por Americo N. Amorim | jan 26, 2015 | Geral, Gestão escolar
Desenvolvido pelo The Economist Intelligence Uni, o estudo chamado “The Learning Curve”, ou “A Curva de Aprendizado”, está em sua segunda edição e visa traçar um panorama sobre o que está sendo feito na educação mundial através de rankings educacionais de vários países combinados. Além disso, a pesquisa também sugere o que pode ser melhorado no futuro a partir dos dados coletados.
O resultado que mais chama a atenção é que, apesar das habilidades cognitivas como leitura, escrita e aritmética serem de extrema importância – afinal, são a base de toda educação -, elas cada vez mais vêm se mostrando insuficientes ante às demandas do século XXI.
É preciso ir além do básico e cultivar habilidades à longo prazo, que acompanhem os alunos durante a vida inteira e trespassem o essencial. As seguintes habilidades não-cognitivas precisam ser ensinadas desde cedo, mas principalmente praticadas ao longo da formação do indivíduo, pois algumas aptidões são perdidas com a chegada da idade adulta – essa perda, porém, é muito mais ostensiva quando as habilidades não são utilizadas regularmente.
Na lista abaixo, seguem as 8 habilidades essenciais na interação social no século XXI apontadas pela pesquisa:
1. Liderança
2. Alfabetização digital
3. Comunicação
4. Inteligência emocional
5. Empreendedorismo
6. Cidadania global
7. Solução de problemas
8. Trabalho em equipe
O valor econômico das habilidades na nossa sociedade vem de como podemos empregá-las à nossa força de trabalho durante a vida adulta. Andreas Schleicher, diretor para Educação na OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), coloca: “A economia mundial não paga mais pelo que a pessoa sabe, mas pelo que pode fazer com o que sabe”.
Além disso, dados da OECD afirmam que metade do crescimento econômico em países desenvolvidos durante a última década veio de uma melhor capacitação do indivíduo na escola, deixando claro que o estímulo das habilidades extra-ordinárias possui um valor significativo para o crescimento das nações e o futuro dos seus cidadãos.
O Brasil, apesar de ter subido uma posição no ranking global de Habilidades Cognitivas e Desempenho Escolar desde a última pesquisa (realizada em 2012), figura queda de qualidade no mesmo índice – ou seja, apenas subiu pois os países que estavam na sua frente no índice anterior pioraram. É possível conferir a pesquisa na íntegra, em português, clicando aqui. E a sua escola, já trabalha habilidades diferenciais?
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | jan 23, 2015 | Geral
Um grande dilema enfrentado por educadores é estimular a criatividade dos alunos em sala de aula. O tempo limitado para a alta demanda de conteúdo, a necessidade de padronizar provas e manter a disciplina acaba tornando difícil a tarefa de instigar os alunos em atividades criativas.
É importante saber que a criatividade forma cidadãos mais comunicativos, que sabem se expressar melhor por conseguirem escolher as palavras certas em determinadas ocasiões, facilitando seus relacionamentos – inclusive no trabalho. Além disso, a confiança nas próprias ideias faz com que eles tenham mais coragem de colocá-las em prática. Pensando nisso, Shelley Carson (PhD da Universidade de Harvard) deu algumas recomendações sobre como introduzir criatividade no dia-a-dia dos alunos, mesmo com limitações de tempo e recursos.
Para ela, expor os alunos à material criativo, promover a curiosidade e fornecer uma atmosfera onde o esforço criativo é valorizado são pequenas maneiras de fazer a diferença.
Independente da matéria que seja ensinada, disponha de arte e música na sala de aula
Faça com que estas estejam periodicamente disponíveis aos alunos.Também deixe-os cientes de por que você escolheu aquele material. Outras formas de associar o conteúdo com a criatividade é incluindo posteres, produções teatrais e cinematográficas que se relacionem com o assunto.
Estimule o interesse dos alunos em trabalhos criativos com aulas de campo
Leve-os para um dia de aprendizagem diferente em museus, parques ou instituições. Alguns tours estão disponíveis on-line. Trabalhe nelas o olhar criativo. Por exemplo, antes de chegarem à alguma exposição de arte ou concerto musical, ensine-as sobre o artista e/ou obras em questão.
Faça perguntas instigantes durante a aula
Melhor do que apenas passar informação é ensinar métodos para que eles busquem a informação sozinho. Perguntas desafiadoras ajudam a salientar o instinto explorador dos alunos, de forma que eles compilem as informações juntos.
Curiosidade é sempre bom
Conduza a aula de forma que a curiosidade dos alunos seja endossada como uma atitude positiva, reforçando internamente neles a busca por conhecimento. Valorize suas ideias e dê parabéns públicos quando eles atingirem objetivos.
Permita falhas
Se o aluno produzir uma pergunta “errada”, ajude-os à pensar o que é possível aprender a partir daquele erro. Encorajá-los a aprender com os erros é sempre melhor do que reprimí-los por isso.
Quais os artifícios usados na sua escola para estimular a criatividade nos alunos?
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | jan 21, 2015 | Gestão escolar
Diversos de estudos já provam que a educação com arte e música aprimora o desempenho escolar. De acordo com uma pesquisa do Departamento de Artes da Universidade da Flórida (UFL), os alunos que estudaram música e arte durante pelo menos 4 anos na escola obtiveram maiores notas em geral do que aqueles que estudam por metade de um ano ou menos.
A formação envolvendo música e arte vem se mostrando uma grande facilitadora da inovação em sala de aula, devido ao estímulo à criatividade. De acordo com a pesquisa, os alunos que aprenderam música e arte na escola desenvolveram um pensamento crítico e uma atitude positiva diante as adversidades da formação.
Além disso, o aprendizado musical torna os alunos mais propensos ao engajamento para atingir objetivos acadêmicos além de promover o desenvolvimento de um senso de disciplina saudável. Isso resulta em benefícios à longo prazo, que acompanham o estudante pelo resto de suas vidas, como um melhor vocabulário, uma atividade neural mais forte em sua língua nativa e maior facilidade para iniciar e dar continuidade à leituras.
A pesquisa também afirma que 90% das crianças do pré-escolar demonstraram alto desenvolvimento na inteligência verbal depois de apenas 20 dias de treino musical, entre eles uma melhor e mais focada habilidade em escutar/ouvir aulas. Também foi observado um aperfeiçoamento nas memórias auditivas e à longo prazo, além de um menor índice de falta de atenção na escola, devido ao foco trabalhado na aula de música.
Os benefícios não param por aí: A coordenação motora também é aprimorada no treino musical, uma vez que desenvolve as partes do cérebro associadas às funções motoras e sensoriais. Uma coordenação motora bem desenvolvida garante que os alunos escrevam melhor e interajam com mais qualidade no ambiente de aprendizado.
A música também fortalece as partes do cérebro usadas para resolver cálculos matemáticos complexos. Estudantes que receberam formação musical tiveram um desempenho superior aos demais em álgebra e estavam mais dispostos à aprender matemática em geral.
Outra grande vantagem neurológica do ensino musical deu-se principalmente na vida de crianças com distúrbios de atenção e aprendizado, como DDA/TDAH (Déficit de Atenção/Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade). Esses alunos são facilmente distraídos por estímulos sonoros do ambiente – já com o treinamento musical, suas habilidades de escuta são aprimoradas e direcionadas para um foco, permitindo que eles filtrem mais efetivamente os sons importantes em sala de aula.
A vida dos alunos de baixa renda também pôde ser beneficiada pelo ensino da música. Muitas vezes estes experienciam vivências pouco acolhedoras no ambiente em que vivem ou até mesmo em suas próprias casas. Depois das aulas de música e artes, essas crianças criaram uma maior disposição à socialização em atividades extracurriculares, além de atingirem maiores notas e possibilidades de ingresso em faculdades conceituadas.
Além dos benefícios escolares, o treinamento musical ampliou os horizontes sociais das crianças presentes na pesquisa. Foram observadas melhorias em suas auto estimas, maior atenção e perseverança, aumento de seus pensamentos criativos e otimização de seus hábitos de estudo.
A sua escola já conta com educação musical no currículo?
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | jan 19, 2015 | Gestão escolar
Você já conhece o adaptive learning? Numa tradução literal, o termo pode ser lido em português como “aprendizagem adaptada” e parte do princípio de que se os alunos não são iguais, a educação também não precisa ser.
No adaptive learning, o conteúdo é adaptado para o nível em que o estudante se encontra em determinado conteúdo, através de um software especializado, proporcionando atividades diferentes para cada aluno. É uma forma de personalizar o ensino, respeitando o tempo de absorção de cada um.
Em suma, ele abrange o amplo conjunto de tecnologias capazes de propor ensino personalizado na área da educação. O estudante é imerso num ambiente virtual onde cada decisão sua é capturada e contextualizada num banco de dados e segue direcionado para um processo de aprendizado diferente.
Os programas adaptam o conhecimento a partir de testes de nivelamento ao fim de cada unidade escolar. Dependendo do resultado do quiz, o programa pode movê-lo para um nível mais difícil ou reconstruir o aprendizado do início (disponibilizando um reforço no conteúdo), a depender do seu desempenho na coleta de dados disponível naquele sistema.
O interessante é que os softwares criam desafios internos. Por exemplo, caso um aluno responda corretamente uma pergunta sobre a República Café com Leite no teste de história, o programa espera um intervalo de tempo para fazer outra pergunta sobre este mesmo assunto, pondo em prova se ele realmente dominou o conteúdo ou acertou “no chute”. Além disso, quando há uma resposta incorreta, o programa oferece materiais suplementares para ele revisar o conteúdo que não aprendeu.
Essa tecnologia prospera a partir do momento em que lida com uma das maiores dificuldades pedagógicas entre estudantes, que é adquirir conhecimento significativo em todas as áreas. Muitos alunos conseguem uma aprendizagem efetiva em determinadas áreas, mas, paralelamente, acabam indo mal em outras – e o adaptive learning visa driblar essa dualidade.
Ele também ajuda os professores (que possuem pouco tempo e muita demanda, além de muitos alunos) à darem uma atenção especial aos pontos fracos de cada aluno – uma vontade de muitos educadores, o que contribui para um impacto pedagógico mais tangível.
Mas é necessário compreender que, apesar das vantagens, os softwares devem ser criados e adquiridos com muita atenção. Eles precisam ser desenvolvidos por profissionais sérios, a fim de garantir resultados de confiança e dados precisos, uma vez que por trás de toda grande tecnologia existe o esforço de especialistas competentes.
A presença do professor em todos os aspectos da educação também é indispensável, visto que sem conteúdos didáticos e auxílios pedagógicos de qualidade não é possível, para o software, nivelar o que foi apreendido pelo aluno.
O que você achou deste novo conceito em educação?
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | jan 15, 2015 | Gestão escolar, Marketing Escolar, Tablets na escola
Como visto nesse post, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) criou um guia de utilização e recomendações de políticas de uso para tecnologias móveis – tablets e celulares – nas salas de aula. No post mencionado, postamos os 13 bons motivos listados pela organização para adotar a tecnologia móvel no processo pedagógico. Hoje, você pode conferir abaixo as 10 recomendações da Unesco para um bom uso de tecnologia móvel em sala de aula:
- Criar e sempre atualizar políticas de uso ligadas ao aprendizado móvel
- Desenvolver estratégias para expandir e melhorar opções de conexão, garantindo equidade
- Conscientizar a comunidade escolar sobre a importância das tecnologias móveis na educação, com liderança, apoio e diálogo
- Permitir acesso igualitário entre estudantes
- Garantir equidade de gênero para todos os usuários e usuárias
- Criar e otimizar conteúdo educacional
- Treinar professores para avançar nos conteúdos através das tecnologias móveis
- Capacitar os professores usando as tecnologias móveis e disponibilizando suporte técnico
- Promover o uso seguro, sadio e responsável das tecnologias usadas
- Usar a tecnologia móvel para melhorar a comunicação e a gestão escolar
O guia finaliza com mais uma dica: A visão negativa de algumas pessoas acerca da tecnologia móvel está arraigada ao fato de que a maioria delas vê os dispositivos móveis como portais para o entretenimento, e não para a educação.
O papel do gestor escolar está em criar políticas que desconstruam essa imagem, educando-os sobre os benefícios da educação móvel.
Destacando como a tecnologia pode sofisticar as aulas, melhorar o aprendizado e a administração; compartilhando pesquisas e novas descobertas de programas e plataformas educacionais; encorajando o diálogo a respeito da educação somada à tecnologia entre a comunidade escolar (professores, coordenadores, estudantes, pais) e promovendo uma visão coerente de como a tecnologia pode acrescentar no aprendizado dentro e fora da sala de aula.
O manual na íntegra está disponível, em inglês, neste link.
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
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