Crianças engajadas aprendem mais, em projetos de educação com robôs

Crianças engajadas aprendem mais, em projetos de educação com robôs

Com o uso de robôs na educação e sem o uso de telas, nós professores podemos fazer atividades apropriadas a cada faixa etária e que promovam o aprendizado e o desenvolvimento infantil. Um experimento acompanhou uma escola em um conjunto habitacional de baixa renda em Hong Kong, na China, para entender as possibilidades e os desafios da programação de robôs na educação infantil. 

Os pesquisadores queriam descobrir se contar historinhas sobre como programar robôs poderia ampliar seus conhecimentos sobre computação e, dessa forma, atenderia às necessidades de aprendizagem de crianças de famílias de baixa renda.

O experimento foi realizado em diversas etapas:

  • buscaram pesquisas já publicadas sobre robótica na educação;
  • analisaram as atividades gravadas em vídeos;
  • fizeram entrevistas com os professores;
  • avaliaram as crianças no contexto escolar e social;
  • estudaram os efeitos do ensino de robótica.

As evidências mostraram que as crianças que mais interagiram com os robôs se beneficiaram mais das atividades de programação e desenvolveram suas habilidades de autorregulação, especialmente entre aquelas de origens menos privilegiadas.

Uma conclusão muito importante: para trabalhar a robótica, os professores precisam receber formação e apoio continuados, e esse ensino precisa fazer parte de planejamentos pedagógicos bem estruturados. Dessa forma, será possível facilitar e dar apoio à aprendizagem das crianças utilizando os robôs.

Tradução: Danilo Aguiar. Revisão: Américo Amorim. Artigo completo disponível aqui.

Estudantes camponesas inovam com material reciclável na Bolívia

Créditos da imagem: facebook.com/internetdotorg

Semana passada, na Bolívia, duas meninas camponesas conquistaram o primeiro lugar na 4ª Olimpíada Científica Nacional, na categoria de Robótica, por inovarem com a criação de um braço hidráulico feito com material reciclável. O prêmio, que conta com mais categorias como biologia, matemática e informática, foi criado há 4 anos pelo governo plurinacional da Bolívia, a fim de incentivar o uso da tecnologia na educação de crianças e adolescentes.

O projeto vencedor nasceu quando as alunas do sexto ano Esmeralda Quispe e Eirika Mamani, de 12 e 11 anos respectivamente, observaram como funcionava a retroescavadora do campo e assimilaram seu funcionamento com o aprendizado adquirido sobre o funcionamento dos músculos do corpo humano nas aulas de ciências. Com a ajuda do professor da escola, conseguiram descobrir quais seriam os materiais ideais para o funcionamento da peça, que anteriormente seria feita com cartões e fibras.

Construído em três semanas, o braço funciona com água e conta com 19 peças de material reciclável, entre eles madeira, latas, seringas e tubos de soro. O aparato pode simular movimentos tais como esquerda, direita, pra cima e para baixo, abrir e fechar. A escola das meninas, a Unidad Educativa Franz Tamayo, possui apenas 100 alunos e pertence ao pequeno povoado ribeirinho de Ancoraimes, que fica há três horas da cidade de La Paz, capital da Bolívia. Mesmo pequena, agora a instituição ostenta uma medalha nacional.

A conquista de Esmeralda e Eirika viralizou nas redes sociais, mas elas não sabem disso – no povoado em que vivem, não há acesso à internet. Aparentemente isso não as impediu de finalizar o projeto com esmero. Essa história prova que, unida com a educação, a tecnologia pode ser inclusiva – mudando vidas, dando esperanças de um futuro melhor e estimulando a busca por novos horizontes nos jovens, independente do lugar de onde eles vêm.

A sua escola também está construindo novas oportunidades para os alunos?

Fonte: TeleSUR

Fab Lab: Como uma escola pacata fez dar certo!

Impressão 3D para Raspberry Pi: Como a Biblioteca de uma tranquila escola da Florida foi transformada em um Makerspace.

Tradução do artigo publicado por Susan Bearden no EdSurge.com

Em um determinado dia na Academia Episcopal Holy Trinity (na Flórida, nos Estados Unidos) visitantes da biblioteca do ensino fundamental surpreenderam-se ao descobrir que ela tem pouca semelhança com as bibliotecas escolares de anos passados.

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Foto por Judy Houser

Vários alunos de 5ª série sentam nos computadores e desenvolvem etiquetas de bagagem em 3D usando Tinkercad para serem impressas na impressora 3D Makerbot. Sobre as mesas da biblioteca, os alunos estão criando máquinas Rube Goldberg usando peças ou o aplicativo RubeWorks do iPad. A biblioteca é um burburinho de atividades e alunos comprometidos, e de vez em quando se escutam gritos de excitação Quem supervisiona o Makerspace (espaço multidisciplinar de criação) é a bibliotecária Judy Houser, uma educadora veterana que deu o passo visionário de transformar esta biblioteca, uma vez tranquila, em um espaço onde os alunos não só aprendem a amar a leitura, mas também aprendem a explorar, criar e inovar usando uma variedade de ferramentas.

Passo 1: Pesquisa

Incentivado por seu marido para comprar um Raspberry Pi para os alunos usarem, Houser descobriu o movimento Makerspace enquanto pesquisava como incorporar o dispositivo em seu currículo. Intrigada para aprender com outras bibliotecas que tinham incorporado Makerspaces, ela expandiu sua pesquisa. “Era óbvio que um Makerspace em nossa biblioteca poderia proporcionar oportunidades únicas para uma exploração, invenção e colaboração inicial dos alunos”, diz Houser.

Houser começou pela leitura do “Invent to Learn” de Sylvia Martinez e Gary Stager, e participou de um de seus seminários, mas não parou por aí. “Eu pesquisei Makerspaces on-line, visitei outra escola que tinha um Makerspace, e twittei com outros educadores para ajudar. Eu também me conectei com outros Makers pessoalmente e via e-mail, e participei da conferência ISTE de 2014”.
Inspirada pelas possibilidades, Houser abordou alguns pais de alunos arquitetos para ajudar a elaborar um plano para um local da biblioteca. Dentro de alguns meses, o primeiro Makerspace ficou pronto.

Passo 2: Financiamento e Ferramentas

Os fundos para a Makerspace vieram em parte de uma concessão da Harris Corporation, uma empresa de engenharia com base em Melbourne. Além de uma impressora 3D, Houser adquiriu uma placa Raspberry Pi, um kit Makey Makey, circuitos snap, gyrobots, Legos, e uma variedade de materiais de construção para a criação de máquinas de Rube Goldberg. Outros materiais Makerspace incluíram eletrônicos reciclados que os estudantes podiam desmontar e redirecionar, um kit de ferramentas, e vários materiais condutores que podem ser encontrados em qualquer garagem. “Oito colheres antigas e uma Makey Makey, e seus filhos podem fazer uma bela música juntos!” Houser ri.

Passo 3: transformar o ensino

Acrescentar o Makerspace inspirou Houser a ensinar de forma diferente. “Antes, eu podia palestrar e demonstrar durante as aulas na biblioteca”, ela reflete. “Havia uma discussão, mas pouca oportunidade do aprendizado ser orientado pelo aluno – a agenda era normalmente minha.”

Mas com o Makerspace, isso mudou. “Agora, eu ministro aulas acessíveis em uma unidade compartilhada, demonstro algumas técnicas, e, em seguida, permito que os alunos vejam o que mais eles podem fazer acontecer. Eles escolhem o que querem aprender”, explica.

Não são apenas os estudantes que escolhem o que aprender – eles ensinam uns aos outros. Houser diz que com estas novas ferramentas e a atmosfera, os alunos estão “ensinando aos outros, e muitas vezes me ensinando, como colaboradores”, acrescentando que “é cada vez mais comum para os alunos a ajuda de um outro estudante, antes de perguntar para mim. Tivemos muitas oportunidades de aprender com os nossos erros – as crianças entendem que a revisão é uma parte importante do processo de design”.

Estudantes junto a impressora 3D (foto: Judy Houser)

O que a surpreendeu mais sobre o Makerspace, Houser diz, é que ele é um grande equalizador. “Os alunos já não buscam os mais populares, mas os que têm interesses semelhantes ou que tem habilidades que eles querem aprender”, diz ela. Atualmente, as atividades criativas são exploradas por estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental, com planos para incluir o jardim de infância em um futuro próximo.

Passo 4: Olhando para o Futuro

A reação dos pais e estudantes ao Makerspace tem sido extremamente positiva observa Houser, e quando perguntada sobre algumas dicas por outros professores e bibliotecários interessados em criar um Makerspace, Judy sorri. “Primeiro, dê um beijo de adeus a biblioteca calma. Não se sinta intimidado quando adultos entrarem e encontrarem a biblioteca barulhenta – colaboração exige uma comunicação!”

Do ponto de vista prático, Houser recomenda obter o maior número de pessoas engajadas. “Peça aos pais, aos membros de sua equipe de tecnologia ou qualquer outra pessoa disposta a parar e dar uma mão”, diz ela. “Não pense que você tem que ter um espaço perfeito ou que seu Makerspace tem a aparência de outra pessoa. Lembre-se que é sobre o processo e não sobre o produto.”

Outras sugestões incluem ter pais para criar suas próprias contas Tinkercad para que seus filhos possam trabalhar em projetos de impressão 3D a partir de casa e usando Maker e vídeos Rube Goldberg no YouTube para dar inspiração aos seus estudantes. O video “This Too Shall Pass é fenomenal e deve ser assistido”, diz Houser.

Planos futuros para o Makerspace incluem iniciar um trabalho com eletrônicos que podem ser vestidos (wearable) e a adição de um cortador a laser, a ser financiado pelo Associação de Pais da escola. Houser também pediu uma doação para ajudar a financiar um conjunto de classes de littleBits, que são módulos eletrônicos que as crianças podem encaixar para criar circuitos. E enquanto o espaço ainda é tecnicamente uma “biblioteca”, Houser está aberta a futuros desenvolvimentos – especialmente tendo em conta a resposta dos alunos.

“A biblioteca tem sido sempre um lugar popular no campus, mas agora eu tenho que fazer os alunos saírem quando a aula acaba!”, Diz ela.

Texto original, em inglês, por Susan Bearden, publicado em 26 de novembro de 2014, no EdSurge.com