Três Desafios na Implantação de Tecnologias em Escolas
Nos últimos anos, métodos de ensino-aprendizado que beneficiam as particularidades e ritmos de cada aluno em detrimento ao tradicional ensino de massa têm sido desenvolvidos significativamente, proporcionados em especial pela aproximação entre tecnologia e educação no contexto escolar.
Mas apesar do número crescente de projetos implantados em salas de aula, ainda são poucos aqueles que de fato conseguem ser bem-sucedidos e propiciam transformações válidas ao processo educacional.
Isso acontece porque implementar um projeto de tecnologia nem sempre é tão simples, diversos são os fatores que devem ser analisados e verificados para o correto alinhamento dos objetivos pedagógicos de cada escola com as ferramentas digitais escolhidas por elas.
No livro “Os Três Segredos para Transformar sua Escola com Tecnologia” publicado recentemente por Giordano Cabral, professor do Centro de Informática da UFPE, em conjunto com Américo Amorim, mestre em Gestão de Tecnologia também pela Federal de Pernambuco; são relatadas as principais particularidades dessa tarefa.
A obra, direcionada especialmente a diretores e gestores educacionais, reúne as principais vantagens do uso de tecnologias, abarcando, entre outras pautas, as principais decisões envolvidas, um passo-a-passo para implementação e o detalhamento das principais dificuldades percebidas durante esse processo.
A seguir, baseado no conteúdo disposto no livro, você leitor poderá conhecer os três maiores desafios para implementação de tecnologias em escolas, compreendendo assim, as formas mais adequadas para dribla-los.
Desafio 1: Montar uma Infraestrutura adequada
“Provavelmente, a primeira coisa que você deve ter pensado ao ler “infraestrutura” foi em computadores, tablets, lousa digital e internet. Sim, esses itens também devem ser levados em consideração e são os mais usados na hora de implantar a tecnologia educacional na sua escola. Agora, você já parou para pensar em instalações elétricas? Parece óbvio, não é? Mas, na verdade, é aí que os erros podem começar.” Pag.14
Tal como relatado no trecho é natural associarmos durante a implantação de um projeto tecnológico o termo infraestrutura apenas a compra de aparelhos eletrônicos. Esses recursos, porém, carecem de capacidades técnicas adequadas para uma correta instalação. Já imaginou uma sala de informática sem a quantidade de tomadas necessárias? Ou mesmo uma rede de internet que não propicia conectividade de qualidade aos seus usuários?
Embora essas decisões não pareçam em um primeiro momento tão óbvias para o sucesso do projeto, acabam se tornando uma grande dor-de-cabeça mais tarde, com o crescimento dos custos em medidas emergenciais.
É interessante, portanto, que gestores educacionais estejam atentos as capacidades de suporte tecnológico necessárias, de modo que o desenvolvimento dos projetos não seja atrapalhado por aspectos nesse âmbito.
Desafio 2: Qualificar os professores
“Não estamos falando de qualificação no que diz respeito ao funcionamento de tecnologias como tablets e computadores. Não é sobre usar a tecnologia. A formação deve focar no que deve ser feito com essa tecnologia em sala de aula” Pag. 16
A maioria dos professores já está familiarizado com os mais variados tipos de tecnologia, é difícil encontrar hoje em dia profissionais que estejam completamente alheios aos uso desses aparelhos, ou não usufruam dos seus beneficios.
O que se propõe aqui, dessa forma, é uma capacitação direcionada, isto é, o correto alinhamento entre os interesses pedagógicos da escola e dos docentes com a utilização dos recursos tecnológicos disponíveis, desfrutando dessas ferramentas da melhor forma possível.
Afinal, de nada adiantará um material de altíssima qualidade se sua condução em sala de aula não favorecer a exploração adequada das funcionalidades disponíveis. Para isso, professores precisam conhecer por antecedência os recursos digitais empregados, seja por meio de capacitações ou através de alguma estratégia de formação similar, garantindo que o planejamento da aula contemple a total potencialidade dessas ferramentas.
Desafio 3 : Escolha do Material digital
“Infelizmente grande parte das editoras que oferece conteúdo digital faz apenas isso, transforma os livros físicos em versões PDF, o que não muda nada na apreensão do assunto, afinal ele só estará escrito em outra mídia (no tablet e não no papel). Conteúdo vai além disso, é preciso pensar nele como algo atrativo, flexível, de qualidade.” Pag. 17
A escolha do material digital, ademais os desafios já citados é um fator que demanda cuidado. Não significa apenas utilizar o material pedágogico tradicional em formato digital. Livro digital precisa e DEVE ser interativo. Do contrário será apenas uma replicação de material que poderia ser encontrado em formato físico e não promoverá nenhuma vantagem além de diminuir a quantidade peso na mochila do aluno.
Além disso, é necessário que esse material, tal como a capacitação dos professores, esteja dentro das propostas educacionais predefinidas pelas escolas e promova experiências que tornem o aprendizado mais dinâmico e contextualizado, oferecendo também feedback avaliativo.
As ferramentas digitais devem, por primazia, funcionar como entremeio comunicativo na troca de conhecimentos entre aluno e professor.
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Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
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