Crianças aprendem mais com uso saudável e ativo de telas

Crianças aprendem mais com uso saudável e ativo de telas

Devido à pandemia do COVID-19, as escolas em geral vêm usando cada vez mais recursos digitais. De acordo com a Academia Americana de Pediatria (2021), o tempo de tela passivo é associado a problemas de atenção, sono e obesidade. 

Mas também existe o tempo de tela ativo que pode ser benéfico para o desenvolvimento das crianças. É quando as crianças não estão apenas consumindo conteúdo, mas interagindo com ele.

O uso ativo de telas pode trazer vários benefícios:

  • fortalecer habilidades de consciência fonológica, fonética e matemática (Radesky & Christakis, 2016 ).
  • dar suporte na alfabetização de crianças (Verhoeven et al., 2020)
  • auxiliar crianças com dificuldades de aprendizagem matemática (Benavides-Varela et. al, 2020).

Esses benefícios são maiores do que atividades “mais tradicionais” no ensino da matemática e da leitura (Kraft, 2020).

Por isso, é importante que famílias e educadores garantam que as crianças façam o uso ativo das telas.

Smartphones, tablets e outros dispositivos com telas podem ser usados para ajudar as crianças a aprender de forma ativa. Quando usadas corretamente, as tecnologias digitais podem ter um impacto positivo no desenvolvimento cognitivo, nas habilidades sociais e no bem-estar emocional das crianças

É fundamental que os educadores utilizem essas ferramentas com sabedoria, a fim de maximizar seus benefícios e minimizar seus riscos.

Referências

Amorim, A. N. et al (2020). Using Escribo Play Video Games to Improve Phonological Awareness, EarlyReading, and Writing in Preschool. Educational Researcher, https://doi.org/10.3102/0013189X20909824.

Benavides-Varela, S., Callegher, C. Z., Fagiolini, B., Leo, I., Altoe, G., & Lucangeli, D. (2020). Effectiveness of digital-based interventions for children with mathematical learning difficulties: A meta-analysis. Computers & Education, 157, 103953. https://doi.org/10.1016/j.compedu.2020.103953

Beyond Screen Time: A Parent’s Guide to Media Use. Pediatric Patient Education 2021; https://doi.org/10.1542/peo_document099

Kraft, M. A. (2020). Interpreting Effect Sizes of Education Interventions. Educational Researcher, 49(4), 241–253. https://doi.org/10.3102/0013189X20912798.

Radesky, J. S., & Christakis, D. A. (2016). Increased screen time: implications for early childhood development and behavior. Pediatric Clinics, 63(5), 827-839. https://doi.org/10.1016/j.pcl.2016.06.006

Verhoeven, L., Voeten, M., van Setten, E., & Segers, E. (2020). Computer-supported early literacy intervention effects in preschool and kindergarten: A meta-analysis. Educational Research Review, 30, 100325. https://doi.org/10.1016/j.edurev.2020.100325.

Crianças pernambucanas aprendem 3,6x mais em leitura e 2,7x mais em escrita usando jogos pedagógicos digitais

Crianças pernambucanas aprendem 3,6x mais em leitura e 2,7x mais em escrita usando jogos pedagógicos digitais

Pontos importantes:

  • Alunos que utilizaram os jogos avançaram 3,6 vezes mais em leitura e 2,7 vezes mais em escrita do que as crianças que não utilizaram o projeto.
  • O experimento foi realizado com 351 crianças que estudavam em 12 escolas públicas durante 4 meses.
  • Atualmente mais de 2 mil escolas já estão adotando estes jogos baseados em evidências.

Fizemos uma pesquisa bastante interessante com alunos de educação infantil da rede municipal de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (PE). O estudo revelou que o uso de jogos digitais de consciência fonológica – conjunto de habilidades como separar sílabas, identificar rimas e palavras que começam com o mesmo som, e manipular sons para formar novas palavras – estimulou o aprendizado de leitura e escrita de crianças de baixa renda. Os resultados do estudo serão publicados no periódico “Computers & Education”, a revista científica de tecnologia educacional com maior fator de impacto no mundo.

A equipe de pesquisadores criou um programa de fortalecimento da leitura e escrita de palavras que emprega 26 atividades lúdicas de consciência fonológica. Os(as) professores(as) orientam o uso dos jogos pelas crianças com tablets ou smartphones de baixo custo. Esses jogos pedagógicos foram desenvolvidos para diminuir o baixo aprendizado das crianças em leitura e escrita, ligado à falta de estimulação adequada desde a educação infantil, como apontam evidências nacionais e internacionais. O programa foi implementado inicialmente em 2018 em 12 centros municipais de educação infantil que atendem alunos em situação de pobreza.

Interrupções nas aulas devido a eventos esportivos, três greves e chuvas que inundaram as ruas onde viviam crianças em situação de pobreza desafiaram a implementação da intervenção. Apesar disso, a equipe de implantação do projeto conseguiu mitigar satisfatoriamente diversos obstáculos, como a falta de tecnologias de informação e comunicação adequadas e a escassez de profissionais nas escolas.

Um total de 351 alunos de cinco anos participou do estudo. Antes do experimento, as crianças passaram por uma diagnose, que identificou como elas estavam no processo de leitura e escrita de palavras. Depois, as turmas foram divididas por sorteio em dois grupos: o que utilizou os jogos pedagógicos e o que não utilizou (grupo de controle). Depois de 4 meses, todas as crianças passaram por outra diagnose. A análise dos dados constatou que os alunos que realizaram as atividades avançaram 3,6 vezes mais em leitura e 2,7 vezes mais em escrita em comparação ao grupo de controle. Os jogos também geram relatórios que permitem que professores(as) e gestores(as) acompanhem o aprendizado dos alunos.

Desenvolver a alfabetização de crianças de baixa renda

O experimento mostrou que as crianças de famílias mais pobres conseguem aprender até quatro vezes mais do que quando professores(as) trabalham da forma tradicional. Para garantir que todas consigam se alfabetizar, as escolas precisam oferecer uma estimulação eficaz, utilizando as estratégias de ensino baseadas em evidências científicas.

Também participaram do estudo pesquisadores da Johns Hopkins University, nos Estados Unidos. A pesquisa contou com financiamento da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e da Escribo.

O uso desses jogos em escolas privadas foi objeto de um experimento randomizado controlado – o maior já realizado em escolas da educação infantil do Brasil – feito com 749 crianças e 62 professores(as) de 17 escolas privadas. As crianças de famílias de classe média que utilizaram os jogos fortaleceram as habilidades de leitura em 68% e de escrita em 48%. Os resultados foram publicados no periódico científico Educational Researcher, o mais lido por pesquisadores educacionais dos EUA. A nova evidência revela que o efeito do Escribo Play na leitura e na escrita das crianças da rede pública foi muito maior do que o que observamos nas escolas privadas. Isso demonstra que a rede pública tem um potencial forte para melhorar.

Pesquisa revela que professores(as) ensinam mais e melhor fazendo os cursos da Escribo! | Aprendizagem Online

Pesquisa revela que professores(as) ensinam mais e melhor fazendo os cursos da Escribo! | Aprendizagem Online

Mais uma conquista para você que faz a Escribo! Nesta quarta-feira (07/04/2021), divulgamos um estudo que comprovou a eficácia do nosso curso Aprendizagem Online e como ele contribuiu para o desenvolvimento profissional dos(as) professores(as) e profissionais da educação. Os resultados foram divulgados em uma transmissão ao vivo do congresso internacional 2021 Biennial Meeting, da Society for Research in Child Development.

Na pesquisa, identificamos que os(as) participantes do curso avançaram 62% a mais na sua autoconfiança para ensinar online, em comparação com as que não fizeram nossa formação. Outro destaque do curso Aprendizagem Online é que ele obteve a terceira maior taxa de conclusão quando comparado com outros 217 cursos massivos online abertos.

Terceira maior taxa de conclusão em comparação a outros 217 cursos massivos online abertos (MOOCs).

O curso ensinou a professores(as), coordenação, direção e equipe de apoio técnico conhecimentos e as ferramentas necessárias para implementar a educação online nas escolas. A proposta veio com o cenário de distanciamento social, na qual muitas escolas precisaram  mudar o foco para além da sala de aula enquanto ofereciam uma educação de alta qualidade às crianças.

As escolas compreenderam os processos de ensino e aprendizagem mediados por tecnologias digitais, assim, as crianças seguiram estudando de casa, em um esforço de fortalecer o aprendizado e diminuir os impactos da pandemia pelo Covid-19 no desenvolvimento dos pequenos. Para mais informações, acesse o site do congresso!.

Leia mais

Entenda as diferenças entre o aprendizado online e o ensino remoto de emergência
Vale a pena ensinar com a leitura silenciosa – mesmo à distância
Chega de desculpas: podemos ensinar todas as crianças a ler!
O que aconteceu com os objetivos comportamentais (desta vez)?

Aproveite para tocar no sininho ao lado e receber as principais novidades do Blog da Escribo. Para tirar dúvidas conosco, mande um e-mail para [email protected] ou envie uma mensagem para o nosso WhatsApp. Grande abraço!

Texto de Danilo Aguiar / Americo Amorim

Tecnologia e ensino de qualidade precisam andar juntos, segundo pesquisa

Apenas incentivar a tecnologia em sala de aula nem sempre leva a um melhor desempenho educacional para os alunos, é o que diz um novo estudo publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O relatório analisou níveis de desempenho entre alunos com base no uso da tecnologia em casa e na sala de aula. Segundo a pesquisa, enquanto o desempenho dos alunos melhora quando eles usam a tecnologia com moderação, a superexposição aos computadores e à Internet faz com que os resultados educacionais caiam.

“A tecnologia pode amplificar um bom ensino, mas não pode substituir o ensino de má qualidade“, disse Andreas Schleicher, diretor de Educação e Habilidades da OCDE, ao apresentar os dados. Se os estudantes estão apenas sentados na frente de computadores copiando e colando a partir do Google, eles provavelmente poderiam gastar esse tempo de forma mais eficaz em outros lugares, disse ele.

Os dados são baseados em uma avaliação em 2012, que acompanhou alunos de mais de 40 países com testes escritos e digitais, realizando também entrevistas sobre hábitos de uso do computador.

De acordo com o relatório “apesar de consideráveis ​​investimentos em computadores, conectividade e softwares para uso educacional, há pouca evidência sólida de que apenas uma maior utilização de computadores entre os estudantes leva a melhores pontuações em matemática e leitura”.

A pesquisa sugere que isso tem acontecido porque apesar das adições tecnológicas advindas com o século 21, as práticas de ensino do século 20 acabam estagnando o potencial proporcionado por essas tecnologias, diminuindo a eficácia do ensino.

computer-491760_1280 (1)

O estudo relatou também que estudantes com exposição moderada a computadores obtiveram resultados melhores do que aqueles com pouca exposição a computadores, mas a OCDE advertiu sobre tirar conclusões com base nesse resultado.

Os dados poderiam simplesmente refletir que os sistemas escolares que investem em tecnologia também acabam investindo em melhores professores e tem como base alunos de uma classe sócio econômica mais elevada, que tendem se sair melhor na escola.

“Os países com baixas despesas de educação e baixo rendimento per capita tendem a ter menos computadores por aluno”, segundo a publicação.

Nesse sentido, enquanto o acesso dos estudantes aos computadores leva a uma melhor performance geral na sala de aula, o modo como os computadores são utilizados e a quantidade de tempo gasto com eles têm grande efeito sobre esse desempenho.

De acordo com a pesquisa, estudantes que utilizam computadores para realizar atividades na escola, cumprido-as em valores de tempo ligeiramente abaixo da média geral gasta, obtiveram desempenhos acima da média geral em ambos os testes, escrito e digital, de leitura.

Por outro lado, alunos que gastam uma quantidade de tempo acima da média na frente de um computador em atividades na escola apresentaram perfomances piores do que outros estudantes, incluindo aqueles que não utilizaram computadores.

Em testes de matemática, a pesquisa constatou que quase todo o tempo gasto no computador levou a um pior desempenho em ambos os testes, escrito e digital.

Os mesmos resultados foram encontrados pelos pesquisadores quanto a utilização de computadores para trabalhos e atividades de casa.

O diretor de Educação e Habilidades da OCDE Andreas Schleicher não sugeriu que os sistemas de ensino devam cortar o financiamento a tecnologia; comentou na verdade, que a escola desempenha um papel importante na introdução de tecnologia para as crianças, mas que os computadores devem ser usados ​​de maneira mais prudente. “Ter uma estratégia pensada é importante”.

A conclusão que emerge é que as escolas e sistemas de ensino de uma maneira geral não estão prontos para aproveitar o potencial da tecnologia. Muitas vezes tecnologia aumenta a eficiência dos processos já eficientes, mas também pode tornar os processos ineficientes ainda mais.

A tecnologia não pode ajudar os alunos sem apoio adequado e um bom plano de aula, segundo Lan Neugent, diretor executivo interino do Estado de Tecnologia Educacional Directors Association, uma organização sem fins lucrativos que foca o uso tecnologia nas escolas.

“Se você dá às crianças uma ferramenta e não mostra como usá-la de forma eficaz, então ela não vai fazer muita diferença”, disse Neugent. “Por que as pessoas acham que apenas colocar um computador na frente de um criança que vai mudar isso?”

Como já mencionamos em diversos textos da Escribo, a tecnologia por si só dificilmente conseguirá resultados satisfatórios, é preciso suporte pedagógico para dar vazão às potencialidades dessas ferramentas.

E na sua escola, como se dá o uso da tecnologia?