Quando ouvimos a palavra “erro”, geralmente pensamos que ela implica uma série de coisas ruins: falhas, julgamentos, impossibilidades.
Mas, muitas vezes, esses erros acontecem apenas porque estamos iniciando algo, dando os primeiros passos e experimentando coisas novas. Nesse contexto, o campo de possibilidades para quem está “errando” é muito mais positivo.
A mestra em educação com ênfase em tecnologia Silvia Tolisano acredita que os erros cometidos ao integrar tecnologia na sala de aula acontecem principalmente pela falta de experiência com a tecnologia dentro do ambiente escolar.
Silvia listou, então, o 5 erros mais comuns que costuma ver, ouvir e ler a respeito quando viaja pelo mundo para trabalhar com escolas, professores e alunos ao redor do globo:
1. Quando a tecnologia não tem propósito
A intenção da tecnologia na educação é atingir objetivos que, sem ela, seriam impossíveis ou muito mais difíceis.
É preciso que ela tenha propósito e planejamento e não seja usada por usar. Quando ela se torna apenas uma substituta de algo que já era feito normalmente pelos alunos, a tecnologia é subutilizada e não agrega nada de novo.
2. Quando a tecnologia é usada como passatempo
Silvia conta que já viu professores que permitiam os alunos acessarem programas, aplicativos e a internet em geral apenas como um “prêmio” por terem feito algum trabalho ou para passar o tempo enquanto a aula não termina.
Isso descaracteriza o uso da tecnologia como ferramenta educadora e tira do aluno as chances de aprender com ela, caindo no senso comum de que a tecnologia só pode ser usada como entretenimento.
3. Quando a tecnologia é vista como uma matéria à parte
O correto seria que a tecnologia fosse integrada ao currículo de todas as matérias, e não vista como uma matéria isolada.
Entretanto, em vez de ser um usada como um caminho para ensinar e aprender, muitas vezes é usada como parte de uma aula de informática separada, onde alunos ficam passando o tempo nos iPads e praticando digitação.
Enquanto alunos precisarem esperar um dia na semana para ver tecnologia apenas no laboratório com horário reservado, os projetos digitais nunca serão implantados como devem, diariamente, na rotina do aprendizado.
4. Quando a didática não condiz com a tecnologia
Segundo o autor Alan November, o real problema com tecnologia na escola não é adicioná-la à sala de aula, mas mudar a cultura de ensino e aprendizado dos professores.
Para November, a tecnologia nas mãos de alguém que não sabe ensinar é apenas um lápis de mil dólares, pois de nada adianta um bom material tecnológico sem alguém que saiba ensinar com ele.
Ainda que existam diversos aparelhos na sala de aula, não existe educação sem bons (e bem treinados) professores que possuam técnicas e estratégias de ensino.
5. Quando a tecnologia é vista, sozinha, como catalisador da motivação
É verdade que os alunos se sentem mais motivados e instigados a aprender com tecnologia, mas sem um professor que guie as diretrizes daquele projeto educacional, essa energia se dissipa.
“Os aparelhos não fazem nada sozinhos”, afirma Silvia.
A realidade é que os alunos ficam engajados com a tecnologia na sala de aula, mas é preciso uma estratégia pedagógica que suporte essa motivação, como uma espécie de plano que conecte a tecnologia com as metas de ensino.
Sem elas, os estudantes estarão motivados apenas pelos aparelhos, e não pelo aprendizado.
Conhece outro erro que possa contribuir com a lista? Não deixe de comentar!
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
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