por Americo N. Amorim | mar 31, 2015 | Inovação no Ensino, Tablets na escola
Existe um cenário recorrente em muitas salas de aula:
O professor está ensinando conteúdos importantes na sala de aula enquanto os alunos que deveriam estar aprendendo se distraem nos aplicativos de mensagens instantâneas, como o chat do Facebook ou o Whatsapp, ou jogando games de entretenimento nos tablets, como Candy Crush e derivados.
O WhatAapp, por exemplo, é o programa de mensagens mais utilizado Brasil, com uma média de 1200 mensagens trocadas por mês pra casa usuário de acordo com o blog VejaIsso.
É necessário mudar as políticas de uso dos dispositivos móveis em sala de aula a fim de evitar distrações. E o mais interessante é que podemos converter esse cenário de forma mais fácil do que parece, segundo a especialista em marketing digital Vanessa Collister.
Como engajar alunos e driblar a distração com aprendizado e produtividade?
O celular, assim como o tablet, é uma ferramenta poderosa que pode ser usada de várias maneiras para cativar a atenção das pessoas. Então por que não tirar o foco dos alunos da distração (mensagens, jogos e aplicativos de entretenimento) com conteúdo educativo nos dispositivos móveis?
A fórmula é simples: se eles estão se ocupando no celular ou tablet com aplicativos e jogos educativos, não poderão usá-lo para entretenimento e troca de mensagens – dessa forma, você converte o celular de inimigo para aliado no ensino.
Encoraje-os a trazer os celular e usá-los para aprender com algumas técnicas:
1. Aplicativos educativos
Existe uma gama de apps voltados ao aprendizado disponíveis no mercado, desde facilitadores no aprendizado de línguas, como o Duolinguo, à plataformas de ensino de música através de jogos, como a Turma do Som. Além de tornar as aulas mais instigantes, conteúdos digitais nas salas de aula garantem um aprendizado ainda mais rápido, com resultados visíveis.
2. Estimular o uso do celular para fazer pesquisas
Por que não fazer uso dos celulares para pesquisas da disciplina? Peça-os para, por exemplo, encontrar histórias sobre o tema ou a resposta para algumas perguntas feitas em sala. Indique sites com dados úteis, mapas, gráficos.Faça competições na própria sala de aula, onde quem responder mais rápido vence. Eles se sentirão estimulados e trocarão na hora o Whatsapppelo o Google.
3. Desafiando “alunos problema”
Quando aquele aluno de comportamento difícil estiver distraíndo os colegas ou paralisando seu próprio aprendizado, faça-o responder alguma questão que está sendo discutida em sala com o auxílio de pesquisas pelo dispositivo móvel. Dessa forma, você vai estar encorajando-o à utilizar o celular para buscar conhecimento em vez de desperdiçar tempo de aula.
4. Usar os celulares para calcular
Hoje em dia, todos os celulares e tablets estão equipados com calculadoras científicas.Use isso à seu favor, pedindo para os alunos realizarem cálculos de forma instantânea para agilizar a resolução de problemas mais elaborados.
Além de estimular o uso saudável dos celulares nas salas de aula, é preciso estabelecer políticas de uso previamente, com regras de como os celulares podem ser usados naquele ambiente e quais as limitações que devem ser obedecidas. O segredo é estabelecer controle, adaptar o uso à favor do aprendizado em vez de proibir e limitar.
Afinal, inevitavelmente, todos os alunos estarão com os celulares na sala de aula. Então, por que não usar esse “instrumento de distração” em ferramenta educadora?
“”Liguem os telefones celulares.” Quando esta for a primeira frase que o professor disser a seus alunos ao entrar na classe, em vez de mandar que os desliguem, a mudança será real. No mundo atual, plenamente digitalizado, a entrada da tecnologia na educação não tem retorno.” – em “Sete motivos para ligar o celular na sala de aula”, por Susana Pérez, do El País.
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | mar 30, 2015 | Geral
Apesar de aparecer no topo dos rankings educacionais internacionais, como o Programme for International Student Assessment (PISA), o sistema educacional da China vem sendo questionado, nos últimos anos, por pesquisadores ao redor do mundo.
Mas por que uma educação que garante resultados está sendo questionada?
Ainda que vários estudantes tenham alto desempenho educacional até mesmo nas áreas rurais e mais pobres, uma coisa chamou atenção dos especialistas: o stress era comum à todas essas crianças.
Vários fatores agravam esse quadro:
- Estudantes chineses passam mais tempo na sala de aula do que a maioria dos estudantes ao redor do mundo, como os britânicos, por exemplo.
- Os dias de aula são maiores até em escolas primárias, onde as crianças ficam na escola de 8h às 15 h, com um intervalo de apenas meia hora para almoço nas grandes cidades como Shanghai e Beijing.
- Os feriados são diminuídos para que elas tenham mais dias de aula.
- Em média, no sistema chinês de educação, os anos letivos costumam ter 245 dias e 175 dias sem aula – 37 dias a menos do que a maioria dos estudantes ao redor do mundo, como no Reino Unido, onde as crianças têm 212 dias de descanso, incluindo férias e feriados.
A rotina escolar fica ainda mais puxada quando as crianças passam para o ensino fundamental, onde a competição para entrar nas melhores escolas de ensino médio (conhecidas como high schools) aumenta a pressão: enquanto os pais investem em aulas de inglês e olimpíadas de matemática, o tempo de aula aumenta paralelamente – os estudantes do ensino fundamental chegam a escola às 7:30h e saem às 16h.
Além disso, 45% das crianças ainda ficam mais 4h na escola para aulas extras de reforço após as aulas – sem falar das tarefas de casa e trabalhos extra classe, quando elas finalmente voltam para casa à noite.
Essa rotina é enaltecida pelos pais, que reconhecem a educação como o mais importante caminho para o sucesso na cultura chinesa. Segundo os próprios estudantes, a influência dos pais, que cultivam altas expectativas em seus filhos de forma que possam realizar neles seus próprios sonhos, é o principal agente motivador dos pupilos chineses.
Em tempo, pesquisadores do Reino Unido e da China acreditam que não existem vantagens em passar tantas horas na sala de aula além de bons resultados em rankings e conhecimento focado apenas em absorver conteúdo.
Faltam habilidades básicas para o século XXI nos estudantes do país asiático, como relacionamentos interpessoais bem desenvolvidos, resolução de problemas e criatividade. Vale a pena uma educação que garante resultados em rankings e testes se ela não estimula a curiosidade, a produção criativa e as habilidades motoras das crianças?
Uma pesquisa do Comitê Científico do Núcleo Ciência Pela Infância (que conta com a USP e a Universidade de Harvard) sobre desenvolvimento infantil afirma que a criança precisa brincar para fazer as sinapses necessárias para um crescimento saudável, garantindo vivências e experiências que garantem um pensamento rápido e resolução de problemas, o que pode ser levado para o futuro:
“Um importante aspecto da experiência do desenvolvimento infantil, do ponto de vista da criança, são as habilidades que ela adquire ao brincar, seja com objetos ou com pessoas. Por intermédio do brincar, já desde os primeiros meses de vida, a criança aprende a explorar sensorialmente diferentes objetos, a reagir aos estímulos lúdicos propostos pelas pessoas com quem se relaciona, e a exercitar com prazer funcional suas habilidades.”
Outro estudo realizado pela Ian Morgan of Australian National University afirma que, devido às longas horas de estudo dentro de sala de aula e poucas horas expostas ao sol do lado de fora, 90% das crianças e jovens asiáticos (incluindo China, Japão e Singapura) estão com altos graus de miopia.
Ou seja, brincar é coisa séria e a educação não pode negligenciar isso.
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | mar 27, 2015 | Inovação no Ensino
Escrever emails de forma apropriada faz parte de uma boa educação digital para crianças!
E também é uma política de uso consciente da internet, garantindo a cidadania digital, como recomenda a Unesco.
Crianças, ainda que nativas digitais, não nasceram sabendo todas as regras e responsabilidades. É preciso ensiná-las.
Assim como elas precisam aprender o que falar ao atender ao telefone, também precisam aprender como escrever da maneira correta nos emails, para se comunicarem com seus professores, colegas e administradores.
Os alunos da professora Silvia Tolisano são terceira séria e receberam a responsabilidade de administrar um email para a turma. Nesse contexto, surgiu o guia abaixo, formulado para garantir uma política de uso saudável para crianças utilizarem emails na escola!
Você pode imprimir e fazer cópias para os seus alunos. Confira:
Uso responsável do email para estudantes
1. Boas Maneiras
- Não use gírias
- Seja educado
- Seja amigável
- Use sempre palavras como “por favor” e “obrigado(a)”
- Inicie seu email com Olá, Oi, ou “Querido(a)”
- Utilize boa gramática e escrita – isso prova que você se importa!
- Cuidado com seus segredos – não diga coisas pessoais em um email compartilhado com várias pessoas!
2. Responsabilidades
- Confira seu email regularmente → Responda o que foi solicitado o mais rápido que puder!
- Nunca abra um email vindo de alguém que você não conhece → Coloque na lixeira ou mostre para um adulto
- Nunca clique em links de emails que você não conhece → Evite hackers, vírus e conteúdos inapropriados
- Use o email da escola para coisas da escola → Não misture os assuntos escolares com conversas pessoais!
- Confira a gramática e a escrita antes de enviar → Causa boa impressão e mostra que você se importa
- Mantenha a caixa de entrada organizada → Não perca emails, seja responsável, exclua o desnecessário
3. Passo a passo para enviar emails
- Coloque o email do seu destinário (pessoa que você vai mandar o email) na caixinha onde está escrito “Para:”
- Onde está escrito “Assunto”, escreva um título sobre o que se falará no email, de forma prática
- Na caixa em branco, digite seu email
- Mande o email clicando em “Enviar”
Fonte: Silvia Tolisano, do blog LangWitches
E você, já se comunica com alunos por email? Comente para nós como é a experiência! 😀
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | mar 26, 2015 | Marketing Escolar
A divulgação da sua escola na mídia local (ou até nacional) parece um sonho?
Para muitos administradores escolares, essa seria a oportunidade perfeita para divulgar a mensagem da escola. Mas muitas vezes essa se perde em virtude da dificuldade que os gestores encontram em lidar com a mídia, seja por falta de experiência ou por más experiências com a imprensa.
Mas a verdade é que investir tempo para lidar com jornalistas pode ser muito vantajoso para fortalecer os relacionamentos com a comunidade local e conseguir divulgar boas histórias sobre a escola.
Repórteres estão sempre buscando a verdade – e também fontes de informação que ajudem a enriquecer seus trabalhos.
É o que afirma Barbara Knisely, porta voz da American Association of School Administrators:
“É importante aprender a receber os repórteres em vez de temê-los. Muitas vezes os gestores estão focados em outros trabalhos e deixam a comunicação em segundo plano, o que não agrega vantagens para a imagem da escola”
Em suma, diretores e administradores não devem temer a mídia, pois é através de noticiários e da televisão que a maioria das pessoas fica sabendo sobre o que acontece em suas cidades – daí a vantagem em engajar a escola na mídia.
Nora Carr, autora do livro “Telling Your Story: A Toolkit for Marketing Urban Education” (cujo título ainda não tem versão em português, mas pode ser traduzido para “Contando sua História: Um guia de Marketing na Educação Urbana), existem estratégias importantes que passam batido por muitos gestores escolares, que são regularmente usadas em outras empresas na hora de criar uma boa imagem e se relacionar com a mídia.
Pensando nisso, Nora ofereceu ao site Education World uma lista de dicas para desenvolver estratégias de marketing e estreitar relações com a imprensa.
10 dicas para a escola se relacionar com a imprensa
1) Tempo é mais importante que dinheiro
Construir uma relação com a mídia local demanda mais tempo do que aparentemente parece, então o ideal é contratar alguém para cuidar do departamento de relações públicas ou designar essa função à outro funcionário, caso o diretor não tenha disponibilidade para isso em meio às suas outras responsabilidades.
2) Faça amigos antes de precisar deles
Conheça bem os repórteres locais antes de querer emplacar uma pauta no jornal – ou antes que alguma crise aconteça na sua escola. A pior hora para conhecer um repórter é quando ele simplesmente aparece estacionado na frente da escola. Networking é importante nessas horas.
3) Seja cordial
Quando receber um ou uma repórter, sente lado a lado e converse de igual para igual, leve para conhecer a escola, pergunte sobre seus prazos, pergunte a melhor hora para ligar – pequenos gestos são importantes.
4) Retorne suas ligações prontamente
Jornalistas trabalham com prazos. Mesmo que você não tenha a resposta para a pergunta em mente naquele exato momento, deixe-o ciente disso e diga que estará trabalhando em conseguí-la.
5) Honestidade é importante
Não espere que só porque você conseguiu noticiar algo bom para a mídia uma vez que ela irá ignorar sua escola quando algo ruim acontecer. Responda tudo com honestidade, independente da situação.
6) Seja prático
Não é necessário ir até as estações de TV no dia de hoje para emplacar uma pauta. A flexibilidade da mídia permite, agora, contato imediato através de emails, telefonemas e até redes sociais.
7) Deixe os funcionários por dentro de tudo
Uma equipe de profissionais bem informada sobre a história e o histórico da escola estará preparada para responder as perguntas de qualquer repórter.
8) Tenha pessoas fora do quadro de funcionários para falar, caso necessário
A visão de pessoas que não trabalham na escola podem ser bastante útil numa reportagem, pois poupa tempo da equipe e agrega credibilidade à mensagem. O interessante é ter alguém que seja familiarizado com a instituição de ensino e tenha, também, jogo de cintura para lidar com relações públicas.
9) Convide a mídia a conhecer a escola virtualmente
A maioria dos jornalistas investiga suas fontes através da internet, ou seja, é importante que o próprio site da escola e as redes sociais tenham um espaço destinado à mídia, como uma aba chamada “Sala de Imprensa” com o contato do departamento de relações públicas. Enviar Newsletters informativos direcionados especialmente para a imprensa também é interessante.
10) Busque ajuda em marketing com profissionais quando precisar
Caso necessário, entre em contato com coaches ou gestores de marketing locais para buscar dicas mais específicas ou negociar orçamentos para uma campanha de marketing. Isso pode ajudar na hora de falar com a imprensa.
Sua escola já saiu na imprensa? Como foi a reportagem? Não deixe de comentar conosco 🙂
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | mar 25, 2015 | Geral
Do que você se lembra quando te perguntam sobre a época da escola?
De questões de provas? Lições de casa? De acordo com a educadora Mariale Hardiman, com certeza não.
Ela defende que o que realmente marca nossa memória escolar são as horas lúdicas, onde aprendíamos através de música, arte e paródias.
Todo mundo tinha aquele professor que levava um violão para a sala de aula, criando paródias com os conteúdos, ou aquela “tia” que nos pedia para criar histórias divertidas sobre o que aprendemos, ou dava aquela dica de memorização inesquecível em forma de poesia ou rima.
Segundo Mariale, a importância de aprender pela arte de forma visual e performática é vista quando a integramos à outras matérias, pois a abordagem lúdica e desafiadora torna o aprendizado mais relevante para o jovem.
Para provar seu ponto, ela resolveu fazer uma pesquisa com uma equipe de alunos da universidade onde é reitora, a Johns Hopkins University School of Education. O estudo consistia numa seleção de 20 turmas da quinta série, divididas em dois estudos:
“Dividimos as vinte turmas em duas partes, uma seria designada à aprender ciências de forma integrada com a arte, e outra para aprender de forma convencional e tradicional. Ambas aprenderiam o mesmo conteúdo e fariam as mesmas avaliações finais, além de terem a mesma quantidade de horas para cada aula/atividade.”
O resultado foi exatamente o que Mariale e sua equipe esperavam: os alunos que mais memorizaram o conteúdo (principalmente os que tinham dificuldades com leitura e interpretação) foram os que estavam na parte da turma que aprendeu ciências integrada à arte (confira aqui a pesquisa, em inglês).
A partir destes resultados, podemos listar algumas observações importantes para levar conosco na luta por uma educação melhor:
Por que arte?
1) A arte melhora o engajamento e a atenção dos alunos, logo, é algo essencial no currículo da escola
2) É importante ter professores bem preparados, com suporte teórico e prático para ensinar de forma lúdica não só na aula de artes, mas em todas as disciplinas
3) O desenvolvimento cognitivo em crianças advém de interações sociais, com conhecimento contruído em conjunto com adultos que possam mostrar outros mundos à elas, segundo o psicólogo Lev Vygotsky (1896-1934). E nada mais social do que a própria arte!
4) Aliada à tecnologia, a arte pode se tornar uma experiência ainda mais transformadora, pois supre à necessidade de materiais de qualidade sobre o ensino da música
E você, também acha que a arte tem potencial para transformar a educação? 🙂
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
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