Artigo: Escrever, desenhar e brincar, fontes indispensáveis de aprendizado

Artigo: Escrever, desenhar e brincar, fontes indispensáveis de aprendizado

Quando as crianças brincam, elas exercitam a criatividade, a capacidade de desenhar e têm convívio social com outras crianças, fatores indispensáveis no aprendizado da fala e de leitura e escrita. É sobre essas temáticas que tratamos neste novo artigo, também parte do meu doutorado na Johns Hopkins University.

Pontos principais

Pais: sempre estimulem os(as) filhos(as) a brincar com outras crianças. É através das brincadeiras que os pequenos desenvolvem a imaginação e avançam no aprendizado.
Professores:
aulas com atividades em dupla ou brincadeiras em grupo incentivam a socialização entre as crianças, melhorando o processo de alfabetização.
Gestores escolares:
é importante que o ensino da linguagem escrita tenha um propósito: brincar, desenhar, conversar/socializar devem estar alinhados aos objetivos do aprendizado de leitura e escrita.

As teorias socioculturais começaram a surgir com os trabalhos do psicólogo russo Vygotsky [1]. Naquela época, eram populares as abordagens de estímulo-resposta e as teorias Gestalt. Embora seja comum rotular o trabalho de Vygotsky como construtivista, ele era diferente de outros estudiosos desse campo, como o pensador suíço Jean Piaget. Vygotsky argumentava que a convivência social tinha uma função essencial no desenvolvimento humano [2].

Essas interações começam cedo e culminam no desenvolvimento da linguagem, ferramenta que usamos inicialmente para nos comunicarmos e que evolui para se tornar uma parte vital do raciocínio humano [1]. Ao dominar a fala, as crianças assumem o controle sobre suas ações, criam alternativas para resolver um problema e podem planejar o futuro [1].

Nesse sentido, Vygotsky chegou ao conceito da zona de desenvolvimento proximal (ZDP), que afirma que a capacidade de uma pessoa para resolver um problema aumenta quando é auxiliada por um colega mais capaz ou por um instrutor [1]. Com algumas interações, o(a) aluno(a) será capaz de realizar a tarefa sozinho(a) e o(a) professor(a) poderá focar nos próximos desafios de aprendizado. Leia mais sobre a zona de desenvolvimento proximal neste artigo.

Dentro deste contexto de promoção de interações, é indispensável destacar a importância do brincar na educação infantil. Nesta etapa, a criança começa a desejar coisas que não pode alcançar [1] como pilotar um avião, e é neste momento que as crianças começam a desenvolver a imaginação. É através das brincadeiras que a criança consegue realizar muitos de seus desejos (ex: levar seus amigos da escola para um voo cheio de acrobacias, por exemplo!) [1]. De acordo com Vygotsky, quando as crianças brincam, elas vivenciam uma zona de desenvolvimento proximal, onde realizam ações que vão além do esperado para suas idades e avançam, portanto, no seu desenvolvimento.

O desenvolvimento da linguagem escrita

Um dos pontos mais interessantes do trabalho de Vygotsky em relação à alfabetização é ​​o que ele afirma sobre a linguagem escrita. Para ele, o desenvolvimento dessa habilidade começa quando a criança passa a usar gestos manuais (apontar e tocar) para representar os sinais visuais (por exemplo, o objeto que ela está olhando e deseja tocar) [1].

Isso se desenvolve até a criança começar a desenhar, quando elas usam esses gestos para fazer rabiscos. Mais do que um rabisco consciente, o desenho no início da educação infantil é uma forma natural de registrar no papel o que as crianças comunicam com seus gestos [1].

O desenvolvimento do simbolismo é outro aspecto importante do aprendizado da linguagem escrita. O simbolismo é bastante presente quando a criança está brincando, quando muitas vezes atribui um outro significado a um objeto [1]. Por exemplo, um pequeno bloco de papel pode se tornar um avião quando a criança o usa para jogar como se fosse um avião. A mesma ligação simbólica pode ser feita com muitos outros objetos (por exemplo, um controle remoto, um telefone celular) se eles servem ao propósito de se mover como um avião de brinquedo – inclusive, não é necessário haver semelhança com uma aeronave real.

A representação simbólica então surge com o desenho na educação infantil, quando a criança começa a traduzir seu discurso verbal (o que fala) em discurso gráfico (o que desenha) [1]. Esse processo evolui e chega ao desenvolvimento da escrita simbólica. Após a fase de três a quatro anos de idade, a maioria das crianças conseguirá usar símbolos escritos e então atribuir palavras ou frases para ações (por exemplo, repetir frases maiores do que esperamos que elas  consigam memorizar).

Por isso é importante o ensino da linguagem escrita na educação infantil, mas esse ensino precisa ser organizado de forma que a leitura e a escrita tenham um propósito [1], criando oportunidades para nossos filhos se tornarem letrados, incentivando-os a socializar e usar a linguagem de forma real e relevante.

Leia mais

Artigo: desigualdade social, alfabetização, letramento e a importância da avaliação nacional de alfabetização.

Alfabetização nas escolas brasileiras

A maioria dos estudantes das escolas brasileiras, da primeira à terceira série, não aprende o mínimo necessário em leitura e escrita [4]. Uma visão sociocultural pode nos fornecer diversos insights sobre os fatores que contribuem para este baixo nível de aprendizado no ambiente escolar. Podemos começar pensando sobre o desenvolvimento da fala nos primeiros anos da infância.

Para Vygotsky, a criança desenvolve a fala por meio das vivências sociais já nos primeiros anos de vida. O Brasil ainda é um país em desenvolvimento, e as famílias carentes geralmente não possuem os meios adequados para criar seus filhos. Por exemplo, apenas 20,8% das crianças brasileiras estão em creches [5]. A maioria das famílias tem que deixar as crianças com vizinhos ou familiares, e essas pessoas podem não interagir com a criança de forma adequada – ou por terem poucos recursos ou simplesmente não saberem o que fazer para fortalecer o desenvolvimento das crianças.

Por isso, muitas crianças passam menos tempo em sua zona de desenvolvimento proximal, atrasando seu progresso. Passam muito tempo em frente à TV quando deveriam interagir com amigos e adultos, brincar de “faz de conta” e desenhar para desenvolver os discursos orais e gráficos, processos fundamentais ao aprender a linguagem escrita. Essas crianças provavelmente chegam menos desenvolvidas do que poderiam estar quando começam a estudar.

Na educação infantil a criança ainda enxerga o aprendizado como algo divertido mas, infelizmente, ao chegar no primeiro ano do ensino fundamental muitos alunos reclamam que a escola se torna chata. Isso provavelmente acontece porque o aprendizado de leitura e escrita, em muitas escolas brasileiras, ainda usa um processo mecânico que se concentra na codificação e decodificação de símbolos escritos [6]. Parece que os professores não aplicam a dica dada por Vygotsky: permitir que as crianças interajam e se engajem em tarefas sociais enquanto aprendem a ler e escrever.

Isso pode acontecer porque, no Brasil, a maioria graduações voltadas à Educação se concentra no modelo de conteúdo, que enfatiza um histórico cultural geral e a disciplina que o(a) graduando(a) irá ensinar quando se formar. Isso deixa uma grande lacuna, uma vez que a pedagogia, quando ensinada, é apresentada de uma maneira abstrata, sem experiências reais em sala de aula [7].

Aparentemente, a falta de formação pedagógica adequada está entre as principais causas da falta de engajamento do estudante com a escola, que começa a se manifestar nos anos iniciais do ensino fundamental. De acordo com a perspectiva sociocultural, a escrita deve ser ensinada naturalmente; os educadores têm de fornecer meios para as crianças descobrirem, enquanto brincam, que a leitura e a escrita são necessárias. Quando isso acontece, elas geralmente se envolvem no aprendizado.

No entanto, é injusto não lembrar que, durante os anos iniciais, os pais e o sistema educacional brasileiro como um todo esperam que os professores apliquem provas formais, dentro do sistema de notas (de 0 a 10). Como a maioria dos pais e gestores se atém apenas às notas, o nível de aprendizado e de riqueza da linguagem escrita dos alunos pode acabar ficando de lado. Apesar disso, esse aprendizado precisa ser o objetivo principal do ensino.

Nossa visão, alicerçada em Vygotsky, é de que devemos buscar uma educação mais engajante e que promova o desenvolvimento da linguagem oral e escrita rica . Tal busca deve iniciar na educação infantil com o ensino lúdico, porém sistemático, das habilidades que levam a leitura e a escrita.

Referências

[1] Vygotsky, L. S. (1980). Mind in society: The development of higher psychological processes.Cambridge, MA: Harvard University Press.

[2] Ernest, P. (2010). Reflections on theories of learning. In B. Sriraman, & L. English (Eds.), Theories of Mathematics Education(pp. 39-48). New York, NY: Springer.

[3] Soares, M. (1998). Letramento: Um tema em três gêneros. Belo Horizonte, MG: Autêntica.

[4] Inep – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. (2013). Avaliação Nacional da Alfabetização. Retrieved from:http://goo.gl/wzjpiF

[5] Ibope. (2013). Primeiríssima infância: Da gestação aos três anos. Retrieved from: http://goo.gl/u9YpVM

[6] Mortatti, M. D. R. L. (2000). Cartilha de alfabetização e cultura escolar: Um pacto secular.Caderno Cedes, 52, 41-54.

[7] Tanuri, L. M. (2000). História da formação de professores. Revista Brasileira de Educação, 14, 61-88.

Entendendo os processos de aprendizagem: como os alunos aprendem?

Você com certeza já viu esse tipo de profissional:

Um professor ou professora inteligentíssimos, com um particular talento intelectual, diversos cursos no currículo, mestrado, doutorado e até PhD. Não é segredo para ninguém que aquela pessoa não apenas sabe muito, mas que domina um vasto conhecimento na sua área.

Só que, chegando na sala de aula, ela se comunica mal, não consegue se expressar e tão pouco transferir o conhecimento. A linguagem corporal é nula, as falas são incompreensivas. Tecnologia? nem pensar. No máximo alguns slides enormes num datashow que levou quarenta minutos para ser montado.

Isso prova que é essencial para os educadores dominar não apenas o conteúdo, mas a habilidade de passá-lo adiante de forma efetiva.

Para auxiliar os professores nessa missão, hoje vamos mostrar como o ocorre processo de aprendizado, com 6 fatos que o professor precisa saber à respeito de como seus alunos aprendem: 

1. Alunos aprendem melhor através de múltiplos ângulos

Apesar de parecer óbvio na teoria, na prática poucas escolas e professores adaptam o ensino para atingir todos os tipos de aluno.group of teens students hanging out at school

Alguns alunos aprendem melhor com estímulos visuais multimídia, outros escutando exemplos e histórias. É preciso ajustar as formas de ensino para que todos sejam contemplados – tendo isso em mente, o professor já consegue desenvolver atividades mais variadas, tanto no método como no nível de dificuldade.

2. A melhor forma de fixar informação é reforçando-a

Group of students in a libraryE a melhor forma de reforçar a informação é repassando-a de formas diferentes, em momentos diferentes.

Usar, além dos tradicionais exercícios, mapas, esquemas ou painéis, depois músicas, e em outro momento jogos e filmes ajuda a manter a informação ativa em várias áreas do cérebro.

3. Use a interdisciplinaridade 

behind the booksEm vez de separar as matérias, por que não usar uma para contribuir com a outra? Mesclar o aprendizado torna tudo mais divertido e engajador, além de reforçar e memorizar o que está sendo aprendido em cada matéria simultaneamente.

Por exemplo: Se o conteúdo em história é a história do Antigo Egito, é possível incorporar isso à linguística,  falando de hieróglifos ou propondo uma redação sobre qual monumento egípcio é mais interessante.

4. Ensine sobre o próprio processo de aprendizado

O próprio conceito de aprendizado é algo abstrato.asian male thinking

Ajudando seus alunos a arte de aprender, as técnicas necessárias para um bom aprendizado, assim como explorar os diferentes estilos de aprendizagem, você estará empoderando-os nesse processo. Quando um tópico ou assunto for mais difícil ou invasivo, o estudante que entende como aprender vai ter mais paciência para encarar o desafio.

Uma dica interessante é esta história em quadrinhos que ensina formas de evitar a procrastinação: “Uma longa noite aprendendo: como Sofia aprendeu a aprender melhor“.

Outras técnicas são:

  • Memorização
  • Análise de fatos e processos
  • Entendendo a realidade

5. Crie espaços 

salle de classe

Essa é uma sugestão psicológica e logística – criatividade é o berço do aprendizado, onde um estudante pode semear pensamentos, ideias, problemas e fazer conexões entre conceitos.

A criatividade depende da ativação do lado direito do cérebro, e determinados espaços são oportunos para a criatividade aflorar.

Dê aos estudantes um espaço para se alongar, se mover, observar o ambiente e as janelas. Passeie pela sala, entre as cadeiras, para chamar a atenção deles.

6. Use tecnologia

Nunca antes na história da humanidade informações e conhecimento estiveram tão acessíveis. Com um toque no tablet ou no smartphone, um estudante pode conseguir respostas às questões que, antes, precisariam de uma ida à empoeirada sessão de enciclopédias na biblioteca.

Isso significa que memorizar não tem mais a mesma importância que um dia teve 100 anos atrás. Tradições orais e o hábito de Boy spending time with notebook and modern technologypassar a informação à frente verbalmente estão quase extintos.

Melhor do que resistir ao avanço da tecnologia é vê-la como a ferramenta perfeita de ir além com os estudantes, desde que eles não precisam desperdiçar tempo investigando informações que estão à um toque de distância.

Explore temas, encoraje a inovação. Você pode se inspirar com outros artigos à respeito:

O pedagogo Andrianes Pinantoan, autor da lista, afirma ainda que estimular a curiosidade também é uma forma de fazer o processo de aprendizado acontecer:

“Quando os alunos têm interesse em algo, seu aprendizado cresce. Eles têm mais foco, iniciativa, engajamento no material. Fazer com que eles pesquisem, investiguem e explorem suas curiosidades sobre conteúdos que gostam aumenta a motivação da sala de aula.”

E os seus alunos, como estão aprendendo?

20 atitudes que fazem a diferença em um professor bem sucedido – Parte I

Raros são os casos onde um profissional bem sucedido, quando perguntado sobre a sua “fórmula para o sucesso”, não se lembra de pelo menos um professor que lhe fez chegar até ali.

A gratidão pelo mestre advém daquela aula marcante, das lições que não se limitavam às paredas da escola, ou simplesmente pelo professor não desistir de seus alunos por mais difícil que fosse.

O que os alunos levam de uma boa educação geralmente está centrado em uma conexão com o professor, que ensinou com paixão e inspiração aquele conteúdo.

Nesse contexto, é importante se perguntar: como um professor atinge seu objetivo com os alunos? quando isso é visível?

A psicóloga especializada em educação Julie DeNeen discorreu sobre 20 hábitos inerentes à educadores de sucesso. Confira abaixo a primeira parte da lista:

Hábitos de um professor bem sucedido

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1. Objetivos claros

Como você sabe que está indo na direção certa se não conhece o lugar para onde está indo? No trânsito, você lê as placas, usa mapas e GPS. Na educação, os seus objetivos na sala de aula agem como placas, guiando as aulas e os estudantes para o destino correto.

Seu plano de aula é seu mapa! Fazer um plano não é mecanizar as aulas – é criar o ambiente propício para que o conhecimento e a criatividade aflorem.

2. Senso propositivo

Ninguém é sortudo o suficiente para ser agraciado com dias de trabalho épicos diariamente. As vezes, a vida pode soar mundana e tediosa.

E é aí que os professores com senso propositivo se destacam: eles conseguem ver o cenário da sala de aula além do óbvio, e com esse olhar diferenciado podem passar por cima de dias difíceis, enxergando outras possibilidades.

3. Paciência (ou “sabem esperar o feedback”)

O feedback nem sempre é imediato na educação. Não há nada pior do que planejar uma aula com muito esforço e apenas alguns estudantes entenderem o que foi explicado. É difícil se entregar 100% à um projeto e não ver o resultado instantaneamente.

Por isso os professores bem sucedidos não podem depender de elogios e gratificações rápidas, caso contrário viverão estressados e desiludidos.

Aprendizado, relacionamentos e educação são áreas em que é preciso paciência e esforço para atingir os objetivos, como quem rega e cuida de um jardim – é preciso esperar para florescer.

4. Sabem ouvir, mas também sabem a hora de ignorar

Fazendo gancho com o item acima, o professor bem sucedido também sabe filtrar os feedbacks recebidos.

Um professor que nunca ouver o que os alunos estão dizendo vão, cedo ou tarde, falhar. Mas um professor que sempre escuta também há de falhar.

É preciso balancear e avaliar quando é hora de ouvir os alunos e  readaptar os métodos, e quando é hora de dizer não – vendo sempre a situação à longo prazo.

5. Atitudes positivas

Caras fechadas e discursos negativos eliminam qualquer lapso de criatividade que os alunos possam ter, e isso cria um terreno fértil para o medo e o fracasso.

Bons professores são otimistas e têm senso de vitalidade, equilibrados com uma boa energia – positividade é a semente da criatividade, pois apoio é tudo que os alunos precisam para acreditar que seus projetos darão certo.

6. Esperam que seus alunos tenham sucesso

Esse conceito se aplica também para os pais. Estudantes precisam de alguém que acredite neles. Eles precisam que alguém mais velho – e mais sábio – coloque fé em suas habilidades.

Crie expectativas e metas realistas para eles atingirem, e propicie um ambiente onde eles têm o direito de errar. Isso motivará os estudantes a continuar tentanto atingir as metas e expectativas que você criou.

7. Senso de humor

Humor e perspicácia criam uma boa e duradoura imprensão.

Professores bem sucedidos são também bem humorados porque sabem que isso reduz o estresse e a frustração, além de dar às pessoas a chance de enxergar certos contextos a partir de outro ponto de vista. Se você entrevistar mil alunos sobre quem eram seus professores favoritos, aposto que 95% desses professores eram hilários.

8. Sabem elogiar com moderação

Sim, estudantes precisam ser encorajados, mas o real encorajamento não é feito só de elogios.

Não é nada bom aplaudir seus trabalhos quando você sabe que aquilo é apenas 50% do que eles são capazes de fazer.

Se qualquer trabalho é elogiado ou aplaudido, o seu reconhecimento não é tão valioso assim. Quando usado apenas na hora certa, o elogio será muito mais valorizado – e fará com que seus alunos busquem aquilo ainda mais.

9. Sabem correr riscos

Arriscar-se é parte de toda fórmula de sucesso. Riscos são a prova de que você está disposto a tentar coisas novas na sala de aula, e estudantes valorizam essa atitude.

Lidar com crises também é uma forma de ensinar algo à seus alunos. forma como você ensina é tão importante quanto o que você ensina!

10. São consistentes

Ser consistente não significa estar preso à algo, e sim que você fará o que prometeu. Significa não mudar suas regras de acordo com seu humor e garantir que seus alunos confiem em você quando precisarem.

Professores de sucesso sabem quando se desprender de certos métodos, pois permanecer preso a algo que não gera resultados não é consistência – é teimosia.

Você se identifica com essas características? Não deixe de voltar amanhã para ler a segunda parte da lista!

4 razões para ensinar e aprender por meio da arte

Do que você se lembra quando te perguntam sobre a época da escola?

De questões de provas? Lições de casa? De acordo com a educadora Mariale Hardiman, com certeza não.

Ela defende que o que realmente marca nossa memória escolar são as horas lúdicas, onde aprendíamos através de música, arte e paródias.

Todo mundo tinha aquele professor que levava um violão para a sala de aula, criando paródias com os conteúdos, ou aquela “tia” que nos pedia para criar histórias divertidas sobre o que aprendemos, ou dava aquela dica de memorização inesquecível em forma de poesia ou rima.

Segundo Mariale, a importância de aprender pela arte de forma visual e performática é vista quando a integramos à outras matérias, pois a abordagem lúdica e desafiadora torna o aprendizado mais relevante para o jovem.

Para provar seu ponto, ela resolveu fazer uma pesquisa com uma equipe de alunos da universidade onde é reitora, a Johns Hopkins University School of Education. O estudo consistia numa seleção de 20 turmas da quinta série, divididas em dois estudos:

“Dividimos as vinte turmas em duas partes, uma seria designada à aprender ciências de forma integrada com a arte, e outra para aprender de forma convencional e tradicional. Ambas aprenderiam o mesmo conteúdo e fariam as mesmas avaliações finais, além de terem a mesma quantidade de horas para cada aula/atividade.”

O resultado foi exatamente o que Mariale e sua equipe esperavam: os alunos que mais memorizaram o conteúdo (principalmente os que tinham dificuldades com leitura e interpretação) foram os que estavam na parte da turma que aprendeu ciências integrada à arte (confira aqui a pesquisa, em inglês).

A partir destes resultados, podemos listar algumas observações importantes para levar conosco na luta por uma educação melhor:

Por que arte?

1) A arte melhora o engajamento e a atenção dos alunos, logo, é algo essencial no currículo da escola

2) É importante ter professores bem preparados, com suporte teórico e prático para ensinar de forma lúdica não só na aula de artes, mas em todas as disciplinas

3) O desenvolvimento cognitivo em crianças advém de interações sociais, com conhecimento contruído em conjunto com adultos que possam mostrar outros mundos à elas, segundo o psicólogo Lev Vygotsky (1896-1934). E nada mais social do que a própria arte!

4) Aliada à tecnologia, a arte pode se tornar uma experiência ainda mais transformadora, pois supre à necessidade de materiais de qualidade sobre o ensino da música

E você, também acha que a arte tem potencial para transformar a educação? 🙂

Como engajar alunos distraídos em 3 passos

Créditos da imagem: Fotolia

Indisciplina. Faltas. Desinteresse. Conversas paralelas. Essas características são recorrentes nas suas turmas?

Se a resposta for sim, fica claro que é preciso mudar alguma coisa nesse cenário.

Geralmente os alunos que passam pelas situações acima são alunos distraídos, que já carregam esse problema em outras esferas da vida. Basta um pássaro pousar na janela que a aula inteira já foi arruinada para ele.

Mas é possível fazer esses alunos participarem ativamente das aulas  – e não é difícil.

Primeiro, vamos identificar algumas coisas:

  • Será que o problema está apenas no conteúdo?
  • O que você pode estar fazendo errado?

O problema não reside no conteúdo, mas na abordagem. É possível fazer os alunos distraídos se sentirem estimulados com qualquer conteúdo se este for abordado de maneira assertiva, lúdica e interessante.

A chave aqui é captar a atenção e o interesse. E talvez seja aí que a maioria dos professores peca.

Créditos: naturallyhealthyparenting.com

Créditos: naturallyhealthyparenting.com

A questão é que essas situações são comuns, mas fáceis de resolver. Ainda assim, pouca gente sabe sair do famoso “feijão com arroz” nas salas de aula.

Com o guia abaixo, iremos simplificar em alguns passos como você pode engajar os alunos distraídos usando tecnologia:

Os 3 passos para engajar alunos distraídos

Créditos: Annie Tritt for The New York Times

Créditos: Annie Tritt for The New York Times

1) Criar aulas atrativas

Eu tenho certeza que todo professor cria sua aula com carinho e esmero. O problema é que muitos não percebem que os alunos dessa geração se distraem muito mais facilmente devido ao grande número de estímulos advindos do século XXI.

Alunos dessa geração são empurrados para diversas atividades extracurriculares para “ocuparem seu tempo”, não brincam mais na rua e não têm o que fazer em casa. Essa realidade nova (e não necessariamente boa) deve ser pensada na hora de criar as aulas.

Mas o que atrai essa nova leva de estudantes?

Pesquisadores da Uneb investigaram que jogos e videogames são algumas das ferramentas mais atrativas para crianças distraídas e outros garantem que não há oposição entre videogames e aprendizado. O necessário é usá-los de forma correta, pois aprender demanda concentração, tempo e paciência.

As crianças encaram jogos como desafios e apresentam muito interesse em vencê-los. E a medida que ela joga, o interesse vai se convertendo para o conteúdo, o aprendizado e para a proposta pedagógica.

2) Enfatizar a importância das regras

Como citado anteriormente, aprender demanda concentração, tempo e paciência. É o que diz a pesquisadora Angela McFarlane, da Universidade de Bristol (Grã-Bretanha). Ela faz uma analogia com chocolate e brócolis:

Para muitas crianças, aprender é ruim como comer brócolis e jogar é bom como comer chocolate. Mas cobrir o brócolis de chocolate para torná-lo mais atrativo não é a solução, pois elas não vão comer (aprender) do mesmo jeito.

Ou seja, os jogos devem ser planejados para focar no aprendizado e não no entretenimento.

E isso é ainda mais importante tratando-se de crianças indisciplinadas, que não possuem limites e precisam aprender a obedecer as regras.

Uma dica é usar os próprios jogos para transmitir noções de importância sobre as regras. Esse conceito é aprendido enquanto se joga, pois sem seguir as regras os alunos não poderão enfrentar o desafio. O segredo é mostrar que isso se aplica à outras esferas da vida também.

3) Utilizar movimentos a favor da aula

Jovens carregam muita energia, quase sempre acumulada. E quando são distraídos ou indisciplinados, dificilmente param quietos em suas cadeiras. Costumam correr pela sala e conversar com outros alunos.

Essa energia em demasia pode ser um fator distrativo, mas também pode ser trabalhada contra ele.

A energia pode cair como uma luva na hora dos jogos pedagógicos. Levá-las para uma aula ao ar livre ou criar um jogo que demande o movimento delas, como levantar e ir para o quadro escrever algo ou realizar uma mímica são algumas das estratégias possíveis.

Até em jogos digitais a energia é descarregada, uma vez que elas estão trabalhando o cérebro de formas diferentes do habitual – logo, gastarão mais energia resolvendo aqueles desafios.

O professor mexer-se junto pela sala enquanto dá aula também é importante. Um professor estático no canto da sala não chama tanta atenção como um professor que está transitando entre as cadeiras, pois o cérebro dos estudantes é rápido e vai querer acompanhar a agilidade dos movimentos.

Como você lida com a distração de seus alunos?

Compartilhe conosco suas experiências abaixo!