aprendizagens que irão ocorrer.
Quais os dias da semana e horários dos encontros? A duração de cada encontro?
Quais os recursos / materiais necessários para serem utilizados pelas crianças nos encontros? É importante fazer uso de materiais que a escola tenha solicitado e que estejam com as crianças em casa, pois é preciso ficar em casa.
Qual o tipo de lanche indicado para cada encontro em função do 4º momento sugerido no item 10 – lanche coletivo?
8. No primeiro encontro com as crianças, talvez seja interessante ouvi-los um pouco a respeito desse momento, o que pensam, o que estão fazendo…semelhante a uma roda de conversa.
9. Também no primeiro encontro é importante preparar uma atividade de retomada sobre o(s) conteúdo(s) que vinha trabalhando com as crianças.
10. Sugestão de uma rotina diária com as crianças:
1º momento
Faça o seu bom dia ou boa tarde com as crianças.
2º momento
Contação de história ou leitura infantil Conte uma história, interpretando, usando fantoches ou leia uma história infantil (essa história poderá sempre fazer a retomada da aula anterior e o link com a aula do dia). Roda de conversa sobre a história (contada ou lida).
3º momento
Realize uma atividade de conteúdo de forma lúdica com foco em um dos campos de experiência (a cada encontro você poderá se basear em um dos campos de experiência). Essa atividade pode envolver desenho, pintura, massa de modelar, material didático adotado, dentre outros recursos disponíveis em casa pelas crianças, conforme indicado no item 7.2.
4º momento
Faça o lanche coletivo com as crianças, cada uma em sua casa, mas todas lanchando juntas. De preferência combine qual o tipo de lanche para cada dia da semana, de forma que as crianças (famílias) se preparem e o momento do lanche também se torne conteúdo de aprendizagem.
5º momento
Jogue um jogo Escribo Play relacionado ao conteúdo trabalhado.
6º momento
Encerre sempre com alguma musiquinha para deixar as crianças em clima de alegria a cada dia de aula.
Esperamos que vocês se divirtam e aprendam bastante! Se você tiver dúvidas, mande um e-mail para [email protected], ligue no (81) 3224-4386, mande uma mensagem no nosso Fale Conosco ou por WhatsApp. Assine as notificações do blog Ciência do Aprendizado e receba conteúdos relevantes assim que lançarmos. Até mais!
Um professor me perguntou: “o que significa dizer que algo tem base em evidências científicas? Sou professor há anos e já ensinei centenas de crianças a ler. Agora me disseram que em nosso estado devemos ensinar com base em evidências de pesquisas. Gosto de ensinar e não quero mudar meu estilo. Por que deveria?”
Eu imagino que muitos professores concordam com ele. Um pesquisador como eu pode recomendar esta ou aquela abordagem de ensino como ideal. Porém, muitos(as) professores(as) veem o aprendizado de seus alunos progredindo bem sem esse método visto como indispensável pelos cientistas.
Por que confiar em um pesquisador que nem conhece esses(as) alunos(as), quando você pode confiar em seus próprios olhos?
O que funciona pra uns pode não funcionar para outros
Primeiro, é importante saber o que queremos dizer quando afirmamos que a pesquisa mostra que uma abordagem de ensino “funciona”. Isso NÃO significa que somente essa abordagem funciona, mas quer dizer seus benefícios são um pouquinho maiores em relação aos de outros métodos.
O fato de haver alguma melhoria, mesmo que pequena, não significa que todas as crianças do grupo experimental prosperaram e que todas as crianças do grupo de comparação definharam. Simplesmente significa que a média de desempenho foi diferente para os dois grupos.
Você deve ter notado que usei o termo grupo de comparação em vez de grupo de controle. Normalmente, não temos “grupos de controle” nos estudos de leitura, pois seria antiético controlar ou limitar a alfabetização de qualquer pessoa. Todo método de ensino provavelmente vai ensinar algo, portanto sempre haverá aprendizado nos dois grupos.
Nesse caso, as crianças que fizeram tarefas de consciência fonológica superaram as que não tiveram essas habilidades estimuladas. Talvez, muitas das crianças ensinadas tenham se saído um pouco melhor que as crianças do grupo de comparação. Ou talvez, algumas crianças de cada grupo não tenham aprendido a ler, mas houve menos dessas falhas quando a consciência fonológica fazia parte das aulas.
Em todo caso, isso não quer dizer que as crianças do primeiro grupo aprendem e as do segundo grupo, não. Não é bem assim, no estilo “preto e branco” – está mais para tons de cinza. Essencialmente, por em prática os métodos de ensino que as pesquisas recomendam significa tentar alterar as probabilidades de sucesso dos(as) alunos(as).
Aproveite as oportunidades
Segundo, ao considerar se você deve seguir o que diz a pesquisa, entender o conceito de “custo de oportunidade” ajuda bastante.
Digamos que você ensina a ler há 10 anos e as crianças aprendem, as notas de provas e atividades são parecidas em média, as famílias estão felizes com sua maneira de ensinar e a direção da escola elogia seu trabalho como educador(a).
Obviamente, o seu jeito de ensinar está funcionando. Por que mexer em time que está ganhando, não é?
Essa até parece uma boa ideia, mas ela ignora o que chamei de custo de oportunidade. O fato de você alfabetizar de um certo jeito tirou de você a chance de ver como seria e quais resultados teria se ensinasse de outra maneira.
É aí que entra a pesquisa. Os(as) pesquisadores(as) tentarão organizar seus estudos de forma que seja possível avaliar como uma abordagem de ensino se compara a outra. E aí podemos ver que seus alunos poderiam inclusive aprender tanto quanto ou até mais se tivessem sido ensinados de outra maneira.
Em outras palavras, pode ser que não haja motivos para você ter uma abordagem pedagógica preferida. Nenhum(a) professor(a) pode saber o que suas crianças estão deixando de aprender por meio da abordagem atual, que parece tão satisfatória.
Terceiro, estou me referindo a pesquisas que se concentram em resultados específicos, na maioria das vezes nos ganhos de leitura mas também em outros resultados (por exemplo, interesse, motivação). Às vezes, pode parecer que os(as) professores(as) “negam a ciência” porque não reconhecem as descobertas reveladas pela pesquisa.
O(a) pesquisador(a) se preocupa em saber quantas palavras corretas por minuto as crianças podem ler, se elas podem decodificar uma lista de palavras sem significados ou quantas perguntas de múltipla escolha foram respondidas em uma avaliação. O professor pode ter outros critérios em mente.
Há alguns “casos” que sempre acontecem comigo. Quando mostro as provas de que um certo Método A obtém melhores resultados de aprendizado do que um Método B, sou inundado em mensagens de defensores de um Método B. Essas pessoas têm certeza de que, se eu visitasse a sala de aula delas, eu mudaria de idéia.
Esses(as) professores(as) não são burros(as), apenas têm objetivos diferentes dos adotados pelos pesquisadores.
Estou tentando fazer com que as crianças alcancem os níveis mais altos de aprendizado em leitura e escrita. Os(as) professores(as) também podem querer isso, mas podem valorizar ainda mais a sensação de poder ensinar de forma que eles (professores) se sintam em casa. É por isso que têm tanta certeza de que, se eu visse o quão boa é a sala de aula deles(as), eu escolheria a abordagem deles(as) e não a mais eficaz, em teoria.
Os(as) professores(as) costumam me dizer que precisam fazer tudo do jeito deles(as), porque estão ensinando “amor pela leitura”. Parece não incomodar a ninguém o fato de que não há uma referência de “amor pela leitura” no estado onde vivem, nenhum estímulo a esse “amor pela leitura” ou que esse “amor” depende muito do quão bem as crianças conseguem ler.
Podemos amontoar pesquisas e mais pesquisas aos pés desses(as) professores(as), mas essas pesquisas não se encaixam nas crenças e nos objetivos desses(as) educadores(as). Não importa quantas evidências nós mostremos, pessoas assim nunca serão convencidas.
Estimular o interesse pela pesquisa também é importante
Em conclusão, professores(as) geralmente sabem pouquíssimo sobre pesquisa – métodos de estudo, raciocínio, ética científica… Mesmo nas universidades de primeira linha, os estudantes dos cursos de educação têm pouco ou quase nenhum treinamento em pesquisa para professores e diretores. É difícil confiar em algo que você não entende.
Os(as) professores(as) muitas vezes duvidam de que “a pesquisa pode provar qualquer coisa”, revelando suas profundas suspeitas sobre a falta de confiabilidade tanto das evidências da(s) pesquisas quanto dos(as) pesquisadores(as).
Obviamente, os(as) pesquisadores(as) se preocupam bastante com esses problemas. É por isso que, por exemplo, a maior parte de nós não faz recomendações com base em apenas uma ou outra pesquisa, mas observando os resultados médios de diversas pesquisas para garantir a consistência das evidências descobertas.
Se um estudo diz que o “Programa de Leitura XYZ” gerou ótimos resultados, isso é uma coisa; mas se 38 ou 51 estudos reafirmam esse sucesso, então eu estou a bordo. Essa é a razão pela qual relatórios de diversos órgãos públicos dos Estados Unidos são tão úteis… é pouco provável que um estudo a mais atrapalhe esse sucesso, já que esses resultados se baseiam em muitas evidências. É nessa consistência que nós confiamos.
Quando o assunto é descoberta científica, outro benefício da abordagem metanalítica é que ela nos permite saber não apenas que uma abordagem funcionou – ou seja, que teve um efeito positivo no aprendizado – mas também entender o público com quem a abordagem funcionou e sob que circunstâncias ela deu certo.
Em muitas escolas, esse pensamento de “funcionar ou não” parece diminuir o nível de detalhe que os(as) professores(as) precisam para pôr em prática com sucesso os resultados das pesquisas – e justamente esses detalhes dariam aos professores maior confiança de que vale a pena seguir as pesquisas. Se 30 minutos por dia de ensino de fluência, por exemplo, podem melhorar essa habilidade, é necessário incluir esse ensino no planejamento. Mas se o(a) professor(a) não sabe o tempo de aula ou tipo de texto usado, o método pode falhar.
O(A) professor(a) que coloca as crianças para ler em voz alta uma página de texto fácil, para que pratiquem a fluência, está honrando a descoberta da pesquisa – o ensino de fluência é eficaz. Porém, não está seguindo as práticas pedagógicas específicas que levaram a essa descoberta.
Pouco a pouco, as crianças devem aprender muito com essa leitura, se o(a) professor(a) seguir a pesquisa. As evidências são a única ferramenta que temos para determinar quais métodos de ensino têm maior probabilidade de beneficiar o aprendizado de nossos alunos. O senso comum e a sabedoria acabam sendo são inúteis. É fácil para um(a) professor(a) deixar de buscar conquistas maiores para a turma se, para ele(a), “as crianças parecem ler bem”. Mas, atualmente, a tecnologia e as mudanças na maneira como trabalhamos e interagimos socialmente exigem níveis mais altos de alfabetização do que no passado. É importante prestar atenção nisso se os(as) estudantes precisam participar plenamente de nossa sociedade. Mais conhecimento sobre como a pesquisa é feita e como é avaliada ajudaria muito os(as) professores(as) a entender que essas informações podem realmente ajudá-los a serem cada vez melhores.
Espero que você consiga fazer as transformações necessárias na sua escola. Se bem feitas, elas podem levar a melhores resultados para todas as suas crianças.
Timothy Shanahan é professor emérito da Universidade de Illinois em Chicago, nos Estados Unidos, onde foi diretor fundador do UIC Center for Literacy. É ex-diretor de leitura das escolas públicas de Chicago. Foi membro do Conselho Consultivo do Instituto Nacional de Alfabetização, sob os presidentes George W. Bush e Barack Obama. É autor/editor de mais de 200 publicações sobre educação em alfabetização, com ênfase nas conexões entre leitura e escrita, alfabetização em disciplinas e melhoria no desempenho da leitura.
Neste vídeo, a pesquisadora Daphne Greenberg, da Georgia State University, lista mais algumas dicas de como oferecer um ensino de qualidade a adultos(as) analfabetos. Essas necessidades vão desde o aprendizado das letras e números até o conhecimento de mundo dessas pessoas. Confira no vídeo a seguir.
Na próxima semana, a professora Greenberg relata como anda a realidade dos adultos analfabetos, nos Estados Unidos, e como o aprendizado ou a falta dele pode impactar na vida dessas pessoas. Leia novidades em primeira mão tocando no sino ao lado para receber s notificações do blog Ciência do Aprendizado, da Escribo. Até logo!
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
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