por Americo N. Amorim | jan 27, 2015 | Geral
Despejar textos em alguns slides no PowerPoint. Usá-los como um roteiro que dê sequência às aulas enquanto você fala. Ler o que está escrito no slide no decorrer da aula. Essa fórmula simples e usada por muitos professores não é nada efetiva. Na verdade, a maioria dos alunos não estará aprendendo nada com ela.
É isso que afirma a professora Mary Jo Madda. Segundo ela, os erros mais cometidos pelos professores ao produzirem apresentações de slides (independente da disciplina) é o excesso de carga cognitiva, ou seja, muitas informações para o estudante processar de uma vez só e a redundância ao passar a mensagem. Entenda:
Sobrecarga cognitiva

O segredo para entender o que é a sobrecarga cognitiva é imaginar o cérebro do seu aluno como um container. Quanto mais pedras você vai jogando para preenchê-lo, mais pesado o container fica. Logo, mais difícil para o aluno carregá-lo. Basicamente, é assim que funciona o que Mary chama de “carga cognitiva”: ou seja, a capacidade do seu cérebro trabalhar a memória, suportá-la e enfim processá-la em pequenos pedaços de informação.
Como seres humanos, temos uma capacidade limitada de memorizar informações. Quando precisamos lidar com informações de muitas maneiras e vindas de muitos lugares, nossa carga cognitiva fica muito pesada e difícil de lidar. Na sala de aula, a carga cognitiva de um estudante é afetada diretamente pela origem da informação – ou seja, a forma com que ela é passada para ele.
Todo professor, instintivamente, sabe que existem meios bons e ruins de apresentar o conteúdo. Isso acontece, dizem as pesquisas, devido à consciência de que quando a carga de conteúdos é mais leve, fica mais fácil para o estudante capturar a informação e memorizá-la. Dar uma aula baseada em textos dispostos em slides do PowerPoint enquanto os lê, infelizmente, é uma forma de colocar muitas pedras no container do aluno – e causar uma regressão em seu aprendizado.
O efeito da redundância
Uma pesquisa feita na Austrália em 1999 concluiu que a ,b>utilização de palavras nos slides (como estímulo visual) durante uma apresentação oral (que já utiliza palavras por si só) aumenta a carga cognitiva em vez de diminuí-la, visto que a mesma informação vem de meios diferentes ao mesmo tempo, causando efeito negativo na aprendizagem e sobrecarregando o estudante.
Mary usa como exemplo uma aula de ciências para crianças, cujo conteúdo é cadeias alimentares. A medida que um slide aparece com a definição de cada termo, o professor começa a ler sequencialmente a definição que está ali. A duplicação da informação em meios diferentes – fala e escrita – não vai endossar positivamente uma a outra, mas sobrecarregar as habilidades do estudante em absorver aquela informação devido ao excesso.
Como aliviar a carga cognitiva
Para evitar os erros acima, a professora dá as seguintes recomendações para suas próximas apresentações:
1. Efetivar a sua oralidade

Quando o discurso chama a atenção do jeito certo, o aluno estará focando exatamente no que você quer passar, sem precisar desviar a atenção para outros meios. Assim, seu cérebro não fica saturado e a energia gasta no aprendizado é otimizada.
2. Aprenda o “princípio de personalização”
Esse princípio, desenvolvido na teoria de ensino multimídia, visa engajar o estudante repassando os conteúdos em tom de conversação. Esse agente pedagógico aumenta o foco do aluno, aumentando seu rendimento. Por exemplo: Usar exemplos do dia a dia e usar muitos “eus” e “vocês” para criar uma relação menos hostil entre educador e educando, visto que estes se identificam mais com a comunicação informal.
3. Elimine o máximo de elementos textuais

O ideal é ter os tópicos na memória e falá-los, compartilhando apenas imagens ou gráficos com os alunos. Richard Mayer, neurocirurgião e autor do livro “Multimedia Learning (Aprendizado Multimídia)” afirma ser mais efetivo utilizar imagens como conceitos-chave nos slides do que textos como palavras-chave. Por exemplo: mostrar imagens da dentição de um leão em comparação com a de uma zebra, para explanar a diferença entre carnívoros e herbívoros.
4. Se for usar palavras, limite-se à uma por slide.
Caso esteja definindo conceitos ou termologias, tente colocar a palavra associada à um conjunto de imagens, estimulando a dedução dos alunos.
Quais são as ferramentas que você utiliza para otimizar o aprendizado audiovisual em sala de aula?
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | jan 26, 2015 | Geral, Gestão escolar
Desenvolvido pelo The Economist Intelligence Uni, o estudo chamado “The Learning Curve”, ou “A Curva de Aprendizado”, está em sua segunda edição e visa traçar um panorama sobre o que está sendo feito na educação mundial através de rankings educacionais de vários países combinados. Além disso, a pesquisa também sugere o que pode ser melhorado no futuro a partir dos dados coletados.
O resultado que mais chama a atenção é que, apesar das habilidades cognitivas como leitura, escrita e aritmética serem de extrema importância – afinal, são a base de toda educação -, elas cada vez mais vêm se mostrando insuficientes ante às demandas do século XXI.
É preciso ir além do básico e cultivar habilidades à longo prazo, que acompanhem os alunos durante a vida inteira e trespassem o essencial. As seguintes habilidades não-cognitivas precisam ser ensinadas desde cedo, mas principalmente praticadas ao longo da formação do indivíduo, pois algumas aptidões são perdidas com a chegada da idade adulta – essa perda, porém, é muito mais ostensiva quando as habilidades não são utilizadas regularmente.
Na lista abaixo, seguem as 8 habilidades essenciais na interação social no século XXI apontadas pela pesquisa:
1. Liderança
2. Alfabetização digital
3. Comunicação
4. Inteligência emocional
5. Empreendedorismo
6. Cidadania global
7. Solução de problemas
8. Trabalho em equipe
O valor econômico das habilidades na nossa sociedade vem de como podemos empregá-las à nossa força de trabalho durante a vida adulta. Andreas Schleicher, diretor para Educação na OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), coloca: “A economia mundial não paga mais pelo que a pessoa sabe, mas pelo que pode fazer com o que sabe”.
Além disso, dados da OECD afirmam que metade do crescimento econômico em países desenvolvidos durante a última década veio de uma melhor capacitação do indivíduo na escola, deixando claro que o estímulo das habilidades extra-ordinárias possui um valor significativo para o crescimento das nações e o futuro dos seus cidadãos.
O Brasil, apesar de ter subido uma posição no ranking global de Habilidades Cognitivas e Desempenho Escolar desde a última pesquisa (realizada em 2012), figura queda de qualidade no mesmo índice – ou seja, apenas subiu pois os países que estavam na sua frente no índice anterior pioraram. É possível conferir a pesquisa na íntegra, em português, clicando aqui. E a sua escola, já trabalha habilidades diferenciais?
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | jan 23, 2015 | Geral
Um grande dilema enfrentado por educadores é estimular a criatividade dos alunos em sala de aula. O tempo limitado para a alta demanda de conteúdo, a necessidade de padronizar provas e manter a disciplina acaba tornando difícil a tarefa de instigar os alunos em atividades criativas.
É importante saber que a criatividade forma cidadãos mais comunicativos, que sabem se expressar melhor por conseguirem escolher as palavras certas em determinadas ocasiões, facilitando seus relacionamentos – inclusive no trabalho. Além disso, a confiança nas próprias ideias faz com que eles tenham mais coragem de colocá-las em prática. Pensando nisso, Shelley Carson (PhD da Universidade de Harvard) deu algumas recomendações sobre como introduzir criatividade no dia-a-dia dos alunos, mesmo com limitações de tempo e recursos.
Para ela, expor os alunos à material criativo, promover a curiosidade e fornecer uma atmosfera onde o esforço criativo é valorizado são pequenas maneiras de fazer a diferença.
Independente da matéria que seja ensinada, disponha de arte e música na sala de aula
Faça com que estas estejam periodicamente disponíveis aos alunos.Também deixe-os cientes de por que você escolheu aquele material. Outras formas de associar o conteúdo com a criatividade é incluindo posteres, produções teatrais e cinematográficas que se relacionem com o assunto.
Estimule o interesse dos alunos em trabalhos criativos com aulas de campo
Leve-os para um dia de aprendizagem diferente em museus, parques ou instituições. Alguns tours estão disponíveis on-line. Trabalhe nelas o olhar criativo. Por exemplo, antes de chegarem à alguma exposição de arte ou concerto musical, ensine-as sobre o artista e/ou obras em questão.
Faça perguntas instigantes durante a aula
Melhor do que apenas passar informação é ensinar métodos para que eles busquem a informação sozinho. Perguntas desafiadoras ajudam a salientar o instinto explorador dos alunos, de forma que eles compilem as informações juntos.
Curiosidade é sempre bom
Conduza a aula de forma que a curiosidade dos alunos seja endossada como uma atitude positiva, reforçando internamente neles a busca por conhecimento. Valorize suas ideias e dê parabéns públicos quando eles atingirem objetivos.
Permita falhas
Se o aluno produzir uma pergunta “errada”, ajude-os à pensar o que é possível aprender a partir daquele erro. Encorajá-los a aprender com os erros é sempre melhor do que reprimí-los por isso.
Quais os artifícios usados na sua escola para estimular a criatividade nos alunos?
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | jan 22, 2015 | BYOD, Gestão escolar
Apesar de remeter ao entretenimento por grande parte da população, a tecnologia móvel (tablets e celulares) vem protagonizando diferentes formas de aprendizagem, indo além da sala de aula, quebrando paradigmas que definem como o conhecimento deve ser compartilhado.
Um dos desafios do aprendizado móvel para os educadores é justamente filtrar o que de fato importa numa educação móvel de qualidade. No “olho do furacão” da revolução digital, um grande número de informações e aplicativos são divulgados diariamente – e é aí que entra o papel do professor: direcionar o que realmente vale a pena para seus alunos.
Como identificar os aspectos mais úteis dos aparelhos, otimizando o tempo e a tecnologia para aprender? A professora Christy Knable desenvolveu as cinco dicas abaixo, afim de encorajar o uso da tecnologia móvel na educação:
1. O equipamento não é o mais importante
Na era da tecnologia, somos bombardeados por propagandas de todos os lados, afirmando que seus aparelhos são sempre os melhores, usando até a escolha de celebridades como forma de promover as marcas. Na sala de aula, essas coisas pouco importam, pois um aparelho pode ser bom para um aluno e não para outro. Cada um deles possui uma característica única, uma inovação em particular, novas capacidades. A dica quanto à escolha do aparelho é não agonizar em busca do aparelho perfeito e sim trabalhar em desenvolver tipos diferentes de aprendizado com cada um.
2. Mexa-se!
Parece óbvio, mas muitas pessoas passam batido num dos principais componentes da aprendizagem móvel. Para aprender com ela, você precisa ser móvel também! Apesar de ser possível acessar a tecnologia móvel e suas possibilidades de conhecimento disponíveis no sofá de casa, é usando-a tecnologia na rua que o compartilhamento de informações em tempo real torna-se ainda mais interessante. A dica é sair da zona de conforto e levar seu aparelho com você aonde for, para atingir altos níveis de aprendizado. Aguce seu faro por conhecimento e vá, curioso, à museus, palestras, lojas – sempre haverá algo interessante para fotografar, filmar, tweetar ou mostrar para seus alunos via Facebook, quebrando as barreiras físicas das salas de aula tradicionais.
3. Compartilhe
Praticamente todo artigo, vídeo ou página postado na web diariamente possui várias maneiras de ser compartilhado nos dias de hoje. Seja via Facebook, email, blog, ou simplesmente através de comentários, o aprendizado móvel demanda interação digital.
4. Aja como uma criança de 11 anos
Você já percebeu como na pré-adolescência as crianças são extremamente curiosas? Como suas mentes estão em desenvolvimento, elas nunca deixam de perguntar sempre o porquê de tudo. Muitas vezes as perguntas soam bobas, mas depois de alguma reflexão é fácil perceber como elas são, muitas vezes, brilhantes. Para promover um ensino móvel de qualidade, é preciso que o educador seja tão curioso e questionador quando a criança, em busca de atingir competências no máximo de tecnologias possíveis. Pergunte-se sempre: Por que falhei no upload desse vídeo? Por que esse novo app é melhor que o anterior? Qual a utilidade dessa ferramenta de busca?
Outra característica para se copiar das crianças é que elas sabem perder e sabem experimentar. Se não deu certo, é preciso tentar de novo, talvez de outra maneira. E nunca deixar de ter e sanar dúvidas, pois elas naturalmente podem surgir à medida que vamos descobrindo o potencial da tecnologia móvel.
Professores: já desbravaram a tecnologia móvel além da sala de aula?
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | jan 21, 2015 | Gestão escolar
Diversos de estudos já provam que a educação com arte e música aprimora o desempenho escolar. De acordo com uma pesquisa do Departamento de Artes da Universidade da Flórida (UFL), os alunos que estudaram música e arte durante pelo menos 4 anos na escola obtiveram maiores notas em geral do que aqueles que estudam por metade de um ano ou menos.
A formação envolvendo música e arte vem se mostrando uma grande facilitadora da inovação em sala de aula, devido ao estímulo à criatividade. De acordo com a pesquisa, os alunos que aprenderam música e arte na escola desenvolveram um pensamento crítico e uma atitude positiva diante as adversidades da formação.
Além disso, o aprendizado musical torna os alunos mais propensos ao engajamento para atingir objetivos acadêmicos além de promover o desenvolvimento de um senso de disciplina saudável. Isso resulta em benefícios à longo prazo, que acompanham o estudante pelo resto de suas vidas, como um melhor vocabulário, uma atividade neural mais forte em sua língua nativa e maior facilidade para iniciar e dar continuidade à leituras.
A pesquisa também afirma que 90% das crianças do pré-escolar demonstraram alto desenvolvimento na inteligência verbal depois de apenas 20 dias de treino musical, entre eles uma melhor e mais focada habilidade em escutar/ouvir aulas. Também foi observado um aperfeiçoamento nas memórias auditivas e à longo prazo, além de um menor índice de falta de atenção na escola, devido ao foco trabalhado na aula de música.
Os benefícios não param por aí: A coordenação motora também é aprimorada no treino musical, uma vez que desenvolve as partes do cérebro associadas às funções motoras e sensoriais. Uma coordenação motora bem desenvolvida garante que os alunos escrevam melhor e interajam com mais qualidade no ambiente de aprendizado.
A música também fortalece as partes do cérebro usadas para resolver cálculos matemáticos complexos. Estudantes que receberam formação musical tiveram um desempenho superior aos demais em álgebra e estavam mais dispostos à aprender matemática em geral.
Outra grande vantagem neurológica do ensino musical deu-se principalmente na vida de crianças com distúrbios de atenção e aprendizado, como DDA/TDAH (Déficit de Atenção/Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade). Esses alunos são facilmente distraídos por estímulos sonoros do ambiente – já com o treinamento musical, suas habilidades de escuta são aprimoradas e direcionadas para um foco, permitindo que eles filtrem mais efetivamente os sons importantes em sala de aula.
A vida dos alunos de baixa renda também pôde ser beneficiada pelo ensino da música. Muitas vezes estes experienciam vivências pouco acolhedoras no ambiente em que vivem ou até mesmo em suas próprias casas. Depois das aulas de música e artes, essas crianças criaram uma maior disposição à socialização em atividades extracurriculares, além de atingirem maiores notas e possibilidades de ingresso em faculdades conceituadas.
Além dos benefícios escolares, o treinamento musical ampliou os horizontes sociais das crianças presentes na pesquisa. Foram observadas melhorias em suas auto estimas, maior atenção e perseverança, aumento de seus pensamentos criativos e otimização de seus hábitos de estudo.
A sua escola já conta com educação musical no currículo?
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
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