por Americo N. Amorim | abr 6, 2015 | Inovação no Ensino
Raros são os casos onde um profissional bem sucedido, quando perguntado sobre a sua “fórmula para o sucesso”, não se lembra de pelo menos um professor que lhe fez chegar até ali.
A gratidão pelo mestre advém daquela aula marcante, das lições que não se limitavam às paredas da escola, ou simplesmente pelo professor não desistir de seus alunos por mais difícil que fosse.
O que os alunos levam de uma boa educação geralmente está centrado em uma conexão com o professor, que ensinou com paixão e inspiração aquele conteúdo.
Nesse contexto, é importante se perguntar: como um professor atinge seu objetivo com os alunos? quando isso é visível?
A psicóloga especializada em educação Julie DeNeen discorreu sobre 20 hábitos inerentes à educadores de sucesso. Confira abaixo a primeira parte da lista:
Hábitos de um professor bem sucedido
1. Objetivos claros
Como você sabe que está indo na direção certa se não conhece o lugar para onde está indo? No trânsito, você lê as placas, usa mapas e GPS. Na educação, os seus objetivos na sala de aula agem como placas, guiando as aulas e os estudantes para o destino correto.
Seu plano de aula é seu mapa! Fazer um plano não é mecanizar as aulas – é criar o ambiente propício para que o conhecimento e a criatividade aflorem.
2. Senso propositivo
Ninguém é sortudo o suficiente para ser agraciado com dias de trabalho épicos diariamente. As vezes, a vida pode soar mundana e tediosa.
E é aí que os professores com senso propositivo se destacam: eles conseguem ver o cenário da sala de aula além do óbvio, e com esse olhar diferenciado podem passar por cima de dias difíceis, enxergando outras possibilidades.
3. Paciência (ou “sabem esperar o feedback”)
O feedback nem sempre é imediato na educação. Não há nada pior do que planejar uma aula com muito esforço e apenas alguns estudantes entenderem o que foi explicado. É difícil se entregar 100% à um projeto e não ver o resultado instantaneamente.
Por isso os professores bem sucedidos não podem depender de elogios e gratificações rápidas, caso contrário viverão estressados e desiludidos.
Aprendizado, relacionamentos e educação são áreas em que é preciso paciência e esforço para atingir os objetivos, como quem rega e cuida de um jardim – é preciso esperar para florescer.
4. Sabem ouvir, mas também sabem a hora de ignorar
Fazendo gancho com o item acima, o professor bem sucedido também sabe filtrar os feedbacks recebidos.
Um professor que nunca ouver o que os alunos estão dizendo vão, cedo ou tarde, falhar. Mas um professor que sempre escuta também há de falhar.
É preciso balancear e avaliar quando é hora de ouvir os alunos e readaptar os métodos, e quando é hora de dizer não – vendo sempre a situação à longo prazo.
5. Atitudes positivas
Caras fechadas e discursos negativos eliminam qualquer lapso de criatividade que os alunos possam ter, e isso cria um terreno fértil para o medo e o fracasso.
Bons professores são otimistas e têm senso de vitalidade, equilibrados com uma boa energia – positividade é a semente da criatividade, pois apoio é tudo que os alunos precisam para acreditar que seus projetos darão certo.
6. Esperam que seus alunos tenham sucesso
Esse conceito se aplica também para os pais. Estudantes precisam de alguém que acredite neles. Eles precisam que alguém mais velho – e mais sábio – coloque fé em suas habilidades.
Crie expectativas e metas realistas para eles atingirem, e propicie um ambiente onde eles têm o direito de errar. Isso motivará os estudantes a continuar tentanto atingir as metas e expectativas que você criou.
7. Senso de humor
Humor e perspicácia criam uma boa e duradoura imprensão.
Professores bem sucedidos são também bem humorados porque sabem que isso reduz o estresse e a frustração, além de dar às pessoas a chance de enxergar certos contextos a partir de outro ponto de vista. Se você entrevistar mil alunos sobre quem eram seus professores favoritos, aposto que 95% desses professores eram hilários.
8. Sabem elogiar com moderação
Sim, estudantes precisam ser encorajados, mas o real encorajamento não é feito só de elogios.
Não é nada bom aplaudir seus trabalhos quando você sabe que aquilo é apenas 50% do que eles são capazes de fazer.
Se qualquer trabalho é elogiado ou aplaudido, o seu reconhecimento não é tão valioso assim. Quando usado apenas na hora certa, o elogio será muito mais valorizado – e fará com que seus alunos busquem aquilo ainda mais.
9. Sabem correr riscos
Arriscar-se é parte de toda fórmula de sucesso. Riscos são a prova de que você está disposto a tentar coisas novas na sala de aula, e estudantes valorizam essa atitude.
Lidar com crises também é uma forma de ensinar algo à seus alunos. forma como você ensina é tão importante quanto o que você ensina!
10. São consistentes
Ser consistente não significa estar preso à algo, e sim que você fará o que prometeu. Significa não mudar suas regras de acordo com seu humor e garantir que seus alunos confiem em você quando precisarem.
Professores de sucesso sabem quando se desprender de certos métodos, pois permanecer preso a algo que não gera resultados não é consistência – é teimosia.
Você se identifica com essas características? Não deixe de voltar amanhã para ler a segunda parte da lista!
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | mar 31, 2015 | Inovação no Ensino, Tablets na escola
Existe um cenário recorrente em muitas salas de aula:
O professor está ensinando conteúdos importantes na sala de aula enquanto os alunos que deveriam estar aprendendo se distraem nos aplicativos de mensagens instantâneas, como o chat do Facebook ou o Whatsapp, ou jogando games de entretenimento nos tablets, como Candy Crush e derivados.
O WhatAapp, por exemplo, é o programa de mensagens mais utilizado Brasil, com uma média de 1200 mensagens trocadas por mês pra casa usuário de acordo com o blog VejaIsso.
É necessário mudar as políticas de uso dos dispositivos móveis em sala de aula a fim de evitar distrações. E o mais interessante é que podemos converter esse cenário de forma mais fácil do que parece, segundo a especialista em marketing digital Vanessa Collister.
Como engajar alunos e driblar a distração com aprendizado e produtividade?
O celular, assim como o tablet, é uma ferramenta poderosa que pode ser usada de várias maneiras para cativar a atenção das pessoas. Então por que não tirar o foco dos alunos da distração (mensagens, jogos e aplicativos de entretenimento) com conteúdo educativo nos dispositivos móveis?
A fórmula é simples: se eles estão se ocupando no celular ou tablet com aplicativos e jogos educativos, não poderão usá-lo para entretenimento e troca de mensagens – dessa forma, você converte o celular de inimigo para aliado no ensino.
Encoraje-os a trazer os celular e usá-los para aprender com algumas técnicas:
1. Aplicativos educativos
Existe uma gama de apps voltados ao aprendizado disponíveis no mercado, desde facilitadores no aprendizado de línguas, como o Duolinguo, à plataformas de ensino de música através de jogos, como a Turma do Som. Além de tornar as aulas mais instigantes, conteúdos digitais nas salas de aula garantem um aprendizado ainda mais rápido, com resultados visíveis.
2. Estimular o uso do celular para fazer pesquisas
Por que não fazer uso dos celulares para pesquisas da disciplina? Peça-os para, por exemplo, encontrar histórias sobre o tema ou a resposta para algumas perguntas feitas em sala. Indique sites com dados úteis, mapas, gráficos.Faça competições na própria sala de aula, onde quem responder mais rápido vence. Eles se sentirão estimulados e trocarão na hora o Whatsapppelo o Google.
3. Desafiando “alunos problema”
Quando aquele aluno de comportamento difícil estiver distraíndo os colegas ou paralisando seu próprio aprendizado, faça-o responder alguma questão que está sendo discutida em sala com o auxílio de pesquisas pelo dispositivo móvel. Dessa forma, você vai estar encorajando-o à utilizar o celular para buscar conhecimento em vez de desperdiçar tempo de aula.
4. Usar os celulares para calcular
Hoje em dia, todos os celulares e tablets estão equipados com calculadoras científicas.Use isso à seu favor, pedindo para os alunos realizarem cálculos de forma instantânea para agilizar a resolução de problemas mais elaborados.
Além de estimular o uso saudável dos celulares nas salas de aula, é preciso estabelecer políticas de uso previamente, com regras de como os celulares podem ser usados naquele ambiente e quais as limitações que devem ser obedecidas. O segredo é estabelecer controle, adaptar o uso à favor do aprendizado em vez de proibir e limitar.
Afinal, inevitavelmente, todos os alunos estarão com os celulares na sala de aula. Então, por que não usar esse “instrumento de distração” em ferramenta educadora?
“”Liguem os telefones celulares.” Quando esta for a primeira frase que o professor disser a seus alunos ao entrar na classe, em vez de mandar que os desliguem, a mudança será real. No mundo atual, plenamente digitalizado, a entrada da tecnologia na educação não tem retorno.” – em “Sete motivos para ligar o celular na sala de aula”, por Susana Pérez, do El País.
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | mar 27, 2015 | Inovação no Ensino
Escrever emails de forma apropriada faz parte de uma boa educação digital para crianças!
E também é uma política de uso consciente da internet, garantindo a cidadania digital, como recomenda a Unesco.
Crianças, ainda que nativas digitais, não nasceram sabendo todas as regras e responsabilidades. É preciso ensiná-las.
Assim como elas precisam aprender o que falar ao atender ao telefone, também precisam aprender como escrever da maneira correta nos emails, para se comunicarem com seus professores, colegas e administradores.
Os alunos da professora Silvia Tolisano são terceira séria e receberam a responsabilidade de administrar um email para a turma. Nesse contexto, surgiu o guia abaixo, formulado para garantir uma política de uso saudável para crianças utilizarem emails na escola!
Você pode imprimir e fazer cópias para os seus alunos. Confira:
Uso responsável do email para estudantes
1. Boas Maneiras
- Não use gírias
- Seja educado
- Seja amigável
- Use sempre palavras como “por favor” e “obrigado(a)”
- Inicie seu email com Olá, Oi, ou “Querido(a)”
- Utilize boa gramática e escrita – isso prova que você se importa!
- Cuidado com seus segredos – não diga coisas pessoais em um email compartilhado com várias pessoas!
2. Responsabilidades
- Confira seu email regularmente → Responda o que foi solicitado o mais rápido que puder!
- Nunca abra um email vindo de alguém que você não conhece → Coloque na lixeira ou mostre para um adulto
- Nunca clique em links de emails que você não conhece → Evite hackers, vírus e conteúdos inapropriados
- Use o email da escola para coisas da escola → Não misture os assuntos escolares com conversas pessoais!
- Confira a gramática e a escrita antes de enviar → Causa boa impressão e mostra que você se importa
- Mantenha a caixa de entrada organizada → Não perca emails, seja responsável, exclua o desnecessário
3. Passo a passo para enviar emails
- Coloque o email do seu destinário (pessoa que você vai mandar o email) na caixinha onde está escrito “Para:”
- Onde está escrito “Assunto”, escreva um título sobre o que se falará no email, de forma prática
- Na caixa em branco, digite seu email
- Mande o email clicando em “Enviar”
Fonte: Silvia Tolisano, do blog LangWitches
E você, já se comunica com alunos por email? Comente para nós como é a experiência! 😀
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | mar 25, 2015 | Geral
Do que você se lembra quando te perguntam sobre a época da escola?
De questões de provas? Lições de casa? De acordo com a educadora Mariale Hardiman, com certeza não.
Ela defende que o que realmente marca nossa memória escolar são as horas lúdicas, onde aprendíamos através de música, arte e paródias.
Todo mundo tinha aquele professor que levava um violão para a sala de aula, criando paródias com os conteúdos, ou aquela “tia” que nos pedia para criar histórias divertidas sobre o que aprendemos, ou dava aquela dica de memorização inesquecível em forma de poesia ou rima.
Segundo Mariale, a importância de aprender pela arte de forma visual e performática é vista quando a integramos à outras matérias, pois a abordagem lúdica e desafiadora torna o aprendizado mais relevante para o jovem.
Para provar seu ponto, ela resolveu fazer uma pesquisa com uma equipe de alunos da universidade onde é reitora, a Johns Hopkins University School of Education. O estudo consistia numa seleção de 20 turmas da quinta série, divididas em dois estudos:
“Dividimos as vinte turmas em duas partes, uma seria designada à aprender ciências de forma integrada com a arte, e outra para aprender de forma convencional e tradicional. Ambas aprenderiam o mesmo conteúdo e fariam as mesmas avaliações finais, além de terem a mesma quantidade de horas para cada aula/atividade.”
O resultado foi exatamente o que Mariale e sua equipe esperavam: os alunos que mais memorizaram o conteúdo (principalmente os que tinham dificuldades com leitura e interpretação) foram os que estavam na parte da turma que aprendeu ciências integrada à arte (confira aqui a pesquisa, em inglês).
A partir destes resultados, podemos listar algumas observações importantes para levar conosco na luta por uma educação melhor:
Por que arte?
1) A arte melhora o engajamento e a atenção dos alunos, logo, é algo essencial no currículo da escola
2) É importante ter professores bem preparados, com suporte teórico e prático para ensinar de forma lúdica não só na aula de artes, mas em todas as disciplinas
3) O desenvolvimento cognitivo em crianças advém de interações sociais, com conhecimento contruído em conjunto com adultos que possam mostrar outros mundos à elas, segundo o psicólogo Lev Vygotsky (1896-1934). E nada mais social do que a própria arte!
4) Aliada à tecnologia, a arte pode se tornar uma experiência ainda mais transformadora, pois supre à necessidade de materiais de qualidade sobre o ensino da música
E você, também acha que a arte tem potencial para transformar a educação? 🙂
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | mar 23, 2015 | Inovação no Ensino
Créditos da imagem: filehippo.com
Você consegue imaginar uma escola que não divide o ensino em disciplinas específicas, como matemática, história e biologia?
Ela está prestes a existir. E se você acha que é uma ideia de eficácia questionável, pense de novo, pois este futuro modelo advém do país com um dos melhores sistemas de educação do mundo: a Finlândia.
Com posições de topo em matemática, línguas e ciências no ranking PISA da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, o país é referência para educadores de todo o mundo, que vêem a Finlândia como exemplo e tentam adaptar seu ensino aos valores do país nórdico.
Mas, como podemos ver, a Finlândia não descansa nos próprios méritos e mais uma vez resolveu inovar seu sistema de ensino.
Agora, a mais nova revolução na educação finlandesa consiste em abolir o tradicional ensino por disciplinas e substituí-lo pelo ensino através de tópicos.
Disciplinas como Literatura Inglesa e Física já foram eliminadas das turmas de alunos com 16 anos (que seriam do ensino médio aqui no Brasil) na capital Helsinque.
Em vez disso, os estudantes finlandeses estão aprendendo “fenômenos”, ou seja, vêem em uma única aula toda a aprendizagem englobada em economia, história, línguas e geografia, etc.
A ideia desse novo sistema visa evitar a maior angústia dos estudantes no mundo inteiro: “Qual o sentido de aprender isso? Em que esse aprendizado pode servir?”
Agora, cada matéria está ancorada à sua razão de ser aprendida.
Helsinque, a capital da Finlândia. (Créditos: Viagem Fotos)
Mas o novo sistema é polêmico:
Para o desenvolvedor do projeto Pasi Silander, o mundo mudou muito com o desenvolvimento da tecnologia e a maioria dos antigos métodos de ensino do passado não possui mais nenhum propósito prático.
“Jovens usam computadores com tecnologia avançada diariamente. No passado, por exemplo, os bancos tinham diversos funcionários somando contas, mas agora isso não é mais necessário – tudo mudou”
Entretanto, muitos professores na Finlândia estão em oposição ao futuro modelo. Não é difícil entender seus motivos: a maioria desses professores ensinou apenas uma disciplina durante toda a sua carreira, e com esse tipo de sistema eles seriam forçados a trabalhar de forma colaborativa e interagir de maneiras totalmente diferentes do usual, a fim de criar um novo currículo juntos.
Marjo Kyllonen, gestora de educação de Helsinque e principal responsável pela reforma do sistema na capital, considera esse novo modelo como um “co-ensino”.
Kyllonen afirma que as escolas que estão ensinando da forma antiquada:
“O ensino que era benéfico no começo dos anos de 1900 não é o mesmo que se ajusta às necessidades do século XXI.”
O novo sistema já está sendo testado na capital, mas ela afirma que a intenção dos responsáveis é tornar o sistema vigente em todo o país até o ano de 2020.
Será que os outros países do mundo também vão seguir os passos da Finlândia? E você, concorda com esse novo conceito educacional?
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
Comentários