Professores devem encarar suas salas de aula como templos de efervescência intelectual. É lá onde seus alunos aprenderão diversos valores e conteúdos importantes para seus respectivos futuros em desenvolvimento.
Assim, é importante garantir que aquele ambiente seja de fato um catalisador do aprendizado.
Ensinar e aprender não podem ser eventos isolados – é preciso interação entre educador e educando, desenvolvimento de competências em conjunto e construção de conhecimento do mundo aliada ao autoconhecimento – que envolve curiosidade, autenticidade e afeto.
Pensando nesse contexto, o educador Terry Heick resolveu listar todas as características de uma sala de aula producente, que produz resultados efetivos de um bom aprendizado.
A intenção é que a lista sirva de termômetro ou checklist para você avaliar e refletir sobre a sua própria sala de aula:
Quando uma aula é produtiva e o aprendizado, efetivo?
1. Quando os alunos fazem perguntas – boas perguntas
Perguntas são cruciais para o processo de aprendizado acontecer.
O papel da curiosidade foi estudado o suficiente para sabermos que, se um estudante entra em processo de aprendizado sem nenhuma curiosidade natural para saber o que lhe espera naquele conteúdo, não espere que ele interaja com o material e faça as atividades.
Ditar como o aluno deve aprender, esperar respostas únicas e imutáveis e pensar sempre em preto e branco, esquecendo a criatividade, são alguns vícios que podem matar a curiosidade do aluno e consequentemente sua vontade de aprender.
Se os alunos não conseguem criar boas perguntas, alguma coisa está errada.
2. Quando as perguntas são tão valiosas quanto as respostas
“Questione tudo” é a máxima da filosofia. É questionando que descobrimos o mundo e nos conectamos com várias realidades. Faz sentido que perguntas guiem o aprendizado – elas fazem o conteúdo fluir para direções novas e por isso devem ser valorizadas.
Estimule questionamentos de forma criativa, faça listas, instigue a curiosidade – o interesse pelas aulas vai aumentar drasticamente.
3. Quando as ideias vêm de fontes divergentes
Ideias para atividades, leituras, testes e projetos devem vir de vários lugares. Se todas as ideias partem de um só ponto de vista, sua aula estará fadada à inercia, onde apenas uma direção é apontada.
Instigar que os alunos pesquisem e vejam o mundo por ângulos distintos é uma alternativa interessante – deixe-os buscar fontes em suas próprias comunidades e círculos de convívio, mas também fora de suas zonas de conforto. Que tal trazer para sala de aula um convidado com ideias inovadoras?
É interessante um debate onde duas fontes discordam, pois é esse tipo de divergência que encaramos no mundo real.
4. Quando há variedade nos modelos de ensino utilizados
As possibilidades de inovar passando o conteúdo são infinitas: projetos de audiovisual, aprendizado via conteúdo digital, desafios com jogos, intercâmbio de conhecimentos com outras salas.
O importante é não engessar a sala de aula num modelo tradicional onde o aluno apenas ouve o que o professor fala. Adaptar a aula para determinado conteúdo é possível e interativo, garantindo engajamento, como professores que usam música para ensinar fórmulas ou jogos para ensinar matemática.
É uma característica de uma sala de aula efetiva haver diversidade, o que exige do professor a capacidade de se autodescobrir e reeinventar-se, aprendendo sempre.
5. Quando o conhecimento trespassa as paredes da sala de aula
Este ponto é óbvio: se os alunos irão deixar as salas de aula em algum momento, o conhecimento precisa ultrapassar igualmente aquele ambiente físico.
É essencial refletir sobre literatura e química, mas as fórmulas e autores do arcadismo precisam ter importância prática na vida desses alunos – e isso é perfeitamente possível.
A química está em todas as coisas que eles consomem, o que pode ser um gancho na hora de ensinar, e ideias árcades como “cortar o inútil” (inutilia truncat na literatura, que visava erradicar os exageros e simplificar as coisas) podem ser muito úteis na vida dos estudantes à medida que eles amadurecem.
O segredo é abordar o conteúdo da forma certa.
6. Quando o aprendizado é personalizado de acordo com a classe
Não é preciso ter muita sensibilidade para entender que cada aluno é diferente, de forma que toda sala de aula também será. Isso exige que o professor saiba adaptar suas aulas para à realidade daquela escola, daquela classe, daqueles alunos.
Ainda que aprendam o mesmo conteúdo, os perfis são diferentes – e assim devem ser as aulas.
7. Quando as avaliações são autênticas e transparentes – não punitivas
Segundo as pedagogas Ana Paula Martins e Natália Luiza da Silva, aprendizagens significativas são aquelas reflexivas, construídas ativamente pelo aluno e auto-reguladas. Conhecer, segundo essa nova visão, significa interpretar e relacionar.
Podemos dividir o processo de avaliação autêntico e significativo em dois momentos:
Democratização dos sistemas educativos
A avaliação poderá impulsionar a aprendizagem, se praticada segundo uma concepção formativa ou um elemento desmotivador, se for meramente classificatória. Nesse sentido, as práticas avaliativas tanto podem ser utilizadas a favor da efetiva democratização quanto para uma exclusão mascarada (uma exclusão por dentro do sistema).
Desenvolvimento das teorias de currículo
É preciso um novo modelo curricular, cujos princípios são: todos podem aprender; os conteúdos devem ser desafiadores, orientados para a resolução de problemas e para processos complexos do pensamento; deve haver igualdade de oportunidades; criação de hábitos de reflexão e atitudes favoráveis à aprendizagem; socialização dos alunos às disciplinas acadêmicas.
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Américo é doutor em educação pela Johns Hopkins University. Pesquisador em educação, fundou a Escribo onde trabalha com as escolas para fortalecer o aprendizado das crianças.
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