7 características de uma sala de aula produtiva

Professores devem encarar suas salas de aula como templos de efervescência intelectual. É lá onde seus alunos aprenderão diversos valores e conteúdos importantes para seus respectivos futuros em desenvolvimento.

Assim, é importante garantir que aquele ambiente seja de fato um catalisador do aprendizado.

Ensinar e aprender não podem ser eventos isolados – é preciso interação entre educador e educando, desenvolvimento de competências em conjunto e construção de conhecimento do mundo aliada ao autoconhecimento – que envolve curiosidade, autenticidade e afeto.

Pensando nesse contexto, o educador Terry Heick resolveu listar todas as características de uma sala de aula producente, que produz resultados efetivos de um bom aprendizado.

A intenção é que a lista sirva de termômetro ou checklist para você avaliar e refletir sobre a sua própria sala de aula:

Quando uma aula é produtiva e o aprendizado, efetivo?

Foto de uma sala de aula mostrando diversos alunos de costas sentados em carteiras olhando para o quadro negro. Nas carteiras, estão caixas repletas de materiais.1. Quando os alunos fazem perguntas – boas perguntas

Perguntas são cruciais para o processo de aprendizado acontecer.

O papel da curiosidade foi estudado o suficiente para sabermos que, se um estudante entra em processo de aprendizado sem nenhuma curiosidade natural para saber o que lhe espera naquele conteúdo, não espere que ele interaja com o material e faça as atividades.

Ditar como o aluno deve aprender, esperar respostas únicas e imutáveis e pensar sempre em preto e branco, esquecendo a criatividade, são alguns vícios que podem matar a curiosidade do aluno e consequentemente sua vontade de aprender.

Se os alunos não conseguem criar boas perguntas, alguma coisa está errada.

2. Quando as perguntas são tão valiosas quanto as respostas

“Questione tudo” é a máxima da filosofia. É questionando que descobrimos o mundo e nos conectamos com várias realidades. Faz sentido que perguntas guiem o aprendizado – elas fazem o conteúdo fluir para direções novas e por isso devem ser valorizadas.

Estimule questionamentos de forma criativa, faça listas, instigue a curiosidade – o interesse pelas aulas vai aumentar drasticamente.

3. Quando as ideias vêm de fontes divergentes

Ideias para atividades, leituras, testes e projetos devem vir de vários lugares. Se todas as ideias partem de um só ponto de vista, sua aula estará fadada à inercia, onde apenas uma direção é apontada.

Instigar que os alunos pesquisem e vejam o mundo por ângulos distintos é uma alternativa interessante – deixe-os buscar fontes em suas próprias comunidades e círculos de convívio, mas também fora de suas zonas de conforto. Que tal trazer para sala de aula um convidado com ideias inovadoras?

É interessante um debate onde duas fontes discordam, pois é esse tipo de divergência que encaramos no mundo real.

4. Quando há variedade nos modelos de ensino utilizados

As possibilidades de inovar passando o conteúdo são infinitas: projetos de audiovisual, aprendizado via conteúdo digital, desafios com jogos, intercâmbio de conhecimentos com outras salas.

O importante é não engessar a sala de aula num modelo tradicional onde o aluno apenas ouve o que o professor fala. Adaptar a aula para determinado conteúdo é possível e interativo, garantindo engajamento, como professores que usam música para ensinar fórmulas ou jogos para ensinar matemática.

É uma característica de uma sala de aula efetiva haver diversidade, o que exige do professor a capacidade de se autodescobrir e reeinventar-se, aprendendo sempre.

5. Quando o conhecimento trespassa as paredes da sala de aula

Este ponto é óbvio: se os alunos irão deixar as salas de aula em algum momento, o conhecimento precisa ultrapassar igualmente aquele ambiente físico.

É essencial refletir sobre literatura e química, mas as fórmulas e autores do arcadismo precisam ter importância prática na vida desses alunos – e isso é perfeitamente possível.

A química está em todas as coisas que eles consomem, o que pode ser um gancho na hora de ensinar, e ideias árcades como “cortar o inútil” (inutilia truncat na literatura, que visava erradicar os exageros e simplificar as coisas) podem ser muito úteis na vida dos estudantes à medida que eles amadurecem.

O segredo é abordar o conteúdo da forma certa.

6. Quando o aprendizado é personalizado de acordo com a classe

Não é preciso ter muita sensibilidade para entender que cada aluno é diferente, de forma que toda sala de aula também será. Isso exige que o professor saiba adaptar suas aulas para à realidade daquela escola, daquela classe, daqueles alunos.

Ainda que aprendam o mesmo conteúdo, os perfis são diferentes – e assim devem ser as aulas.

7. Quando as avaliações são autênticas e transparentes – não punitivas

Segundo as pedagogas Ana Paula Martins e Natália Luiza da Silva, aprendizagens significativas são aquelas reflexivas, construídas ativamente pelo aluno e auto-reguladas. Conhecer, segundo essa nova visão, significa interpretar e relacionar.

Podemos dividir o processo de avaliação autêntico e significativo em dois momentos:

Democratização dos sistemas educativos

A avaliação poderá impulsionar a aprendizagem, se praticada segundo uma concepção formativa ou um elemento desmotivador, se for meramente classificatória. Nesse sentido, as práticas avaliativas tanto podem ser utilizadas a favor da efetiva democratização quanto para uma exclusão mascarada (uma exclusão por dentro do sistema).

Desenvolvimento das teorias de currículo

É preciso um novo modelo curricular, cujos princípios são: todos podem aprender; os conteúdos devem ser desafiadores, orientados para a resolução de problemas e para processos complexos do pensamento; deve haver igualdade de oportunidades; criação de hábitos de reflexão e atitudes favoráveis à aprendizagem; socialização dos alunos às disciplinas acadêmicas.

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Finlândia vai abolir disciplinas do seu sistema de ensino

Créditos da imagem: filehippo.com

Você consegue imaginar uma escola que não divide o ensino em disciplinas específicas, como matemática, história e biologia?

Ela está prestes a existir. E se você acha que é uma ideia de eficácia questionável, pense de novo, pois este futuro modelo advém do país com um dos melhores sistemas de educação do mundo: a Finlândia.

Com posições de topo em matemática, línguas e ciências no ranking PISA da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, o país é referência para educadores de todo o mundo, que vêem a Finlândia como exemplo e tentam adaptar seu ensino aos valores do país nórdico.

Mas, como podemos ver, a Finlândia não descansa nos próprios méritos e mais uma vez resolveu inovar seu sistema de ensino.

Agora, a mais nova revolução na educação finlandesa consiste em abolir o tradicional ensino por disciplinas e substituí-lo pelo ensino através de tópicos.

Disciplinas como Literatura Inglesa e Física já foram eliminadas das turmas de alunos com 16 anos (que seriam do ensino médio aqui no Brasil) na capital Helsinque.

Em vez disso, os estudantes finlandeses estão aprendendo “fenômenos”, ou seja, vêem em uma única aula toda a aprendizagem englobada em economia, história, línguas e geografia, etc.

A ideia desse novo sistema visa evitar a maior angústia dos estudantes no mundo inteiro: “Qual o sentido de aprender isso? Em que esse aprendizado pode servir?”

Agora, cada matéria está ancorada à sua razão de ser aprendida.

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Helsinque, a capital da Finlândia. (Créditos: Viagem Fotos)

 

Mas o novo sistema é polêmico:

Para o desenvolvedor do projeto Pasi Silander, o mundo mudou muito com o desenvolvimento da tecnologia e a maioria dos antigos métodos de ensino do passado não possui mais nenhum propósito prático.

“Jovens usam computadores com tecnologia avançada diariamente. No passado, por exemplo, os bancos tinham diversos funcionários somando contas, mas agora isso não é mais necessário – tudo mudou”

Entretanto, muitos professores na Finlândia estão em oposição ao futuro modelo. Não é difícil entender seus motivos: a maioria desses professores ensinou apenas uma disciplina durante toda a sua carreira, e com esse tipo de sistema eles seriam forçados a trabalhar de forma colaborativa e interagir de maneiras totalmente diferentes do usual, a fim de criar um novo currículo juntos.

Marjo Kyllonen, gestora de educação de Helsinque e principal responsável pela reforma do sistema na capital, considera esse novo modelo como um “co-ensino”.

Kyllonen afirma que as escolas que estão ensinando da forma antiquada:

“O ensino que era benéfico no começo dos anos de 1900 não é o mesmo que se ajusta às necessidades do século XXI.”

O novo sistema já está sendo testado na capital, mas ela afirma que a intenção dos responsáveis é tornar o sistema vigente em todo o país até o ano de 2020.

Será que os outros países do mundo também vão seguir os passos da Finlândia? E você, concorda com esse novo conceito educacional?

As 8 habilidades essenciais no estudante do século XXI

Desenvolvido pelo The Economist Intelligence Uni, o estudo chamado “The Learning Curve”, ou “A Curva de Aprendizado”, está em sua segunda edição e visa traçar um panorama sobre o que está sendo feito na educação mundial através de rankings educacionais de vários países combinados. Além disso, a pesquisa também sugere o que pode ser melhorado no futuro a partir dos dados coletados.

O resultado que mais chama a atenção é que, apesar das habilidades cognitivas como leitura, escrita e aritmética serem de extrema importância – afinal, são a base de toda educação -, elas cada vez mais vêm se mostrando insuficientes ante às demandas do século XXI.

É preciso ir além do básico e cultivar habilidades à longo prazo, que acompanhem os alunos durante a vida inteira e trespassem o essencial. As seguintes habilidades não-cognitivas precisam ser ensinadas desde cedo, mas principalmente praticadas ao longo da formação do indivíduo, pois algumas aptidões são perdidas com a chegada da idade adulta – essa perda, porém, é muito mais ostensiva quando as habilidades não são utilizadas regularmente.

Na lista abaixo, seguem as 8 habilidades essenciais na interação social no século XXI apontadas pela pesquisa:

1. Liderança

2. Alfabetização digital

3. Comunicação

4. Inteligência emocional

5. Empreendedorismo

6. Cidadania global

7. Solução de problemas

8. Trabalho em equipe

O valor econômico das habilidades na nossa sociedade vem de como podemos empregá-las à nossa força de trabalho durante a vida adulta. Andreas Schleicher, diretor para Educação na OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), coloca: “A economia mundial não paga mais pelo que a pessoa sabe, mas pelo que pode fazer com o que sabe”.

Além disso, dados da OECD afirmam que metade do crescimento econômico em países desenvolvidos durante a última década veio de uma melhor capacitação do indivíduo na escola, deixando claro que o estímulo das habilidades extra-ordinárias possui um valor significativo para o crescimento das nações e o futuro dos seus cidadãos.

O Brasil, apesar de ter subido uma posição no ranking global de Habilidades Cognitivas e Desempenho Escolar desde a última pesquisa (realizada em 2012), figura queda de qualidade no mesmo índice – ou seja, apenas subiu pois os países que estavam na sua frente no índice anterior pioraram. É possível conferir a pesquisa na íntegra, em português, clicando aqui.  E a sua escola, já trabalha habilidades diferenciais?