Confira a nova edição do #EvidênciasEscribo, uma série de descobertas interessantes sobre a realidade da educação nas escolas públicas e privadas brasileiras. Essa pesquisa foi conduzida pela Escribo com mais de 100 professoras de diversas cidades do país.
Professoras não estão avaliando o aprendizado das crianças na pandemia
Cerca de 44% das entrevistadas não fizeram nenhuma diagnose durante o período de distanciamento social. Do total de profissionais, quase 18% fizeram duas diagnoses com as crianças, seguidas das professoras que fizeram três diagnoses (16%) e das que realizaram apenas uma (9%).
A maioria das professoras não está conseguindo avaliar o aprendizado na pandemia. Sem uma avaliação, é quase impossível garantir que as crianças estejam aprendendo. É dessa forma que escolas e famílias podem construir juntas estratégias pedagógicas mais assertivas e que garantam o aprendizado de todas as crianças.
Uma ótima maneira de fazer esse acompanhamento é com os relatórios de aprendizagem do Escribo Play, eles são ferramentas potentes de diagnóstico porque são gerados a partir das atividades realizadas pelas crianças.
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Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
Nas últimas duas semanas, recebi várias perguntas sobre aprendizado à distância e ensino remoto. Aqui está um exemplo de questão, enviada por um professor: “Pode ser que eu não dê aulas presenciais aos meus alunos durante todo este ano. Qualquer ajuda que você puder fornecer será muito bem vinda.”
Para responder a essa pergunta, vamos imaginar que você foi designado para ajudar a melhorar o aprendizado em leitura em uma escola local. Você começa fazendo observações em sala de aula para ver se consegue descobrir o que poderia ser melhorado e fazer a diferença.
Há muitas coisas que você pode procurar, pesquisar. Eu vou focar no básico: quantas informações e atividades de leitura as crianças estão recebendo? Elas estão aprendendo e desenvolvendo todas as habilidades essenciais? Elas estão lendo e interagindo com o professor e com outras crianças sobre o que estão lendo? Em muitas salas de aula, todas as crianças são atendidas ao mesmo tempo pelo(a) professor(a), com poucas chances de receber respostas personalizadas e que atendam às suas necessidades individuais. Ou ocorre o contrário: divididas em grupos pequenos, passam muito tempo sozinhas.
Todo o tempo de aula pode ser eficaz se as crianças participam muito e se o professor acompanha, media e responde às suas necessidades; infelizmente, isso não acontece frequentemente. O tempo do pequeno grupo também pode ser eficaz, mas geralmente isso não ocorre em função do que está acontecendo com o resto das crianças na sala de aula. Veja o que as evidências dizem sobre tarefas de classe e outras atividades de aprendizagem individual. Eles podem manter as crianças ocupadas, mas isso não se quer dizer que elas estão aprendendo.
As crianças ficam mais “inibidas” nas aulas online?
Recentemente, eu estava conversando com uma professora do ensino médio que me contou sobre suas experiências de ensino a distância no primeiro semestre de 2020. “Eu conhecia meus alunos muito bem antes do distanciamento social. Fiquei surpresa com a forma como eles participaram das aulas online. Os alunos que eu sabia que podiam dar ótimas respostas, nos momentos de troca, estavam muito silenciosos e participaram bem menos. Em vez de dar respostas robustas que ajudariam as outras crianças, eles estavam dando respostas de uma ou duas palavras.”
Analisei artigos e pesquisas para ver se achava informações sobre essa suposta inibição do aluno – mas não tive sucesso. Dessa forma, comecei a perguntar a outros professores sobre isso para ver como foram suas experiências durante o distanciamento social. Vários me disseram que também notaram esse problema. Seus alunos estavam mais quietos, menos participativos, aparentemente mais reticentes.
Esse tipo de inibição ou timidez que esses professores descreveram é um problema real. Estudos mostram a importância da discussão e de outros tipos de interação professor-aluno e aluno-aluno na aprendizagem (por exemplo, Matumara, Garnier, & Spybrook, 2013; Ponitz, Rimm-Kaufman, Grimm, & Kirby, 2009; Barnes & Puccioni, 2017). Se um professor faz uma pergunta e os alunos ficam se entreolhando ou olham para cima sem responder, provavelmente aprenderão bem menos.
Crie enquetes para despertar o interesse pela leitura guiada
Aqui está o meu conselho: aprenda a usar o recurso de votação de sua plataforma de ensino e crie enquetes. A enquete pode ser um pouco complicada, mas permite que cada aluno se posicione individualmente. Isso é mais seguro em termos de respostas dos alunos do que um professor normalmente pode obter durante uma aula em um pequeno grupo, e o professor pode monitorar/acompanhar essas respostas. “Tiago, vejo que você ainda não respondeu.”
Para a enquete, pense em perguntas mais variadas do que você faria normalmente. Professores costumam dar aos alunos um propósito para a leitura: “Neste texto, procure descobrir por que Tiago não queria ir para o acampamento.” Mas o professor normalmente não acompanha essa informação com uma pergunta. Talvez, em vez de ir direto para a leitura, seja mais interessante fazer uma enquete com as crianças com uma pergunta de múltipla escolha.
Qual destes é o nosso propósito ao ler esta parte da história?
Descobrir onde Tiago vai passar as férias;
Descobrir se Tiago vai para o acampamento;
Descobrir por que Tiago não quer ir para o acampamento;
Descobrir por que Tiago quer ir para o acampamento.
Eu faria isso para manter o foco das crianças no jogo. Essa abordagem já não é necessária quando estamos todos presencialmente ou sentados ao redor de uma mesa. Mas, à distância, precisamos ser bastante vigilantes quanto à participação das crianças. Essas atividades em sala ensinam aos alunos mas incentivam pouco que eles se envolvam na aula. Em aulas online, é importante envolver a criança ao mesmo tempo em que informa, e eu acredito que a enquete pode ajudar nisso.
Peça para as crianças fazerem uma leitura guiada em silêncio
Outra possibilidade seria não dizer às crianças o propósito, mas reformular a pergunta da seguinte forma: “Qual destas seria a melhor coisa para se procurar quando lermos a próxima seção?” Essa proposta é menos sobre verificação e mais sobre como fazer com que as crianças se engajem bastante na realização da atividade, porém pode funcionar de ambas as formas.
Para esse tipo de leitura guiada, peça aos alunos que leiam o texto silenciosamente, exceto as crianças mais novas que talvez ainda não saibam fazer isso. Quando os alunos conseguirem ler com mais desenvoltura, entre o 1º e 2º Ano do Ensino Fundamental, eles já devem pelo menos ser capazes de fazer a leitura sussurrada ou murmurada, mesmo que não totalmente em silêncio, no começo e certamente não precisam pronunciar todas as palavras em voz alta.
As evidências revelam que os professores dependem demais da leitura feita em voz alta, aluno por aluno, quando utilizam textos em grupo. O ensino à distância tende a reforçar ainda mais esse tipo de estratégia. Resista a isso, pois as crianças precisam aprender a ler silenciosamente para compreender, mesmo que isso signifique ler algo mais de uma vez para entender.
Para essa leitura silenciosa, divida o texto a ser lido em pequenas partes. Se você estiver enviando livros para casa, sugiro aumentar o número de “paradas” que você normalmente faria em uma atividade de leitura em grupo. Se você comumente pede às crianças que leiam toda a seleção por conta própria, peça que leiam apenas 3-4 dessa proposta antes da discussão. Se costuma entregar algumas páginas, então proponha uma ou duas pois, quanto mais curtas as leituras, menor o tempo que as crianças levarão para ler tudo. No ensino à distância, é preciso manter o grupo mais unido do que o normal.
Quando os livros não são enviados para casa, os alunos devem ler o texto projetado no quadro ou tela. Isso certamente limita a duração das leituras, mas os professores podem facilmente acompanhar esses intervalos de leitura silenciosa com discussão.
A chave do sucesso da leitura guiada: diversificar!
Embora eu recomende a pesquisa de opinião, não se limite às respostas coletadas. A enquete é útil; no entanto, não substitui uma discussão real. Essa estratégia pode ser utilizada para identificar as crianças que não estão prestando atenção, pode ser um ponto de partida para uma discussão real ou uma ferramenta de diagnóstico para descobrir quem não está compreendendo o assunto. Faça a devolutiva da enquete da seguinte forma: “Há algumas divergências aqui. Alguns de vocês disseram sim e alguns disseram não. Leiam o texto novamente e vejam como encontrar evidências para apoiar suas ideias. ” Ou “Alguns de vocês perderam este item. Vamos voltar a esse parágrafo e ver se podemos descobrir … Alguém quer mudar sua resposta? ”
Faça enquetes com os alunos não apenas sobre os tipos de perguntas que você tradicionalmente faz – como aquelas que você faz seguindo o padrão expresso no livro didático.
Examine o texto com antecedência e observe as situações que você acha que podem confundir as crianças: uma frase complicada, uma informação dada de forma sutil, um ponto-chave facilmente esquecido, uma conclusão necessária, uma definição que pode ser alcançada por meio do contexto, figuras de linguagem ou uma expressão idiomática, uma estrutura de texto informativa e reveladora. Só então você faz perguntas que revelarão se os alunos compreenderam ou se eles precisam de alguma orientação específica.
A quantidade e a qualidade da interação afetam o quanto os alunos aprendem. Se você está trabalhando em uma situação que não encoraja a interação, ajuste seu ensino e aproveite as vantagens da tecnologia para tentar impulsioná-las. A enquete é uma daquelas estratégias que podem tornar eficaz uma aula de leitura guiada ministrada à distância.
Timothy Shanahan é professor emérito da Universidade de Illinois em Chicago, nos Estados Unidos, onde foi diretor fundador do UIC Center for Literacy. É ex-diretor de leitura das escolas públicas de Chicago. Foi membro do Conselho Consultivo do Instituto Nacional de Alfabetização, sob os presidentes George W. Bush e Barack Obama. É autor/editor de mais de 200 publicações sobre educação em alfabetização, com ênfase nas conexões entre leitura e escrita, alfabetização em disciplinas e melhoria no desempenho da leitura.
Muitas escolas, professores(as) e gestores(as) entram em contato com a Escribo porque têm dúvidas sobre como o aprendizado pode ser adaptado ou facilitado por plataformas digitais. Por isso, criamos uma série de vídeos com abordagens práticas sobre educação online, ensino híbrido e as melhores estratégias para esse período de pandemia e distanciamento social. As dicas se encaixam tanto em aulas online para educação infantil como para o ensino fundamental. Vamos conferir?
Cada vez mais, as escolas precisam adotar rotinas que incluam a tecnologia e personalizar a aprendizagem das crianças. Neste primeiro vídeo, você aprende como o ensino híbrido pode integrar os ambientes presencial e online e, assim, permite que as crianças em alfabetização se desenvolvam ainda mais.
Um dos grandes diferenciais da educação online é que podemos personalizar o aprendizado das crianças. Dessa maneira, aproveitamos o melhor dos momentos assíncronos (a qualquer hora) e síncronos (ao vivo). As atividades online podem atender às necessidades de cada faixa etária – desde a pré-escola, passando pela educação infantil e pelos anos iniciais do ensino fundamental até o ensino médio. O mesmo vale para treinamentos e cursos online. Conheça as melhores práticas de uma escola online e seja um educador nota 10!
Convidamos a professora Maíra B. Namura, que tem mais de 10 anos de experiência, para relatar como foi para a escola em que trabalha e para as crianças mudar das aulas presenciais para as plataformas digitais.
A professora Maíra B. Namura também nos deu dicas de como podemos aproveitar todo o potencial das aulas síncronas – aquelas que acontecem com alunos e professores conectados ao mesmo tempo, em uma plataforma digital.
Nas aulas assíncronas, os(as) estudantes podem estudar e acessar conteúdos de forma personalizada, nos horários que mais se encaixem no dia a dia deles(as). Veja como esse formato pode ser aproveitado para fortalecer o aprendizado das crianças.
Assim como nas aulas presenciais, o aprendizado das crianças depende de que a equipe pedagógica mantenha o diálogo aberto com as famílias, para que entendam como os pequenos andam e como podem contribuir para o crescimento deles.
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Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
Com o cenário de pandemia, a rotina escolar das crianças foi adaptada para um novo momento. Por esse motivo, a Escribo vai compartilhar algumas perspectivas para os próximos passos da educação e o papel da tecnologia durante e no cenário de pós-pandemia.
O pesquisador educacional Dr. Americo Amorim apresentou exemplos de onde a educação online já dá muito certo. Veja no vídeo a seguir.
Um dos vários benefícios da educação online é que, mesmo com o distanciamento social, podemos continuar ensinando às crianças. Neste vídeo, abordamos a importância de seguir com esse estímulo ao aprendizado delas.
Na educação facilitada pelas plataformas digitais, expor as crianças a muitas horas de conteúdo pode trazer prejuízos ao aprendizado e à saúde delas. As evidências científicas já descrevem o tempo de atenção das crianças e as melhores formas de aproveitá-lo.
A educação online bem feita é planejada e aproveita o potencial tanto dos momentos presenciais quanto online. É importante diferenciar essa modalidade do ensino remoto de emergência, que surge quando há a necessidade das escolas e professores(as) trazerem respostas improvisadas, soluções rápidas e em circunstâncias pouco favoráveis, como por exemplo as estratégias adotadas durante a pandemia do Covid-19.
Um dos aspectos afetados pela pandemia foi o desenvolvimento da oralidade das crianças. As professoras precisam prestar muita atenção ao vocabulário e à consciência fonológica dos pequenos. A desigualdade de aprendizagem está sendo aprofundada durante a pandemia e pode comprometer a alfabetização.
Com a volta às aulas presenciais, as escolas precisarão trabalhar com grupos pequenos de crianças com necessidades de aprendizado semelhantes. Veja por que a personalização do ensino será tão necessária neste momento.
Uma adaptação para as escolas, com a volta das crianças às salas de aula, será a presença de uma educação híbrida. Neste formato, as aulas serão parte presenciais e parte online, aproveitando o potencial das duas modalidades.
As evidências científicas, junto às experiências recentes nas escolas, comprovam que a tecnologia será cada vez mais necessária para a educação. Descubra os possíveis caminhos da tecnologia na educação no cenário de pós-pandemia.
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Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
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