Você conhece a Síndrome de Burnout? O termo foi cunhado nos anos 1970 pelo psicólogo americano Herbert Freudenberger. Ele descrevia o Burnout como consequência do alto nível de estresse e excesso de expectativas sofrido por pessoas em profissões que envolviam assistência à terceiros – como os professores. Nas últimas décadas, a comunidade psicológica vem focando seus estudos para compreender a síndrome de Burnout nos docentes.
Atualmente entende-se a Síndrome de Burnout como uma reação do organismo às pressões sofridas na profissão. Apesar do amor pelo ofício pedagógico, muitos professores sofrem deste mal devido às cobranças (que vêm de todos os lados) e às condições de trabalho precárias, como falta de infraestrutura e salários baixos.
Essas situações estressantes vão evoluindo – primeiro, o profissional se sente sob pressão, depois se sente exausto, vazio, e finalmente esgotado psicologicamente, sem conseguir lidar com o trabalho. O Burnout se manifesta à longo prazo, quando o profissional possui mais demandas do que o possível ou quando é subestimado na empresa, e pode ser notado quando a convivência com os colegas é marcada por conflitos.
É preciso observar os professores: eles estão negligenciando suas necessidades pessoais para se comprometer ao trabalho? Essa pode ser a raíz do problema. Confira abaixo os sintomas da Síndrome de Burnout, de acordo com o psicólogo David Ballard para a revista Forbes:
1. Exaustão
Um sinal claro do Burnout é quando o professor se sente cansado o tempo todo. A exaustão pode ser mental, emocional ou física – como se o profissional não tivesse mais o que oferecer. Pessoas afetadas pela Síndrome de Burnout sentem suas energias drenadas, o que provoca essa exaustão. Além do cansaço e da sensação de sobrecarga decorrentes da falta de energia, sintomas físicos como dor no estômago ou no intestino também costumam se manisfestar.
2. Falta de motivação
Outro sintoma é quando o profissional não se sente entusiasmado para nada, ou não encontra mais motivos para realizar aquele trabalho. A falta de motivação também se manifesta quando o professor já não encontra forças para levantar de manhã, e parece muito difícil até mesmo arrastar-se para a sala de aula diariamente.
3. Frustração, cinismo e emoções negativas
Quando sofre de Burnout, o professor não sente que seu trabalho importa ou vale alguma coisa. É como se tudo em seu ofício fosse uma grande desilusão. Nessas situações eles se sentem pessimistas o tempo inteiro – a sensação de fracasso é constante. Começam a achar qualquer coisa relacionada ao trabalho altamente frustrante e negativa. Ainda que seja comum sentirmos emoções negativas e frustrações na vida profissional de tempo em tempo, é importante perceber quando elas estão deixando de ser ocasionais e virando rotina.
4. Problemas Cognitivos
O estresse crônico causado pelo Burnout interfere nas habilidades do professor em se concentrar e prestar atenção no que está fazendo. Quando estressado, a atenção do indivíduo é direcionada aos elementos negativos que o indivíduo reconhece como ameaça. Até um certo ponto isso pode ser bom para reconhecermos que há algo errado ao redor, mas quando isso se prolonga por extensos períodos, o estresse acaba se tornando crônico, e o foco direcionado apenas para as coisas negativas dificulta a percepção do profissional em ver outras perspectivas, afetando suas habilidades em resolver problemas e tomar decisões, prejudicando até a memória, visto que não há espaço no cérebro já alienado para lembrar de coisas diferentes.
5. Queda no desempenho
Uma maneira efetiva de identificar o Burnout em um educador é comparando o desempenho de seu trabalho atual com o desempenho de trabalhos anteriores. O motivo: a síndrome se estabelece durante um longo período de tempo. Através dessa comparação de períodos, é possível identificar se o profissional está apenas numa má fase ou se ele se encontra num quadro de Síndrome de Burnout.
6. Problemas nas relações interpessoais
Este sintoma costuma aparecer de duas formas possíveis: a) Quando o profissional está enfrentando mais conflitos com outras pessoas (como discussões) do que o normal, ou b) O profissional se retrai, falando cada vez menos com as pessoas ao seu redor, se afundando na própria presença – como se mesmo fisicamente presente, ele não estivesse lá.
7. Ausência de cuidados pessoais
Algumas pessoas adotam hábitos nada saudáveis para tentar lidar com o Burnout, como beber e fumar demais, consumir café exageradamente para ter energia, alto nível de sedentarismo e ingestão de comidas calóricas como fast foods. Em casos mais extremos, o profissional chega à nem comer e não dorme as horas suficientes. Outro problema decorrente da ausência de cuidados pessoas é a auto-medicação, que pode acarretar ainda mais danos para a saúde de quem sofre com a síndrome de Burnout.
8. Preocupações com o trabalho… fora do trabalho
Outro sintoma da Síndrome de Burnout é quando apenas o pensamento de como será difícil o dia seguinte na sala de aula já deixa o professor estressado e sem energia, mesmo que esse pensamento venha quando ele está em casa ou em algum momento pessoal. O cansaço mental é tanto que nem nas horas de descanso, destinadas à se recuperar do estresse diário, o profissional consegue se desligar da ideia negativa que tem de seu trabalho.
9. Satisfação reduzida
A tendência é que o professor afetado pela Síndrome de Burnout sinta-se cada vez mais infeliz e insatisfeito com sua carreira, levando essa insatisfação para sua vida pessoal dentro de casa. Ele pode sentir a clássica sensação de “peixe fora d’água”, desmotivado demais para participar de qualquer discussão ou conversa à respeito do que acontece em sua casa, sua região, suas atividades sociais.
10. Problemas de saúde
Além da ausência de hábitos saudáveis, outro sintoma da Síndrome de Burnout é, após um longo período de tempo, desenvolver problemas sérios de saúde em decorrência do estresse crônico, como complicações intestinais e digestivas, doenças no coração, depressão e obesidade.
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Se você reconhece mais de três sintomas acima nos professores de sua escola ou em si mesmo, o Dr. Ballard recomenda que o indivíduo atingido pela síndrome leve o relaxamento mais a sério, seja com a meditação ou através de atividades como escutar música, ler um livro ou caminhar, e realmente reservar um tempo do seu dia para isso. O importante é ter tempo para fazer o que gosta.
Outra dica de como enfrentar o Burnout é cultivando hábitos e paixões fora do âmbito profissional, como ginástica, trabalho voluntário ou culinária. Além de desafiadora, tal atitude vai instigar a pessoa a se conhecer mais, descobrindo novos prazeres que lhe relaxem, permitindo que ele finalmente se desligue das questões relacionadas ao trabalho.
Dicas mais simples como preservar suas horas de sono e dormir o suficiente, se organizar, manter-se atento aos assuntos que lhe dizem respeito e focar mais em si do que nos outros também são válidas de pôr em prática. Caso o docente continue sofrendo ou não apresente melhora (nem vontade de melhorar), é o caso de se buscar ajuda profissional com psicólogos.
Você já teve alguma experiência com a Síndrome de Burnout para compartilhar conosco?
Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
Nossa isso tudo estou passando!!! Não sabia disso, uma colega que me falou sobre essa síndrome. Realmente não consigo voltar para o meu trabalho e eu não sei o que está acontecendo comigo pois eu não sou assim. Isso me entristece ainda mais.
Nesse caso, é importante buscar ajuda profissional. Esperamos que dê tudo certo para você!