por Americo N. Amorim | mar 30, 2015 | Geral
Apesar de aparecer no topo dos rankings educacionais internacionais, como o Programme for International Student Assessment (PISA), o sistema educacional da China vem sendo questionado, nos últimos anos, por pesquisadores ao redor do mundo.
Mas por que uma educação que garante resultados está sendo questionada?
Ainda que vários estudantes tenham alto desempenho educacional até mesmo nas áreas rurais e mais pobres, uma coisa chamou atenção dos especialistas: o stress era comum à todas essas crianças.
Vários fatores agravam esse quadro:
- Estudantes chineses passam mais tempo na sala de aula do que a maioria dos estudantes ao redor do mundo, como os britânicos, por exemplo.
- Os dias de aula são maiores até em escolas primárias, onde as crianças ficam na escola de 8h às 15 h, com um intervalo de apenas meia hora para almoço nas grandes cidades como Shanghai e Beijing.
- Os feriados são diminuídos para que elas tenham mais dias de aula.
- Em média, no sistema chinês de educação, os anos letivos costumam ter 245 dias e 175 dias sem aula – 37 dias a menos do que a maioria dos estudantes ao redor do mundo, como no Reino Unido, onde as crianças têm 212 dias de descanso, incluindo férias e feriados.
A rotina escolar fica ainda mais puxada quando as crianças passam para o ensino fundamental, onde a competição para entrar nas melhores escolas de ensino médio (conhecidas como high schools) aumenta a pressão: enquanto os pais investem em aulas de inglês e olimpíadas de matemática, o tempo de aula aumenta paralelamente – os estudantes do ensino fundamental chegam a escola às 7:30h e saem às 16h.
Além disso, 45% das crianças ainda ficam mais 4h na escola para aulas extras de reforço após as aulas – sem falar das tarefas de casa e trabalhos extra classe, quando elas finalmente voltam para casa à noite.
Essa rotina é enaltecida pelos pais, que reconhecem a educação como o mais importante caminho para o sucesso na cultura chinesa. Segundo os próprios estudantes, a influência dos pais, que cultivam altas expectativas em seus filhos de forma que possam realizar neles seus próprios sonhos, é o principal agente motivador dos pupilos chineses.
Em tempo, pesquisadores do Reino Unido e da China acreditam que não existem vantagens em passar tantas horas na sala de aula além de bons resultados em rankings e conhecimento focado apenas em absorver conteúdo.
Faltam habilidades básicas para o século XXI nos estudantes do país asiático, como relacionamentos interpessoais bem desenvolvidos, resolução de problemas e criatividade. Vale a pena uma educação que garante resultados em rankings e testes se ela não estimula a curiosidade, a produção criativa e as habilidades motoras das crianças?

Uma pesquisa do Comitê Científico do Núcleo Ciência Pela Infância (que conta com a USP e a Universidade de Harvard) sobre desenvolvimento infantil afirma que a criança precisa brincar para fazer as sinapses necessárias para um crescimento saudável, garantindo vivências e experiências que garantem um pensamento rápido e resolução de problemas, o que pode ser levado para o futuro:
“Um importante aspecto da experiência do desenvolvimento infantil, do ponto de vista da criança, são as habilidades que ela adquire ao brincar, seja com objetos ou com pessoas. Por intermédio do brincar, já desde os primeiros meses de vida, a criança aprende a explorar sensorialmente diferentes objetos, a reagir aos estímulos lúdicos propostos pelas pessoas com quem se relaciona, e a exercitar com prazer funcional suas habilidades.”
Outro estudo realizado pela Ian Morgan of Australian National University afirma que, devido às longas horas de estudo dentro de sala de aula e poucas horas expostas ao sol do lado de fora, 90% das crianças e jovens asiáticos (incluindo China, Japão e Singapura) estão com altos graus de miopia.
Ou seja, brincar é coisa séria e a educação não pode negligenciar isso.
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | mar 27, 2015 | Inovação no Ensino
Escrever emails de forma apropriada faz parte de uma boa educação digital para crianças!
E também é uma política de uso consciente da internet, garantindo a cidadania digital, como recomenda a Unesco.
Crianças, ainda que nativas digitais, não nasceram sabendo todas as regras e responsabilidades. É preciso ensiná-las.
Assim como elas precisam aprender o que falar ao atender ao telefone, também precisam aprender como escrever da maneira correta nos emails, para se comunicarem com seus professores, colegas e administradores.
Os alunos da professora Silvia Tolisano são terceira séria e receberam a responsabilidade de administrar um email para a turma. Nesse contexto, surgiu o guia abaixo, formulado para garantir uma política de uso saudável para crianças utilizarem emails na escola!
Você pode imprimir e fazer cópias para os seus alunos. Confira:
Uso responsável do email para estudantes

1. Boas Maneiras
- Não use gírias
- Seja educado
- Seja amigável
- Use sempre palavras como “por favor” e “obrigado(a)”
- Inicie seu email com Olá, Oi, ou “Querido(a)”
- Utilize boa gramática e escrita – isso prova que você se importa!
- Cuidado com seus segredos – não diga coisas pessoais em um email compartilhado com várias pessoas!
2. Responsabilidades
- Confira seu email regularmente → Responda o que foi solicitado o mais rápido que puder!
- Nunca abra um email vindo de alguém que você não conhece → Coloque na lixeira ou mostre para um adulto
- Nunca clique em links de emails que você não conhece → Evite hackers, vírus e conteúdos inapropriados
- Use o email da escola para coisas da escola → Não misture os assuntos escolares com conversas pessoais!
- Confira a gramática e a escrita antes de enviar → Causa boa impressão e mostra que você se importa
- Mantenha a caixa de entrada organizada → Não perca emails, seja responsável, exclua o desnecessário
3. Passo a passo para enviar emails
- Coloque o email do seu destinário (pessoa que você vai mandar o email) na caixinha onde está escrito “Para:”
- Onde está escrito “Assunto”, escreva um título sobre o que se falará no email, de forma prática
- Na caixa em branco, digite seu email
- Mande o email clicando em “Enviar”
Fonte: Silvia Tolisano, do blog LangWitches
E você, já se comunica com alunos por email? Comente para nós como é a experiência! 😀
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | mar 26, 2015 | Marketing Escolar
A divulgação da sua escola na mídia local (ou até nacional) parece um sonho?
Para muitos administradores escolares, essa seria a oportunidade perfeita para divulgar a mensagem da escola. Mas muitas vezes essa se perde em virtude da dificuldade que os gestores encontram em lidar com a mídia, seja por falta de experiência ou por más experiências com a imprensa.
Mas a verdade é que investir tempo para lidar com jornalistas pode ser muito vantajoso para fortalecer os relacionamentos com a comunidade local e conseguir divulgar boas histórias sobre a escola.
Repórteres estão sempre buscando a verdade – e também fontes de informação que ajudem a enriquecer seus trabalhos.
É o que afirma Barbara Knisely, porta voz da American Association of School Administrators:
“É importante aprender a receber os repórteres em vez de temê-los. Muitas vezes os gestores estão focados em outros trabalhos e deixam a comunicação em segundo plano, o que não agrega vantagens para a imagem da escola”
Em suma, diretores e administradores não devem temer a mídia, pois é através de noticiários e da televisão que a maioria das pessoas fica sabendo sobre o que acontece em suas cidades – daí a vantagem em engajar a escola na mídia.
Nora Carr, autora do livro “Telling Your Story: A Toolkit for Marketing Urban Education” (cujo título ainda não tem versão em português, mas pode ser traduzido para “Contando sua História: Um guia de Marketing na Educação Urbana), existem estratégias importantes que passam batido por muitos gestores escolares, que são regularmente usadas em outras empresas na hora de criar uma boa imagem e se relacionar com a mídia.
Pensando nisso, Nora ofereceu ao site Education World uma lista de dicas para desenvolver estratégias de marketing e estreitar relações com a imprensa.
10 dicas para a escola se relacionar com a imprensa

1) Tempo é mais importante que dinheiro
Construir uma relação com a mídia local demanda mais tempo do que aparentemente parece, então o ideal é contratar alguém para cuidar do departamento de relações públicas ou designar essa função à outro funcionário, caso o diretor não tenha disponibilidade para isso em meio às suas outras responsabilidades.
2) Faça amigos antes de precisar deles
Conheça bem os repórteres locais antes de querer emplacar uma pauta no jornal – ou antes que alguma crise aconteça na sua escola. A pior hora para conhecer um repórter é quando ele simplesmente aparece estacionado na frente da escola. Networking é importante nessas horas.
3) Seja cordial
Quando receber um ou uma repórter, sente lado a lado e converse de igual para igual, leve para conhecer a escola, pergunte sobre seus prazos, pergunte a melhor hora para ligar – pequenos gestos são importantes.
4) Retorne suas ligações prontamente
Jornalistas trabalham com prazos. Mesmo que você não tenha a resposta para a pergunta em mente naquele exato momento, deixe-o ciente disso e diga que estará trabalhando em conseguí-la.
5) Honestidade é importante
Não espere que só porque você conseguiu noticiar algo bom para a mídia uma vez que ela irá ignorar sua escola quando algo ruim acontecer. Responda tudo com honestidade, independente da situação.
6) Seja prático
Não é necessário ir até as estações de TV no dia de hoje para emplacar uma pauta. A flexibilidade da mídia permite, agora, contato imediato através de emails, telefonemas e até redes sociais.
7) Deixe os funcionários por dentro de tudo
Uma equipe de profissionais bem informada sobre a história e o histórico da escola estará preparada para responder as perguntas de qualquer repórter.
8) Tenha pessoas fora do quadro de funcionários para falar, caso necessário
A visão de pessoas que não trabalham na escola podem ser bastante útil numa reportagem, pois poupa tempo da equipe e agrega credibilidade à mensagem. O interessante é ter alguém que seja familiarizado com a instituição de ensino e tenha, também, jogo de cintura para lidar com relações públicas.
9) Convide a mídia a conhecer a escola virtualmente
A maioria dos jornalistas investiga suas fontes através da internet, ou seja, é importante que o próprio site da escola e as redes sociais tenham um espaço destinado à mídia, como uma aba chamada “Sala de Imprensa” com o contato do departamento de relações públicas. Enviar Newsletters informativos direcionados especialmente para a imprensa também é interessante.
10) Busque ajuda em marketing com profissionais quando precisar
Caso necessário, entre em contato com coaches ou gestores de marketing locais para buscar dicas mais específicas ou negociar orçamentos para uma campanha de marketing. Isso pode ajudar na hora de falar com a imprensa.
Sua escola já saiu na imprensa? Como foi a reportagem? Não deixe de comentar conosco 🙂
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | mar 25, 2015 | Geral
Do que você se lembra quando te perguntam sobre a época da escola?
De questões de provas? Lições de casa? De acordo com a educadora Mariale Hardiman, com certeza não.
Ela defende que o que realmente marca nossa memória escolar são as horas lúdicas, onde aprendíamos através de música, arte e paródias.
Todo mundo tinha aquele professor que levava um violão para a sala de aula, criando paródias com os conteúdos, ou aquela “tia” que nos pedia para criar histórias divertidas sobre o que aprendemos, ou dava aquela dica de memorização inesquecível em forma de poesia ou rima.
Segundo Mariale, a importância de aprender pela arte de forma visual e performática é vista quando a integramos à outras matérias, pois a abordagem lúdica e desafiadora torna o aprendizado mais relevante para o jovem.
Para provar seu ponto, ela resolveu fazer uma pesquisa com uma equipe de alunos da universidade onde é reitora, a Johns Hopkins University School of Education. O estudo consistia numa seleção de 20 turmas da quinta série, divididas em dois estudos:
“Dividimos as vinte turmas em duas partes, uma seria designada à aprender ciências de forma integrada com a arte, e outra para aprender de forma convencional e tradicional. Ambas aprenderiam o mesmo conteúdo e fariam as mesmas avaliações finais, além de terem a mesma quantidade de horas para cada aula/atividade.”
O resultado foi exatamente o que Mariale e sua equipe esperavam: os alunos que mais memorizaram o conteúdo (principalmente os que tinham dificuldades com leitura e interpretação) foram os que estavam na parte da turma que aprendeu ciências integrada à arte (confira aqui a pesquisa, em inglês).
A partir destes resultados, podemos listar algumas observações importantes para levar conosco na luta por uma educação melhor:
Por que arte?
1) A arte melhora o engajamento e a atenção dos alunos, logo, é algo essencial no currículo da escola
2) É importante ter professores bem preparados, com suporte teórico e prático para ensinar de forma lúdica não só na aula de artes, mas em todas as disciplinas
3) O desenvolvimento cognitivo em crianças advém de interações sociais, com conhecimento contruído em conjunto com adultos que possam mostrar outros mundos à elas, segundo o psicólogo Lev Vygotsky (1896-1934). E nada mais social do que a própria arte!
4) Aliada à tecnologia, a arte pode se tornar uma experiência ainda mais transformadora, pois supre à necessidade de materiais de qualidade sobre o ensino da música
E você, também acha que a arte tem potencial para transformar a educação? 🙂
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | mar 24, 2015 | Geral
A professora Adriana Gandin trabalha em disciplinas de pós-graduação focadas em alunos que, em sua grande maioria, são professores que buscam uma experiência positiva com a tecnologia educacional para que possam coordenar projetos com recursos tecnológicos em seu dia a dia dentro da sala de aula.
Durante sua docência nas disciplinas “Planejamento e Avaliação Institucional e da Aprendizagem” e “Tecnologias da informação e da comunicação em educação”, Adriana percebeu que formar professores para a inserção de tecnologias digitais na sala de aula é um desafio para a educação no país – e uma necessidade.
Segundo ela, a maioria dos seus alunos-professores não se sentia a vontade com o mundo tecnológico que se apresenta. Porém, a docente sempre acreditou que é possível aproximar professores da tecnologia, pois não é só de discursos e leituras que vem o aprendizado.
1) Autoconfiança para lidar com a nova geração
Adriana percebeu que após pagarem suas disciplinas voltadas para tecnologia na educação, os alunos-professores desenvolveram um aposta mais segura e se sentiram animados e aptos a fazer suas próprias buscas de novas ferramentas tecnológicas, de forma que não pararam de se aperfeiçoar.
Dessa forma, eles se sentem mais encorajados a sustentar projetos, utilizar apps e sites em suas aulas, o que lhes aproximou dos seus alunos, já que os jovens de hoje são nativos digitais.
2) Democratização do aprendizado
Tornar a educação algo acessível para todos é uma gratificação enorme para os professores e, com a especialização em tecnologia, alguns alunos de Adriana vivenciaram essa realidade.
Uma de suas alunas afirmou que a tecnologia está propiciando aos educandos uma interação, uma troca de informações e gerando uma cooperação no momento em que se compartilha o conhecimento, até mesmo o conhecimento social e interacional.
3) Autonomia e novos horizontes na sala de aula
Com o conhecimento adequado das ferramentas de tecnologia educacional, o professor pode ter mais autonomia para inovar em suas aulas, sem depender somente de livros, criando novas possibilidades de aprendizado multimídia.
As oficinas e projetos da pós-graduação facilitam a promoção de atividades práticas e de novas vivências através de ferramentas da web, como sites e aplicativos. Tudo isso empodera o profissional e os faz reconhecer os recursos tecnológicos como aliados próprios e não inimigos de seu trabalho como docente.
4) Múltiplas ferramentas pedagógicas
Uma vez que o professor domina recursos e novas possibilidades de interação digital, sua aula fica ainda mais rica, indo além do quadro branco e apresentações de slides. Pode parecer difícil, e a realidade é que muitos professores ainda não utilizam ferramentas tecnológicas por falta de conhecimento, mas depois que aprendem não deixam de usar.
A dica é dar-se uma chance de nunca parar de aprender e descobrir novas formar de compartilhar o conhecimento e vivenciá-lo na sala de aula.
5) Construção coletiva e compartilhamento
A utilização de ferramentas tecnológicas com atividades práticas ajudam a capacitar mais facilmente os professores em formação. A vivências melhora, possibilitando comunicar, estudar, armazenar, compartilhar e agilizar o seu trabalho no dia a dia, indo além de apenas passar conteúdos. Essa comunicação integrada é uma facilitadora do conhecimento, que quando compartilhado facilita a vida de quem ensina e de quem aprende.
“Já é fato que o método tradicional está com os dias contados. É um processo sem volta. Educação e tecnologia estão cada vez mais unidas em prol do conhecimento e é fundamental que o educador também esteja sempre atualizado, não só em relação à tecnologia. No mundo globalizado, o conhecimento tem de ser multidisciplinar”. –Marise Bocchi
O que você acha de se especializar em tecnologia educacional?
Nós, da Escribo, estamos preparando uma iniciativa focada no uso de tecnologias educacionais na sala de aula. Você gostaria de fazer parte desse processo?
Adoraríamos ouvir de você, com comentários e sugestões de ementa! Para participar, basta deixar suas informações nesse formulário rápido e entraremos em contato com você em breve.
Até mais!
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
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