por Americo N. Amorim | jun 12, 2019 | Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações, Matemática, Pesquisas em educação, Sem categoria, Traços, sons, cores e formas
Quando se é criança, aprender a ler usando dois alfabetos diferentes é uma tarefa complicada. Para entender como isso acontece, um estudo realizado em Hong Kong, na China, examinou se jogos criados com tangram chinês servem para medir as habilidades de processamento visual de crianças chinesas que aprendem inglês como segunda língua.
Pontos principais
Pais: Crianças desenvolvem habilidades visuais e de leitura/escrita com mais facilidade brincando com jogos de tangram.
Professores: Alunos(as) ficam mais preparados(as) para reconhecer e reproduzir formas geométricas enquanto reforçam o aprendizado da escrita.
Gestores escolares: O tangram pode gerar resultados positivos em diferentes plataformas – seja com as peças em mãos ou em jogos como os do Escribo Play.
Metodologia
Os pesquisadores criaram cinco jogos baseados em tangram e testaram em um grupo de 102 de crianças na educação infantil, todas com idades entre 4 e 5 anos e aprendendo inglês como segunda língua. Cada jogo observava a capacidade de:
- replicar de imediato esquemas de tangram;
- guardar na memória e depois replicar esquemas;
- identificar e separar peças de tangram iguais em um tempo cronometrado;
- observar um esquema de tangram e copiá-lo à mão numa folha de papel;
- reconhecer quais imagens (por exemplo, animais ou objetos) formam certo esquema.
Análises
Os professores avaliaram o desenvolvimento das habilidades motoras e visuais de cada criança. Depois, analisaram os resultados dos jogos. Num segundo momento, avaliaram o nível de leitura e escrita. Então, cruzaram os dados de todas essas variáveis.
Resultados
Ficou evidente que os jogos de tangram são instrumentos poderosos para facilitar o aprendizado de leitura e escrita entre as crianças – principalmente os jogos que pediam para que o estudante replicasse as formas do tangram. O resultado das crianças neste tipo de jogo permitiu que os pesquisadores previssem a evolução das habilidades visuais-ortográficas e de identificação de palavras em chinês e inglês.
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Tangram na prática
O tangram pode ser jogados até mesmo antes das crianças aprenderem a ler e escrever, já que tem uma mecânica simples. Pais e professores podem aproveitar os jogos de tangram do aplicativo Escribo Play para brincar com as crianças e deixá-las mais ágeis no reconhecimento visual das formas, letras e palavras em português.
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Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
por Americo N. Amorim | abr 12, 2019 | Conhecer-se, Escuta, fala, pensamento e imaginação, Explorar, Língua Portuguesa, Pesquisas em educação, Políticas Públicas, Traços, sons, cores e formas
Olá! Tudo bem? Temos uma ótima notícia. Instituída na última quinta-feira (11), a Política Nacional de Alfabetização (PNA) vem com a proposta de combater os índices de analfabetismo no Brasil – tanto para quem não saber ler nem escrever (absoluto) quanto para quem tem baixa capacidade de leitura e compreensão (funcional). Segundo dados da Prova Brasil, 66% dos alunos brasileiros terminam o ensino fundamental sem o aprendizado mínimo desejado para a Língua Portuguesa. Nesse contexto, listamos cinco grandes avanços do documento – e outros dois que merecem a nossa atenção.
1. Incentivo ao uso de evidências científicas
A PNA deixa muito claro, já no primeiro artigo, que vem para melhorar o aprendizado de leitura e escrita com base em evidências científicas, assim teremos projetos que valorizem as descobertas feitas através de pesquisas. Poderemos criar estratégias que otimizem os recursos para alfabetização e tragam resultados mais efetivos para o aprendizado das crianças, como ressaltado pela especialista em políticas educacionais Ilona Becskehazy.
2. Escolas são livres para se adequar à PNA
A PNA institui que não é obrigatória: os municípios e demais entes governamentais poderão aderir à política se julgarem que os programas e projetos serão benéficos para suas escolas e estudantes.
3. Liberdade para escolher o método de alfabetização
Outro ponto positivo é que o documento não impõe que as escolas adotem um método de ensino específico. Pelo contrário, ela valoriza os vários métodos e indica os principais tópicos que devem ser trabalhados através deles para fortalecer o aprendizado das crianças. É uma maneira de respeitar a proposta pedagógica de cada rede escolar.
4. Abordagens reconhecidas no mundo todo
A Política Nacional de Alfabetização dá ênfase a seis tópicos essenciais para a alfabetização: consciência fonêmica; instrução fônica sistemática; fluência em leitura oral; desenvolvimento de vocabulário; compreensão de textos e produção de escrita. Com reconhecimento no mundo inteiro, os componentes trazem consensos científicos atuais sobre as melhores práticas educacionais para se aprender a ler e escrever desde a educação infantil.
5. Metas e avaliações de aprendizagem serão a regra
Em relação à implementação da PNA, os projetos que serão apoiados por ela terão metas claras de aprendizagem, o que é muito importante para que sejam efetivos. Ela também vai privilegiar o desenvolvimento e o uso de instrumentos de avaliação para acompanharmos a evolução dos alunos e se eles estão caminhando para atingir os objetivos.
O que vem por aí
Conforme notado pela educadora Claudia Costin, não existem menções direta à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no documento. Na visão de Ilona, o detalhamento dos objetivos de aprendizagem e demais detalhes da política ainda serão divulgados e devem contemplar a Base.
A política também define o uso de materiais didáticos de forma ampla, e nos próximos documentos serão especificados tanto os mais tradicionais, como livros e jogos tangíveis, como o uso de tecnologia (jogos digitais, por exemplo). Esses materiais digitais deverão estar aprovados pelo Guia de Tecnologias Educacionais, lançado pelo Ministério da Educação em 2018.
A Política Nacional de Alfabetização é o primeiro passo para fortalecer o aprendizado de leitura e escrita. Agora, é preciso que a sociedade – escolas, cientistas e empreendedores – se mobilize para desenvolver, implementar e avaliar projetos que sejam efetivos para as crianças. É hora de executar.
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Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
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