por Americo N. Amorim | jul 20, 2021 | Economia, Gestão escolar, Inovação no Ensino, Neuroeducação, Pesquisas em educação, Políticas Públicas
Muitos professores de todo o Brasil nos pedem indicações de obras para suas leituras, principalmente quando concluímos um curso aqui na Escribo. Pensando nisso, montamos uma lista com 10 indicações de livros feitas por parceiros da Escribo, pesquisadores educacionais e educadores com ampla experiência e produção literária. Boa leitura!
Criar Leitores – para professores e educadores, de José Morais
Indicado pelo neurocientista Augusto Buchweitz
Criar Leitores ensina aos professores, educadores, pais e profissionais de saúde o que acontece no cérebro da criança quando ela aprende a ler. O autor se aprofunda nos processos cognitivos e nas diversas etapas de aprendizagem percorridas até a alfabetização; explica como surgem as dificuldades na infância e recomenda intervenções e abordagens pedagógicas para superar esses obstáculos. Esse livro é baseado em evidências científicas importantes reconhecidas por todo o mundo.
O português José Morais, autor do livro, é doutor em Desenvolvimento da Cognição e Psicolinguística e professor emérito da Universidade Livre de Bruxelas. Ele é um dos maiores especialistas do mundo em alfabetização, e já trabalhou com políticas públicas educacionais para Portugal e França. Obtenha o livro na Amazon neste link.
A Professora da Alfabetização, de Américo Amorim
O livro conta a história de Juliana, professora que foi finalmente nomeada para ensinar em uma rede municipal. No primeiro dia de aula, ela se depara com um bilhete anônimo de boas-vindas. Já nas primeiras aulas os bilhetes passam a criticar suas práticas pedagógicas. Nos dias seguintes, começam a ordenar que a professora faça as crianças aprenderem a ler e escrever em um prazo curtíssimo, qualquer professora diria ser impossível. Ela volta a estudar e aprende novas evidências científicas sobre como ensinar a ler e escrever.
A obra é de autoria do pernambucano Dr. Américo Amorim, pesquisador da New York University, em parceria com o escritor Matheus Bento. Américo é fundador e cientista-chefe da Escribo, startup ligada ao ecossistema Porto Digital, onde desenvolve jogos pedagógicos que fortalecem o aprendizado de 105 mil crianças em 2.200 escolas do Brasil e do Panamá. Estimulando a consciência fonológica e fonêmica de forma lúdica e sistemática, ela sente o avanço das crianças. Ao mesmo tempo, tenta descobrir quem é o maluco que a persegue e escreve os bilhetes infames. Leia agora.
Formando Mais que Um Professor, de Elizabeth Green
Indicado pelo gerente no Todos Pela Educação Gabriel Corrêa
O que é preciso para ser um bom professor? O livro Formando Mais que Um Professor apresenta diversas abordagens práticas, adotadas pelos melhores professores no mundo todo, para que as crianças prestem atenção e aprendam ainda mais. Unindo novas pesquisas de psicologia cognitiva à experiência de professores, a autora também explica como os professores devem se preparar antes de entrar em aula; como conquistar o interesse das crianças e como a professora pode fortalecer os conteúdos da sua disciplina.
O livro foi escrito por Elizabeth Green, uma experiente jornalista especializada em educação, com passagens nos principais jornais americanos. Essa obra mostra como ensinar é um processo complexo e cheio de nuances e como as famílias também podem descobrir as reais necessidades dos filhos em sala. Adquira este livro neste link.
País Mal Educado, de Daniel Barros
Indicado pela pesquisadora da FGV-RJ e de Harvard Claudia Costin
Os leitores podem se aprofundar em uma realidade já conhecida, no livro País Mal Educado: uma quantidade enorme de crianças e adolescentes brasileiras aprende pouco ou quase nada em sala de aula. O autor faz uma série de pesquisas, entrevistas e investigações em sala de aula para nos mostrar as falhas mais graves do sistema educacional brasileiro e como elas podem ser corrigidas.
O brasileiro Daniel Barros é jornalista, mestre em administração pública pela Universidade Columbia, em Nova York, e conquistou diversos prêmios jornalísticos, como o Esso, na categoria Educação, em 2014. O livro está disponível na Amazon.
Algoritmos para viver: a ciência exata das decisões humanas, de Brian Christian e Tom Griffiths
Indicado pelo pesquisador e jornalista da CNN Brasil Rodrigo Maia
Quando alguém fala de algoritmos, geralmente pensamos em programas de computador. Mas Algoritmos para viver explica justamente que eles fazem parte das nossas vidas e nos ajudam a realizar diferentes tarefas desde a Idade da Pedra. O livro explica de forma didática problemas matemáticos conhecidos, de onde surgiram e como funcionam vários algoritmos.
Com base em entrevistas com especialistas e pesquisas multidisciplinares, o jornalista Brian Christian e o professor de psicologia e ciência cognitiva Tom Griffiths exploram esse lado da matemática que governa cada vez mais o nosso dia a dia. Adquira o livro aqui.
Planejamento para a Compreensão: Alinhando Currículo, Avaliação e Ensino por Meio da Prática do Planejamento Reverso, de Grant Wiggins e Jay McTighe
Indicado pelo presidente do Instituto Singularidades Alexandre Schneider
Planejamento para a Compreensão explica o conceito de planejamento reverso. Dentro dessa visão, as escolas e professoras podem criar um planejamento curricular que facilite a aprendizagem e crie uma experiência mais atrativa e envolvente tanto para alunos como para professores. Para isso, o livro se propõe a responder perguntas como o que é compreensão; o que é conhecimento; e como criar uma planejamento que traga resultados.
Os autores Grant Wiggins (1950-2015) e Jay McTighe são referências em educação nos EUA. Wiggins era doutor em educação pela Harvard University e foi consultor em diversas escolas estaduais e nacionais, e em parceria com o professor McTighe, escreveram juntos diversos livros na área de educação. Para adquirir este livro, toque aqui.
O Eduquês em Discurso Direto, de Nuno Crato
Indicado pelo neurocientista Augusto Buchweitz
Quando o assunto é educação, precisamos fugir do clichê e do lugar-comum e buscar o que realmente funciona. Essa é a proposta do livro O Eduquês em Discurso Direto, do professor Nuno Crato. Com base em evidências da psicologia e da pedagogia, o autor faz uma crítica a expressões como “aprender a aprender” ou “ensino centrado no aluno”, e como os profissionais da educação precisam se atualizar e ir além desses conceitos para que as crianças aprendam mais e melhor.
Também português, o economista Nuno Crato é doutor em matemática aplicada pela Universidade de Delaware (EUA), onde foi pesquisador e lecionou por anos. Como ministro da Educação e Ciência de Portugal, entre 2011 e 2015, coordenou uma das reformas educacionais mais importantes para o país. A edição mais recente está disponível na Amazon neste link.
Educação em Debate, do Todos pela Educação (2018)
Indicado pelo gerente no Todos Pela Educação Gabriel Corrêa
Organizado em 46 artigos, o livro Educação em Debate mostra quais os principais desafios para a educação entre os anos de 2019 e 2022. Especialistas de áreas como Pedagogia, Sociologia, Psicologia apresentam propostas de políticas públicas para a melhoria da qualidade do sistema de ensino brasileiro.
O livro foi produzido pelo Todos Pela Educação e pela Fundação Santillana / Editora Moderna. Baixe o livro gratuitamente neste link.
Líderes na Escola, de Antônio Góis
Indicado pela pesquisadora da FGV-RJ e de Harvard Claudia Costin
Líderes na Escola apresenta uma série de experiências que o autor Antônio Góis conheceu de perto em escolas públicas de educação básica no Brasil, Chile, México, EUA, Canadá e Singapura. Esses países foram escolhidos por terem muitas semelhanças com o momento atual brasileiro ou por adotarem sistemas considerados mais evoluídos, quando o assunto é políticas de gestão escolar.
O autor, Antônio Góis, é jornalista especialista em educação e colunista do jornal O Globo. O livro foi publicado gratuitamente pela Fundação Santillana / Editora Moderna (baixe aqui).
Como as democracias morrem, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt
Indicado pelo pesquisador e jornalista da CNN Brasil Rodrigo Maia
O livro Como as democracias morrem nos faz uma pergunta: democracias tradicionais podem deixar de existir? Para tentar respondê-la, os autores Steven Levitsky e Daniel Ziblatt analisam a eleição de Donald Trump, ex-presidente controverso dos Estados Unidos, e o que ela tem em comum com a ascensão de Hitler, de ditaduras militares na América Latina, e diversos outros acontecimentos históricos. Podem parecer assuntos muito distantes, mas eles têm muito a ver.
Steven Levitsky e Daniel Ziblatt são cientistas políticos e professores conceituados da Universidade de Harvard, nos EUA. Eles criaram essa obra que é muito importante para entender o momento histórico que vivemos no Brasil e no mundo, e que nos ensina por que precisamos proteger a democracia de ataques e ameaças. Toque aqui para obter o livro.
Bônus!
Separamos algumas obras que podem interessar pelas histórias contemporâneas, curiosidades ou lições de vidas vividas pelos autores e personagens.
A menina da montanha, de Tara Westover
Indicado pelo gerente no Todos Pela Educação Gabriel Corrêa
O livro conta a história da americana Tara Westover, que tinha 17 anos quando entrou pela primeira vez em uma sala de aula. A família dela estava sempre se preparando para o fim do mundo – por influência do pai. Além de desconfiar das escolas, ele também desconfiava de médicos, por isso Tara nunca passou por uma consulta. Mesmo com todas as dificuldades, ela consegue estudar e alcançar cada vez mais conquistas por meio da educação.
A menina da montanha é um relato autobiográfico sobre a busca da Tara por uma nova identidade e sobre o potencial que a educação tem de transformar vidas. É uma história sobre relações familiares e sobre as dificuldades e dores de desfazer esses laços. Adquira neste link.
O Alienista, de Machado de Assis
Indicado pelo presidente do Instituto Singularidades Alexandre Schneider
Um clássico da literatura brasileira, esse conto de Machado de Assis continua sendo uma das observações mais importantes dos danos que uma pessoa má intencionada ou má instruída pode causar se utilizando da ciência. É uma história surpreendente e traz um debate muito atual sobre desvios e normalidade, loucura e razão, comédia de costumes e sátira política. O Alienista está disponível gratuitamente no site Domínio Público (baixe aqui).
O Louco de Palestra, de Vanessa Bárbara
Indicado pelo diretor de Políticas Educacionais da Fundação Lemann Daniel de Bonis
A autora Vanessa Barbara escreveu uma série de crônicas sobre o bairro paulistano do Mandaqui, e sobre as diferentes personalidades que vivem e andam pelas ruas locais. Na crônica que dá nome ao livro, ela fala sobre o “louco de palestra”, aquela pessoa meio desligada da realidade que volta e meia fala alto, comenta e atrapalha palestras, seminários ou debates. Adquira aqui.
Como me descobri negra, da Bianca Santana
Indicado pelo diretor de Políticas Educacionais da Fundação Lemann Daniel de Bonis
“Tenho 30 anos, mas sou negra há dez. Antes, era morena.” É com essa frase que a autora Bianca Santana começa uma série de reflexões sobre experiências pessoais ou que ela ouviu de outras mulheres e homens negros. Ela explora esse conceito de se entender como pessoa negra e como isso é afetado pelo racismo vivido no dia a dia por essas pessoas. Toque aqui para obter este livro.
Risque esta palavra, da Ana Martins Marques
Indicado pelo diretor de Políticas Educacionais da Fundação Lemann Daniel de Bonis
Livro de poesias no qual a autora Ana Martins Marques cria uma espécie de diário de memórias afetivas, e o poder que as palavras têm para transformar essas lembranças. Disponível neste link.
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | maio 21, 2021 | Educação Infantil, Ensino Fundamental, Gestão escolar, Inovação no Ensino, Pesquisas em educação
Lançamos o curso Gestão do Aprendizado Baseada em Evidências! Em homenagem ao Dia do Pedagogo (20/05), o curso será gratuito para todas as educadoras e educadores do Brasil, que poderão fortalecer ainda mais suas habilidades para:
👪 Estimular o engajamento das famílias;
💡 Acompanhar e fortalecer o aprendizado;
👶 Personalizar o ensino desde a educação infantil;
😊 Fortalecer os relatórios e devolutivas;
👨🏽🏫 E planejar aulas e conteúdos para os próximos meses.
O curso terá cinco aulas, todas às terças-feiras começando já na próxima terça (25), sempre às 19h. As aulas são acompanhadas de atividades, vídeos e textos para ampliar ainda mais os conhecimentos, e ao fim os(as) participantes vão receber um certificado de 20h.
Participe e aprenda com os melhores educadores do mundo! Quem já tem acesso à plataforma escribo.com/cursos, basta entrar com login e senha. Inscrições abertas em escribo.com/whatsapp.
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | maio 7, 2021 | Escribo Play, Inovação no Ensino, Pesquisas em educação
Para ficar mais perto das escolas e famílias parceiras, lançamos o Escribo News! Com o informativo, nossos leitores terão na palma da mão as principais novidades da Escribo: novos jogos pedagógicos e tutoriais do Escribo Play, descobertas científicas importantes, cursos e formações para professores(as), posts no Blog da Escribo e muito mais.
Para acessar os conteúdos, leia o QR Code na câmera do seu celular ou acesse os links abaixo. E se sua criança já utiliza o Escribo Play, você receberá no aplicativo uma notificação quando tivermos um novo Escribo News. Confira a primeira edição abaixo!
Dicas da Dra. Catherine Snow, de Harvard!
O que contribui para a criança desenvolver uma ótima capacidade de leitura e escrita? Descubra nestes vídeos como a família é fundamental para o aprendizado!
Atividades são muito importantes!
Veja como as crianças podem exercitar em casa o que aprendem na escola com o menu Atividades do Escribo Play!
Ensinar mais e melhor!
Professores(as) que concluíram o curso Aprendizagem Online estão 62% mais confiantes para ensinar em ambientes online, de acordo com a pesquisa que publicamos no congresso internacional 2021 Biennial Meeting, da Society for Research in Child Development. Leia mais aqui mesmo no Blog!
Não deixe de tocar no sininho ao lado e receber as principais novidades do Blog da Escribo! Para tirar dúvidas conosco, mande um e-mail para [email protected] ou envie uma mensagem para o nosso WhatsApp. Grande abraço!
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | abr 27, 2021 | Gestão escolar, Inovação no Ensino, Pesquisas em educação, Políticas Públicas
No último sábado (24), perdemos repentinamente o nosso parceiro Robert Slavin, professor da Johns Hopkins University. Pesquisador educacional, ele colaborava com descobertas científicas importantes que publicamos no Blog da Escribo e era um dos professores convidados nos nossos cursos, apoiando assim crianças e professoras brasileiras. Em 30 anos de trabalho, o pesquisador impactou o aprendizado de 2 milhões de crianças e 50 mil professoras em todo o mundo.
No começo da carreira, Slavin pesquisou formas de fortalecer o aprendizado utilizando a cooperação entre os estudantes. E foi aí que ele começou a desenvolver experimentos para descobrir se essas ideias eram realmente eficazes para que um aluno conseguisse fortalecer o aprendizado do outro (cooperative learning, em inglês).
Anos depois, pesquisou sobre metodologias no ensino de leitura e da escrita na alfabetização. Ele também liderou experimentos feitos em larga escala para testar os resultados de materiais didáticos que ele mesmo desenvolveu na Johns Hopkins.
Depois, ele começou a analisar os resultados de experimentos feitos por outros pesquisadores, tornando-se um dos pioneiros na realização de metanálises rigorosas no campo da pesquisa educacional. Assim, ele conseguiu comparar diversas metodologias de ensino de leitura e escrita – inclusive, comparou o desempenho de escolas puramente construtivistas e escolas que também trabalhavam a consciência fonológica (CF). Ele descobriu que as crianças desse segundo grupo, escolas adeptas da CF, tinham o dobro de aprendizado do que as do primeiro grupo.
Artigos de Robert Slavin
Chega de desculpas: podemos ensinar todas as crianças a ler!
Prêmio Nobel comprova a importância das evidências científicas para a educação
Programas educativos de sucesso podem ser replicados, sim!
Evidência e política: se você quer fazer uma bolsa de seda, por que não usar… seda?
Por que não o melhor?
Slavin também fez experimentos na área de matemática para descobrir o que dava mais resultados no aprendizado: se era uma formação de professores mais tradicional, ou que usasse metodologias de gestão de sala de aula, sistemas de ensino, tecnologias educacionais ou outros suportes. Um desses experimentos está disponível para leitura neste link (em inglês).
Mais recentemente, ele pesquisou sobre como criar tecnologias educacionais que realmente gerem ganhos de aprendizado de leitura, escrita e matemática. Revisando pesquisas do mundo inteiro, ele descobriu que poucas tecnologias têm bons resultados pois a maioria delas não é criada com base em evidências científicas.
Em relação ao Brasil, Robert Slavin já contribuiu efetivamente com lideranças técnicas do Ministério da Educação, na década de 1990. Nos últimos anos, ele colaborou ativamente com a Escribo para disseminar o uso de evidências científicas dentro das escolas brasileiras.
Prof. Slavin fazia questão de ser um grande parceiro
Quando eu estava fazendo minhas leituras do doutorado, me deparei com vários artigos do prof. Robert Slavin. Foi uma surpresa ver que ele era pesquisador da Johns Hopkins, onde eu estudava. Mas o melhor ainda estava por chegar. Descobri que um colega de turma trabalhava na equipe do Dr. Robert e ele me levou para conhecê-lo. Tivemos uma conversa maravilhosa sobre o uso de evidências e como elas poderiam fortalecer o aprendizado das crianças no Brasil. A partir deste dia, ele colaborou ativamente com todas as iniciativas da Escribo para fortalecer o aprendizado no Brasil.
Nunca vou esquecer do último e-mail que ele me enviou, em 18 de março de 2021, comentando sobre o desafio que decidimos enfrentar na Escribo: fortalecer o ensino eficaz de matemática na educação infantil utilizando jogos digitais. Mesmo quando a missão era extremamente desafiadora, ele sempre nos encorajava: “I would not give up on the possibility, but seventy years of research and development have certainly shown that it is not easy” (“eu não desistiria da possibilidade, mas setenta anos de pesquisa e desenvolvimento certamente mostraram que não é fácil”).
No dia que soube de seu falecimento, fiquei muito triste. Perdemos uma pessoa boa, generosa, que amava a educação e dedicou sua vida a pesquisar e testar formas de fortalecer o aprendizado. Mas seu trabalho não irá parar, pois continuaremos produzindo e utilizando evidências em prol das crianças.
Ele tinha como missão transformar a educação e nos mostrar como sempre podemos ensinar mais e melhor para as crianças. Fica o nosso agradecimento ao professor Robert Slavin, seu trabalho vai continuar influenciando o ensino e a aprendizagem por gerações.
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Robert Slavin | dez 18, 2020 | Educação Infantil, Ensino Fundamental, Gestão escolar, Inovação no Ensino, Pesquisas em educação, Políticas Públicas
É importante que cada criança se torne uma leitora confiante, habilidosa e motivada. As avaliações da educação nos Estados Unidos nos lembram que há muitas crianças que ainda não leem bem. As crianças de grupos minoritários e desfavorecidos geralmente estão entre as que têm desempenho mais fraco. A desigualdade presente nos resultados escolares, quando fazemos o recorte de raça e classe (nosso problema social e educacional mais grave), começa com o baixo índice de aprendizado já na educação infantil.
Todo mundo sabe que crianças que não leem bem vão precisar de grandes esforços para aprenderem, de abordagens de ensino especiais, podem repetir de ano e, em última instância, agir com delinquência, desistir da escola e na vida adulta ter problemas para conseguir um emprego.
Nós já sabemos como garantir o sucesso de praticamente todos os alunos entre o 1º e o 2º ano do ensino fundamental. Imagine que seu trabalho é garantir que todas as crianças de uma escola aprendam a ler até o final do primeiro ano e você tem recursos para fazer isso. Essas crianças estão em situação de vulnerabilidade social. Como você faria isto?
Você garantiria que as crianças, já na educação infantil e nos anos iniciais, tivessem experiências com a linguagem oral, aprendessem consciência fonológica, conhecessem os sons das letras (fonemas), aprendessem usando livros, aplicativos e/ou sistemas de ensino de leitura baseados em evidências científicas. Tais programas iriam enfatizar o aprendizado sistemático de fonética, compreensão, fluência e vocabulário.
Reconhecendo que mesmo com o melhor ensino nem todas as crianças serão bem-sucedidas, você daria aulas individuais para as crianças que estão com dificuldades no primeiro ano do ensino fundamental. Você testaria a visão das crianças e verificaria se elas teriam óculos, caso precisassem. Você verificaria a audição e a saúde delas como um todo e se certificaria de que todos esses problemas também fossem resolvidos.
Você ajudaria os professores a usar estratégias eficazes, como a aprendizagem cooperativa, para motivar e envolver as crianças na leitura. Adotaria métodos eficazes de gerenciamento de sala de aula para aumentar a motivação e fazer o uso eficaz do tempo de aula.
Você usaria tecnologia para deixar as crianças mais engajadas, entender as necessidades delas e personalizar as aulas para desenvolver as habilidades dos alunos. Você iria avaliar constantemente o progresso das crianças no aprendizado de leitura e agiria imediatamente caso descobrisse que elas estão ficando para trás de alguma forma.
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Robert Slavin: Evidência e política: se você quer fazer uma bolsa de seda, por que não usar… seda?
Robert Slavin’s Blog: Por que não o melhor?
Compreendendo que as famílias são parceiras fundamentais, você incentivaria pais, mães e outros parentes e os ajudaria a ler com os filhos, construir vocabulário e desenvolver o amor pela leitura. Você também trabalharia com os pais para ajudar a garantir que todas as crianças frequentem a escola todos os dias e sejam saudáveis, bem nutridas e durmam o suficiente.
Você proporcionaria à sua equipe um amplo desenvolvimento profissional, oportunidades frequentes para compartilhar ideias e resolver problemas uns com os outros, e monitoraria constantemente o andamento de cada parte de sua estratégia. E quando sua equipe se deparasse com problemas que não fossem resolvidos com as abordagens atuais, você ia experimentar soluções alternativas.
Já foi comprovado por evidências científicas que cada um destes pontos que mencionei melhora o desempenho de leitura das crianças.
Se você fizesse todas essas coisas, e se todo o sistema escolar estivesse focado em garantir que elas fossem feitas em todas as escolas da educação infantil e dos anos iniciais, você tem alguma dúvida de que os baixos índices de aprendizado de leitura seriam praticamente eliminados?
No entanto, esse conjunto bastante óbvio de ações está longe de ser o que realmente acontece, especialmente na maioria das escolas em locais onde as crianças estão em vulnerabilidade social. O financiamento de várias dessas escolas é muito dependente das políticas federais. Essa é uma área em que a política federal pode fazer mudanças de impacto positivo. As políticas federais às vezes se concentram em aspectos da leitura, mas não permitem uma abordagem abrangente, necessária para que todas as crianças aprendam.
Vários problemas educacionais são muito complexos e as soluções eficazes não são descobertas de imediato. Por outro lado, já sabemos como ensinar todas as crianças a ler. Não deveríamos focar nossa atenção e esforços neste problema crítico e solucionável?
Artigo traduzido por Américo Amorim e Danilo Aguiar.
Diretor do Centro de Pesquisa e Reforma em Educação da Universidade Johns Hopkins. Ph.D. em Relações Sociais pela Universidade Johns Hopkins, Dr. Slavin é autor ou co-autor de 24 livros e mais de 300 artigos e capítulos de livros sobre reformas na educação baseada em evidências e diversos outros temas relacionados.
por Larry Cuban | dez 17, 2020 | Educação Infantil, Ensino Fundamental, Gestão escolar, Inovação no Ensino, Pesquisas em educação, Políticas Públicas
A antiga lei de diretrizes da educação infantil e do ensino fundamental dos Estados Unidos (No Child Left Behind Act, ou NCLB, de 2001) “cravou uma estaca” no próprio coração. OK, isso é um pouco dramático. Mas a reforma educacional progressista chamada de “avaliação autêntica”* foi deixada de lado pelos testes padronizados e pelo movimento de responsabilização que começou no início dos anos 1980, ganhou velocidade nos anos 1990 e acelerou na velocidade da luz quando a lei NCLB foi sancionada.
Escolha sua metáfora mas, exceto alguns professores espalhados pelos Estados Unidos que começaram a ensinar no auge da “avaliação autêntica”, poucos secretários, diretores e professores novatos, muito menos os pais, já ouviram falar desse modo progressista de avaliar a aprendizagem do aluno.
Onde e quando a avaliação autêntica se originou?
Na década de 1980, após o relatório A Nation at Risk (Uma nação em risco), os legisladores estaduais se apressaram para elevar os padrões curriculares e aumentar a responsabilidade das escolas e distritos. Um resultado dessas reformas em todo o país foi um aumento acentuado no número de alunos que fazem as avaliações nacionais exigidas. No final da década de 1980 e início de 1990, os progressistas* da época, como Deborah Meier, Grant Wiggins, Fred Newmann, Linda Darling Hammond e Ted Sizer procuraram fazer com que as escolas exigissem mais do intelecto dos alunos em tarefas, atividades e avaliações.
Meier, Sizer e outros, por exemplo, criaram e organizaram escolas com professores que incentivavam os alunos a não apenas pensar sobre o conteúdo e as habilidades que aprenderam, de maneira que iam muito além do que os itens de múltipla escolha em uma avaliação nacional capturariam, mas também a demonstrar aos outros por meio de atividades práticas e exercícios o que aprenderam, e aplicar esse aprendizado ao mundo em que vivem.
As “avaliações autênticas” se tornaram reformas educacionais mencionadas com frequência. A frase “avaliação de desempenho” também foi usada com o mesmo sentido de “avaliação autêntica”.
Que problemas a avaliação autêntica pretendia resolver?
Vindo na esteira do aumento das avaliações nacionais e do estreitamento do currículo para as matérias testadas – aprendizado de leitura e matemática, especialmente em escolas pobres e de minorias, passamos a cobrir apenas o conteúdo abordado nas avaliações e realizar atividades repetitivas. Essas avaliações medem a aprendizagem do aluno de forma muito limitada e compreendem pouco o desempenho.
No entanto, os formuladores de políticas educacionais consideraram que esses testes são precisos na hora de avaliar o aprendizado dos alunos. Por último, essas crianças ficaram cada vez mais desestimuladas e chegaram a adotar uma postura passiva, sem envolvimento.
Vendo todo esse retrocesso, os defensores de reformas educacionais viram a avaliação autêntica (agora sem aspas, mesmo) como uma forma de retornar o ensino e a aprendizagem às suas raízes progressistas, envolvendo os alunos por meio da conexão de conteúdo e habilidades com tarefas do mundo real e aumentando assim a participação dos alunos no processo de aprendizagem.
Como é a avaliação autêntica nas salas de aula?
Não consegui encontrar projetos de alunos ou uma aula de um professor que trabalhasse com a avaliação autêntica. De toda forma, pode ser que eles existam. O que eu encontrei depois de muitas pesquisas foram videoclipes de escolas comprometidas com uma avaliação autêntica e uma professora da terceira série descrevendo o que ela fez com alunos em aulas que envolvem Linguagem.
Fiquei surpreso com a escassez de fontes que descrevem o que realmente ocorre nas salas de aula. Planejar e aplicar atividades de avaliação autênticas em sala de aula exige muito trabalho dos professores. É verdade que é necessário todo o trabalho de ensino no começo, mas a avaliação pode ser usada depois com frequência.
Existem atalhos, é claro, para criar essas avaliações e pensar em tarefas para os alunos fazerem. No entanto, gastamos muito tempo para encontrar a atividade certa e que acompanhe exatamente os objetivos de aprendizagem que o professor busca avaliar. Peço desculpas aos leitores por não ter esses exemplos.**
Talvez eu tenha procurado nos lugares errados ou não tenha sido persistente o suficiente.
A avaliação autêntica funcionou?
Aqui está o dilema em que os campeões da avaliação autêntica se encontram. Se “trabalho” significa eficácia em determinar se os alunos aprenderam o conteúdo e as habilidades exigidas e se tiveram um desempenho satisfatório nas avaliações estaduais obrigatórias, em que grau a avaliação autêntica ajudou no resultado? Vou simplificar.
Um professor de sala de aula ou o diretor de escola comprometidos com uma avaliação autêntica, por meio de exercícios e portfólios de seus alunos, considera as pontuações em avaliações nacionais padronizadas como prova de aprendizagem? Ou o professor, a escola ou as secretarias de educação projetam suas próprias medidas para determinar o nível de aprendizado dos alunos? Ou ambos importam?
As respostas a essas perguntas apresentam uma contradição, uma vez que os testes estaduais e nacionais são medidas limitadas da aprendizagem do aluno de conteúdos e habilidades. Esses testes falham em compreender as habilidades críticas adquiridas ao avaliar tarefas distintas de forma autêntica. A resposta à outra pergunta é “sim”, o que significa um enorme investimento de tempo dos professores e outros, um cálculo que professores e gestores têm que fazer, dada às outras demandas dos professores durante o dia escolar.
Quando o estado de Vermont, por exemplo, adotou portfólios como uma avaliação autêntica em vez de avaliações nacionais, pesquisadores refletiram se os portfólios forneciam dados suficientes e precisos sobre o desempenho dos alunos. Eles concluíram que os dados que coletaram tinham menos qualidade do que os resultados das avaliações nacionais tradicionais.
O que aconteceu com a avaliação autêntica?
Como muitas novidades progressistas no repertório de professores ao longo das décadas, a empolgação em torno das avaliações autênticas no final dos anos 1980 e início dos anos 1990 diminuiu. A ideia de professores e escolas projetarem atividades de avaliação que captam se os alunos conseguem aplicar o que aprenderam, é claro, continua a aparecer nas aulas de muitos professores nas 100.000 escolas dos EUA. Os professores frequentemente combinavam formas tradicionais e progressistas de ensino e aprendizagem ao longo das décadas. Mas o impulsionamento e o alvoroço em torno da avaliação autêntica desapareceram. Em 2020, as avaliações nacionais seguem em primeiro lugar na hora de avaliar o aprendizado dos alunos.
* Eu uso a palavra Progressista para descrever a avaliação autêntica, uma vez que visa o princípio da criança aprender fazendo e envolvendo a atenção e a participação do aluno em tarefas do mundo real. Esses eram os objetivos dos progressistas pedagógicos do início do século XX e dos educadores atuais comprometidos com o ensino e a aprendizagem construtivistas .
** Consulte os comentários de leitores que recomendaram fontes que não incluí. Especialmente os comentários de Bob Lenz e os links que ele fornece para avaliações de desempenho atuais. Obrigado, Bob.
Artigo traduzido por Américo Amorim e Danilo Aguiar.
Professor emérito de educação na Universidade de Stanford. Foi professor de estudos sociais do ensino médio, superintendente distrital e professor universitário (20 anos). Publicou artigos de opinião, acadêmicos e livros sobre ensino em sala de aula, história da reforma da escola, como as políticas são traduzidas em prática e uso de tecnologias por professores e alunos no ensino fundamental e médio.
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